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14 de jun. de 2011

Conheça Imperatriz, no Maranhão

Ao final da tarde de 16 de julho de 1852, num baixão frente a uma pequena ilha, na margem direita do rio Tocantins, uma tribo Timbira vê assustada a chegada de uma embarcação que aporta na embocadura do rio Cacau.
A curiosidade dos índios permanece até o dia seguinte, quando descem da embarcação seus ocupantes, que lhes trataram amistosamente e distribuem presentes. No comando, o carmelita frei Manoel Procópio do Coração de Maria, baiano de nascimento, incumbido pelo então governador da Província do Pará, Jerônimo Francisco Coelho, de fundar uma povoação na divisa com o Maranhão. Saíra de Belém em companhia de Juvenal Simões de Abreu e Zacarias Fernandes da Silva e suas respectivas famílias. Todas as despesas pagas pelo Tesouro da Província do Pará.

Carismático, frei Manoel Procópio conquistou com facilidade a confiança dos indígenas e logo construiu uma capela, dando início à catequese dos índios. Iniciou-se aí a povoação de Santa Teresa, assim nominada por Frei Manoel Procópio em homenagem à Teresa d'Ávila, santa espanhola da qual era devoto.
O povoado crescia rapidamente. A presença e a idealização de frei Manoel Procópio encorajavam os empreendimentos, sobretudo as culturas agrícolas, a formação de fazendas e a construção de pequenas estradas.
Depois de dois anos, no entanto, os governos das províncias do Maranhão e Pará chegaram a um acordo sobre a limitação de suas áreas e, através da Lei nº 772, de 23 de agosto de 1854, o vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense.
Nessa época, a nova povoação começava a receber imigrantes. O comércio de peles, da produção agrícola e outras riquezas naturais atraíram muitas famílias. Por falta de mão de obra, os habitantes tentaram a escravizar os índios, gerando muitos conflitos e lutas sangrentas, o que foi contornado por frei Manoel Procópio.

Prefeitura Municipal de Imperatriz.

Portal de entrada da AMAZONIA em Imperatriz.
A Vila

O crescimento e o ponto geográfico favorável motivaram a elaboração da povoação à categoria de Vila, em 27 de agosto de 1856, quatro anos depois da chegada de Procópio. A elevação de Santa Teresa à categoria de Vila entusiasmou seus habitantes, que vislumbravam rápido crescimento e aceleração de seu progresso.
Em seu livro "O Sertão", a historiadora Carlota Carvalho diz que a Vila de Santa Teresa possuía nessa época uma única rua, de oitenta e quatro casas, parte coberta de telhas, edificadas ao longo do rio, que terminava num largo ou praça esboçada com poucas casas, um quadrilátero onde havia a igreja Matriz.
Mas a condição de Vila dada a Santa Teresa revoltou a povoação de Porto Franco, pois seus habitantes não aceitavam permanecer na condição de povoado enquanto sua vizinha e recém-formada Santa Teresa conquistara a condição de Vila.

Av. Beira Rio (Antes da Reforma).


Cais do Porto (Balsa).

Foram três anos de intensas disputas políticas. E por força política, a Lei Provincial nº 524, de 9 de junho de 1859, mudou a sede da Vila para Porto Franco e Santa Tereza voltou a ser povoação. Lutador pelo progresso da terra, frei Manoel Procópio recebe a ajuda do coronel Amaro Baptista Bandeira e dos capitães Didier Baptista Bandeira, Atanazio Manoel Parente, Domingos Pereira da Silva e outros, além do apoio das câmaras municipais de Carolina, Boa Vista (Tocantinópolis) e Chapada (Grajaú). Firmam compromisso de construírem, com recursos pessoais, uma casa destinada à Câmara Municipal (naquela época não havia prefeito, quem dirigia a vila era o presidente da Câmara), quartel, fórum, como também a conclusão da Igreja Matriz que havia sido ameaçada mas estava paralisada, condições exigidas para reconquistar o posto.
Com todo esse apoio e ainda sob a proteção da imperatriz Teresa Cristina, foi firmado um compromisso com o presidente da Província do Maranhão e, através da Lei Provincial nº 631, de 5 de dezembro de 1862, a povoação de Santa Teresa passou a chamar-se Vila Nova da Imperatriz, em homenagem à sua real protetora.

