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23 de mai. de 2011

O homem como predador

A Alimentação no Período Pré-agricultural

 O Homem como Predador (caçador, coletor e pescador)

Lucy*, descoberta na parte oriental da Etiópia, viveu há  cerca de 3 milhões de anos atrás. Após “Lucy”, outros humanóides mais antigos foram descobertos, mas ela continua a ser um marco e a mais famosa. Ela pertenceu a pré-humanidade. O primeiro homem europeu humano veio bem depois, numa vizinhança, através do homem de Tautavel, há aproximadamente 400.000 anos atrás.


Nosso ancestral direto, semelhante a nós em todos os aspectos, o “Homo Sapiens” viveu há cerca de 40.000 anos atrás. Aproximadamente a mesma idade em que o homem pré-histórico chegou ao nordeste do Brasil, embora alguns autores prefiram dados referentes há 16.000 anos atrás. Independente dessas datações, esses homens viveram de plantas selvagens, coletadas em seus ambientes naturais. Eles caçaram, coletaram plantas comestíveis, pescaram e fizeram ferramentas e instrumentos adaptados a essas atividades. Eles pesquisaram as plantas comestíveis, estabelecendo, experimentalmente, as diversas finalidades alimentícias e medicinais.

 
O grande jogo da caça contribuiu de maneira a moldar a organização social da espécie humana, e a cozinha manteve os povos unidos em torno das fogueiras, fazendo com que a comida se tornasse um dispositivo social. Por isso,  a necessidade de procurar por madeira ocupou um papel importante na evolução bio-cultural do homem.

Ferramentas de aquisição

 Essa terminologia aplica-se às ferramentas do período pré-agricultural, que eram usadas na coleta de “comida selvagem”. Essas ferramentas incluíam varas para remover a terra, bastões para bater em frutas nas árvores, cavaletes para coletar plantas, arpões, anzóis de pesca, dardos, armadilhas e ferramentas para matar os animais durante as caçadas.

Complexos alimentares

Para se alimentar, eles tinham que comer produtos alimentares que contivessem nutrientes. Esses nutrientes eram açúcares (carbonos hidratados), proteínas (compostos de nitrogênio) e lipídios (gordura), como também micro-nutrientes (minerais e vitaminas) e fibras. Essas necessidades nutricionais foram quantificadas através de estudos atuais, por nutricionistas, que analisaram a dieta daqueles homens. Concluíram que a dieta média recomendada (em função do clima, estrutura física dos seres humanos, habitat, etc), deveria ser, na Europa, de 2.500 calorias contendo 55% de açúcares, 15% de proteínas e 30% de lipídios. A combinação de espécies que eram coletadas, caçadas, pescadas, cultivadas ou deixadas por animais domesticados, para fornecerem ao homem uma dieta nutricionalmente balanceada, é chamada de "complexo alimentar". O homem, aprendeu muito cedo, a combinar esses nutrientes, de modo a obter os resultados necessários e adequados à sua dieta alimentar.

A emergência da comida cozida

Os produtos alimentares podem ser comidos de três diferentes maneiras: cru, cozido ou fermentado. A bebida alcoólica dos índios brasileiros era feita com a fermentação do aipim pela saliva, ou, atualmente, o "aluá", fermentado com abacaxi. O antropólogo francês, Claude Levi-Strauss, definiu a "comida cozida", como "Comida cultural". Mas existem várias maneiras de cozinhar...

Um passo muito importante foi dado quando o homem "não estava mais satisfeito" com os assados ou grelhados, cozidos no calor seco ou na chama, então ele inventou a cozinha com fogo brando. Esta cozinha de fogo brando, possibilitou uma maior diversidade de refeições e sabores, assim como a mistura de comidas na mesma refeição.

Cozinha com meios naturais

 Sopas, cereais assados, mingaus, massas assadas (mingaus finos assados) foram as primeiras formas de alimentos baseados em plantas. Continuam a ser assadas até hoje, diferindo apenas no conteúdo e no modo de preparo. 

Cozinhando em pedra quente

A cozinha é muito mais antiga que a agricultura. O homem cozinhou os alimentos selvagens antes de cozinhar ao alimento agriculturalmente produzido. Na era neolítica a revolução culinária precedeu a revolução agricultural.


Potes e depósitos

A cerâmica, pratos para sopa quente, “pot-au-feu” (pote-no-fogo), uma sopa francesa, de carne com vegetais cozida em fervura lenta.

Recipiente de cerâmica pré-histórica

 O homem como caçador ou coletor precisava de recipientes para coletar, transportar, preservar, cozinhar e comer. Os primeiros recipientes usados foram as conchas marinhas, cascas de árvores, etc.

Panela de pedra

A última novidade em material de pote, feito de argila cozida, à prova d’água e que podia ser levado ao fogo, foi a invenção mais preciosa da culinária. Esses artefatos são de grande valor científico, porque podem identificar e caracterizar culturas arqueológicas. Com o desenvolvimento da agricultura, a cerâmica tornou-se muito importante. No entanto as primeiras fazendas continuassem a usar depósitos de pedra. O homem usou primeiro todos os depósitos que a natureza pode proporcionar, para cozinhar e para preservar os alimentos. Um animal pode ser cozido em sua própria carcaça, um molusco em sua concha e, uma mistura de diferentes alimentos numa concha. Mas, sem sombra de dúvidas, a cerâmica proporcionou os depósitos ideais para os alimentos , além de desenvolver as técnicas culinárias.

 * O nome “Lucy” é devido ao fato de seus descobridores estarem ouvindo no rádio, no momento da descoberta, a canção “Lucy in the sky with diamonds” (Lucy no céu com diamantes).
Moacyr Mallemont Rebello Filho