Afirma a historiadora Carlota Carvalho que nessa época, apesar de sucessivos avanços e recuos, a Vila fez comércio bem desenvolvido e teve a oportunidade de tornar-se sadia, bizarra e confortável e fazer boa estrada.
Veio então o período do caucho, com a descoberta da árvore que o produz - a castilhoa - através dos irmãos Pimentéis e o reconhecimento do que eram pelo ex-sargento Francisco Coelho. A notícia da nova riqueza provocou intensa movimentação no porto e aumentava a cada dia o comércio da Vila, trazendo gente de todo o Brasil e uma onda de imigrantes de todo o Nordeste e cidades do Maranhão buscam a região. Foi a primeira grande implosão de progresso de Imperatriz.
Nesse primeiro período de vida, Imperatriz caracterizou-se pela marcante figura de frei Manoel Procópio, que depois de concretizar a fundação da povoação e vê-la tornar-se Vila, retornou para sua terra, a Bahia, deixando Imperatriz entregue aos seus habitantes.


Vista Aéria de Imperatriz


Vista Aéria de Imperatriz

Política e Administração
A história política de Imperatriz é marcada por conturbações e tragédias. O município esteve sob interventoria durante 15 anos ininterruptos. Além disso, a cidade carrega sob si o peso do descaso do governo do Estado desde seu início. Por sua distância da Capital, Imperatriz sempre se viu marginalizada pelos governantes maranhenses, que não lhe dedicavam a atenção condigna de sua importância. Em conseqüência disso, durante muito tempo foi chamada de "Sibéria Maranhense".
O primeiro prefeito de Imperatriz foi Gumercindo de Sousa Milhomem, que assumiu o cargo tão logo a Vila tornou-se cidade, em 1924. Foi substituído por Manoel Rolim da Rocha, que permaneceu até 1930, deixando o cargo em função da revolução. Assumiu como prefeito revolucionário Antonio Araújo, que teve como maior preocupação a normalização da situação do Município. Este passou o cargo a Martimiano Miranda, que traçou o plano de construção da rodovia MA-70, ligando Imperatriz a Santa Luzia. Deixou o cargo, no entanto, em 1933, sem que seu projeto fosse levado à frente.

Fortunato Bandeira foi o substituto de Miranda, mas não teve boa atuação e o povo se revoltou, embora Fortunato, quando Imperatriz ainda era Vila, fora um Intendente com boa atuação. Novamente assume a prefeitura Gumercindo Milhomem. Foi sucedido por José Manoel Alves Júnior, de Pindaré Mirim, que passou mais tarde o cargo a um seu conterrâneo, Antonio Miranda. Com um governo curto, foi sucedido por Leandro Nunes Bandeira. Em seguida, assumiu Urbano Rocha, que antes das eleições de 1945 passou o cargo a Félix Garcia de Oliveira. Até então, os prefeitos não haviam sido escolhidos pelo voto da população.
Em 1945, foi eleito Simplício Alves Moreira. No mandato seguinte, ocupou a Prefeitura novamente Urbano Rocha. Em sua gestão, Imperatriz comemorou seu centenário e ganhou iluminação elétrica. Urbano Rocha foi assassinado. Segundo sua esposa, Augusta Rocha, por seus inimigos políticos. O assassinato de Urbano Rocha aconteceu em 2 de junho de 1953. Tomou posse, então, o vice-prefeito Simplício Moreira. Este inaugurou a rede de energia elétrica, que estava prestes a ser inaugurada antes do assassinato de Urbano. Simplício estimulou a educação, construiu estradas - uma delas a carroçável até Grajaú, ligando a cidade ao restante do Estado, e adquiriu o primeiro caminhão para a prefeitura. Em seguida, assumiu a Prefeitura Antenor Fontenele Bastos, que imediatamente construiu a praça da Concórdia, frente ao então prédio da Prefeitura. A praça depois passou a chamar-se Castelo Branco, depois praça da Cultura e atualmente praça Renato Moreira, enquanto o prédio da antiga prefeitura é hoje o Paço da Cultura José Sarney - sede da Academia Imperatrizense de Letras. Antenor renunciou ao cargo e assumiu Raimundo de Morais Barros. Em 1961, João Menezes de Santana assumiu, mas em 25 de maio de 1964 foi cassado pelo governo militar.
Após a cassação de João Menezes, Imperatriz foi governada pelo vice-prefeito, até janeiro de 1965, assumindo nessa época o presidente da Câmara de Vereadores, Álvaro Álvares Pereira. Este governou até 18 de abril de 1967, quando entregou o cargo ao interventor Raimundo Bandeira Barros.
Dez meses depois houve eleições, quando foi eleito o coronel Eurípedes Bernardino Bezerra. Três meses depois da posse; no entanto, Eurípedes Bezerra, por divergências políticas com os vereadores, renunciou. O vice-prefeito, Raimundo Souza e Silva, assumiu então o cargo. Concluiu a praça Castelo Branco e abriu o bairro Nova Imperatriz, hoje um dos mais populosos da cidade.
Em 31 de janeiro de 1970, tomou posse Renato Cortez Moreira assume o cargo de prefeito. Seu vice, Dorgival Pinheiro de Sousa, foi assassinato em 1971. Moreira foi sucedido por José do Espírito Santo Xavier, que em novembro do mesmo ano em que tomou posse, 1973, cassado, entregou o cargo ao interventor Antonio Rodrigues Bayma Junior. Este passou a chefia do Executivo ao também interventor tenente-coronel Carlos Alberto Barateiro da Costa, que por sua vez o entregou a Elbert Leitão Santos, o último da série de interventores dos anos 70.

Nas eleições de 1976 foi eleito prefeito o médico Carlos Gomes de Amorim, que governou de 1977 a 1983. Sucedeu-o José de Ribamar Fiquene, que completou seu mandato em 1988. Eleito no ano anterior, Davi Alves Silva assume o cargo em 1989 e termina seu mandato em 1992, quando elege seu sucessor, o ex-prefeito Renato Cortez Moreira. Este, porém, é assassinado em outubro de 1993, assumindo o cargo o vice-prefeito, Salvador Rodrigues. Acusado de malversação, Salvador é afastado em janeiro de 1995, após o movimento chamado "Revolução de Janeiro", quando a sociedade civil imperatrizense promoveu uma grande manifestação, ocupou a Prefeitura e exigiu da governadora Roseana Sarney a intervenção no município. O empresário Ildon Marques de Souza foi nomeado interventor, permanecendo até abril de 1996. Dorian Meneses sucedeu-o como interventor, entregando o cargo em 1º janeiro de 1997 ao próprio Ildon Marques, na condição de prefeito eleito. Em outubro de 2000, o então deputado estadual Jomar Fernandes foi eleito prefeito, cargo que já assumiu em 1º de janeiro de 2001.
Metrópole

Atualmente, próxima de completar 150 anos, a Imperatriz de frei Manoel Procópio tem menos de 10% do seu território original. Dela desmembraram-se, ao longo desse tempo, os municípios de Montes Altos, João Lisboa, Açailândia, Cidelândia, São Francisco do Brejão, Vila Nova dos Martírios, São Pedro d'Água Branca, Davinópolis e Governador Edison Lobão. Sua população atual é de 225.399 habitantes (IBGE, 1998). É a mais importante cidade do interior do Maranhão e está classificada entre as 100 mais populosas cidades do Brasil.
É o maior centro de abastecimento regional e prestação de serviços, influindo fortemente na economia do norte do Tocantins, sul do Pará e de todo o Estado do Maranhão

Infra estrutura

O município de Imperatriz-MA reúne, hoje, uns dos melhores conjuntos de infra-estrutura do país para receber investimentos fabris, considerando-se que:


a) Conta com uma subestação de energia elétrica, com potencial de 600 MW, possibilitando excelente qualidade de fornecimento para o consumidor;

b) Detém excelente potencial hidrográfico, sendo banhada por vários rios, sendo o Tocantins o principal, com extensão de 2.850km, possibilitando integração multimodal;

c) Conta com as rodovias BR-010 (Belém-Brasília), BR-226, BR-222, e ainda com a MA-122, MA-123 e MA-280, além da ferrovia Norte-Sul, que faz conexão com a Ferrovia de Carajás;

d) É a principal cidade num raio de aproximadamente 600 quilômetros, mantendo influência no sul do Pará, Norte do Tocantins e Sul do Maranhão. Dista 630km de São Luís-MA, 570km de Belém-PA, 800km de Teresina-PI, 600km de Palmas-TO. É o ponto de referência para distribuição de produtos para a região Tocantina;

e) O seu Plano Municipal de geração de empregos e renda está homologado pelo Conselho Estadual do Trabalho, o que vem contribuindo para a qualificação profissional, o desenvolvimento de atividades produtivas e a utilização de matéria-prima local, resultando na melhoria de renda per capita municipal;

f) A atual administração municipal tem seu eixo na transparência administrativa e participação popular para agilizar e melhorar a qualidade de seus serviços à população.
Portanto, movido por este momento ímpar em sua história, Imperatriz agradece sua visita, na certeza de estarmos caminhando para uma feliz cidade.




Infra-Estrutura Urbana

Água e Esgoto


No município, o abastecimento de água potável e esgotamento está sob a responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Maranhão-CAEMA. O percentual da população atendida pelo serviço é de 90%, sendo que os povoados e o Conjunto Habitacional Nova Vitória, são abastecidos por poços artesianos.


Energia Elétrica

Atualmente o município conta uma subestação elétrica de 600 MW, possibilitando qualidade de energia elétrica para o consumidor.


Limpeza Urbana

O coleta do lixo é feita por caminhões compactadores e atende a 80% da área do município
com o seu destino final adequado.
 Bandeira


A Bandeira de Imperatriz foi idealizada pelo pintor Etevaldo Moreno de Araújo; guarda as proporções da Bandeira Brasileira e divide-se em três faixas no sentido longitudinal, sendo a superior amarela, a inferior verde e a central branca. Nesta há um triângulo azul e no seu centro uma coroa amarela.
O triângulo representa as três forças vivas da comunidade.
Agricultura e Pecuária; Comércio e Indústria; Educação e Cultura.
A coroa simboliza a realeza que o nome "Imperatriz" inspira.


Bandeira do Maranhão


Bandeira de Imperatriz

Significado das Cores Amarelo - significa as riquezas da terra, principalmente o arroz.
Branco - A paz, a harmonia, a concórdia
Verde - As matas do município
Medidas: 1,60 x 1,12, o que corresponde a 2½ panos (dois panos e meio) 




Folclore



O Auto do Bumba-Meu-Boi
Os brancos trouxeram o enredo da festa; os negros, escravos, acrescentaram o ritmo e os tambores; os índios, antigos habitantes, emprestaram suas danças. E a cada fogueira acesa para São João, os festejos juninos maranhenses foram-se transformando no tempo quente da emoção, da promessa e da diversão. É nesta época de junho, que reina majestoso o Bumba-meu-boi.
   
O auto popular do Bumba-meu-boi conta a estória da Catirina, uma escrava que leva seu homem, o nego Chico, a matar o boi mais bonito da fazenda para satisfazer-lhe o desejo de grávida: comer língua de boi. Descoberto o malfeito, manda o Amo (que encarna o fazendeiro, o latifundiário, o "coronel" autoridade) que os índios capturem o criminoso, que, trazido à sua presença, representa a cena mais hilariante da comédia (e também a mais crítica no sentido social). Para ressuscitar o boi, chama-se o doutor, cujos diagnósticos e receitas estapafúrdias ironizam a medicina. Finalmente, ressurgido o boi e perdoado o negro, a pantomima termina numa grande festa cheia de alegria e animação, em que se confundem personagens e assistentes.
Com traços semelhante aos dos autos medievais, a brincadeira do Bumba-Meu-Boi existe em outras regiões do País, mas só no Maranhão tem três estilos, três sotaques, e um significado tão especial. É mais que uma explosão de alegria. É "quase uma forma de oração", servindo como elo de ligação entre o sagrado e o profano, entre santos e devotos, congregando toda a população.
O Bumba-Meu-Boi, na verdade, nasce de pagamento de uma promessa feita ao "glorioso" São João, mas nas festas juninas maranhenses também se rendem homenagens a São Pedro e São Marçal.
   
Tambor de Crioula A tradição do Tambor de Crioula vem dos descendentes africanos. É uma dança sensual, excitante, que apresenta variantes quanto ao ritmo e a forma de dançar, e que não tem um calendário fixo, embora seja praticada especialmente em louvor a São Benedito.
 
É dançado apenas por mulheres, que fazem uma roda, em cujo centro evolui apenas uma delas. O momento alto da evolução é a "punga" ou umbigada. A punga é uma forma de convite para que outra dançarina assuma a evolução no centro da roda.
O Tambor de Crioula é ritimado por 3 tambores, que recebem os nomes de grande ou roncador (faz a marcação para a punga), meião ou socador (responsável pelo ritmo) e pequeno ou crivador (faz o repicado).

Tambor de Mina


Festa religiosa dos negros Gege-Nagôs, mantida pelos seus descendentes. É o equivalente maranhense do Candoblé da Bahia.
Os instrumentos usados são os tambores: grande ou "rum", médio ou "glupi", menor ou "rumpli" e agogô, além de cabaça com rede de contas. O número de componentes varia de 25 a 40, e a roupa dos brincantes é de tecido de algodão branco enfeitado de rendas da mesma cor. Como adorno, usam vários colares coloridos, de acordo com o santo a que homenageiam. 



Lenda do Milagre de Guaxenduba
Conta-se que, no principal e decisivo confronto entre portugueses e franceses, travado em 19 de novembro de 1614, diante do Forte de Santa Maria de Guaxenduba, já se tornava evidente a derrota dos lusitanos, por sua inferioridade numérica em homens, armas e munições.
Apesar de lutarem, iam-se arrefecendo os ânimos dos soldados de Jerônimo de Albuquerque. Mas eis que surge, entre eles, uma formosa mulher em auréola resplandecente. Ao contato de suas mãos milagrosas, transforma-se a areia em pólvora e os seixos em projéteis. Revigorados moralmente e providos das munições que lhes estavam faltando, os portugueses impõem severa derrota aos invasores, a quem só restou o recurso da rendição.
Em memória deste feito, foi a Virgem aclamada padroeira da cidade de São Luís do Maranhão, sobre a invocação de Nossa Senhora da Vitória.
O Padre José de Moraes, em "História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará" (1759), demonstra a antigüidade desta lenda, escrevendo: "Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por tradição) que a virgem Senhora foi vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo tempo de combate".

Lenda da Carruagem de Ana Jânsen

No século 19 viveu em São Luís a Senhora Dona Ana Joaquina Jânsen Pereira, comerciante que, tendo acumulado grande fortuna, exerceu forte influência na vida social, administrativa e política da cidade.


Era voz corrente, então, que Donana Jânsen - como era comumente chamada - cometia as mais bárbaras atrocidades contra seus numerosas escravos, os quais, submetia a toda sorte de suplícios e torturas em sessões que, não raro, terminavam com a morte. 


Alguns anos após o falecimento de Donana, passou a ser contada na cidade a fantástica estória, segundo a qual, nas noites escuras das sextas-feiras, boêmios e noctívagos costumam deparar com uma assombrosa e apavorante carruagem, em desenfreada correria pelas ruas de São Luís, puxada por muitas parelhas de cavalos brancos sem cabeças, guiados por uma caveira de escravo, também decapitada, conduzindo o fantasma da falecida senhora, penando, sem perdão, pelos pecados e atrocidades, em vida, cometidos.

Quem tiver a infelicidade e a desventura de encontrar a diligência de Donana Jânsen e deixar de fazer uma oração pela salvação da alma da maligna senhora, ao deitar-se para dormir, receberá das mãos de seu fantasma uma vela de cera. Esta, porém, quando o dia amanhecer, estará transformada em descarnado osso humano.
Lenda da Serpente da Ilha

Submersa nas águas que circundam a Ilha de São Luís, continuamente cresce, enquanto dorme, camuflada pelo limo e pelo musgo grudados sobre suas grossas escamas.

Ninguém sabe por quanto tempo esse animal dormirá. O certo, porém, é que chegará o dia em que, findo o processo de crescimento, a cabeça desse monstro encontrará a ponta de sua própria cauda. 


Nesse dia, para desgraça dos habitantes de São Luís, essa fenomenal criatura acordará. Então, produzindo rugidos ensurdecedores, soltando enormes labaredas pelos olhos e pela boca, abraçará a Ilha com força descomunal e, com fúria diabólica, a arrastará para as profundezas do mar, afogando, de maneira trágica, todos os habitantes da ilha.