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16 de jun. de 2011

A incrível criatividade para adaptar animais e plantas

A INCRÍVEL CRIATIVIDADE DA NATUREZA PARA ADAPTAR ANIMAIS E PLANTAS

Por Eduardo Kato, biólogo e professor de Gestão Ambiental do INPG

A cada momento, podemos constatar fatos incríveis e fantásticos que falam da capacidade de adaptação de animais e plantas ao ambiente com o objetivo de, simplesmente, continuar a viver.
Estas adaptações tem lógica e bom senso e são o resultado da aplicação de princípios matemáticos, de física e de química.

Vejamos algumas:

Observando ao animais que vivem nas regiões polares (regiões onde as temperaturas ambiente são constantemente situadas baixo de 0 oC (zero), notamos neles uma série de adaptações que tem o objetivo de promover a manutenção da temperatura corpórea constante e em níveis apropriados para a vida normal. Notamos, por exemplo, a presença de uma espessa camada de tecido adiposo (gorduroso) freqüentemente associada à presença de uma pelagem densa e espessa, a presença de pescoço e apêndices (patas) curtos (redução da área exposta aos ventos frios e á água gelada) e um metabolismo adaptado para gerar maior quantidade de energia para manter a temperatura. Como exemplos temos os ursos polares, as focas, as morças e os pinguins.

No caso inverso, quando observamos animais que vivem em climas muito quentes (África) percebemos outras formas de adaptação, desta feita adequadas para dissipar mais facilmente o calor do corpo. As girafas tem as pernas e o pescoço enormes que facilitam a dissipação de calor (apresentam maior área para a troca de calor). Os formidáveis elefantes africanos tem suas enormes orelhas percorridas por um sistema de vasos sangüíneos intensamente subdividido fato que ajuda especialmente na tarefa de promover o resfriamento do sangue a cada abanada das orelhas.
Muitas aves de rapina (gaviões, águias) que se alimentam de cobras venenosas, são pernaltas de tal forma que a picada dos répteis, mesmo que atinjam as longas pernas cobertas de escamas (parte situada abaixo das coxas). Estas aves mergulham quase que verticalmente sobre suas vítimas, surpreendendo-as e depois de cravarem suas garras no corpo da presa, rapidamente atingem a cabeça da vítima com bicadas fatais, quase sem correr o risco de serem picadas pelas cobras, tendo o corpo afastado do perigo de picadas venenosas graças as longas pernas "blindadas".

A maioria das aves que nadam (patos, cisnes) contam com um sistema de impermeabilização natural da superfície das penas que cobrem o corpo. Próximo a região da cauda, na parte superior, existe uma glândula que secreta uma substância gordurosa impermeabilizante que é retirada pelo animal com a ajuda do bico e distribuída homogeneamente sobre a superfície das penas (principalmente da parte inferior do corpo). A impermeabilização da camada superficial externa faz reter uma camada de ar entre as penas, reduzindo a densidade total destas aves, fazendo a ave flutuar. Se um pato tiver lavada a parte inferior do corpo com um forte detergente não conseguirá flutuar sobre a água até que ele mesmo reconstitua a camada natural de impermeabilização.
As plantas naturais dos desertos contam com interessantes adaptações para resistir ao perigo da desidratação pela ação do calor. Normalmente, as folhas das plantas são responsáveis pela perda de água por evaporação - assim, quanto mais folhas, maior a perda d'água.
A perda d'água deve ser minimizada à qualquer custo no deserto, e para isto, os cactos transformaram suas folhas em grandes espinhos que também protegem a planta do ataque de certos animais herbívoros. E vejam só, mais uma adaptação - a fotossíntese nos cactos é realizada pela clorofila presente no caule (caule verde) dos cactos.
Bons observadores notaram que sob as árvores que produzem a manga (mangueiras), pouquíssimas plantas conseguem se estabelecer. Uma substância (hormônio vegetal) eliminada através das folhas da mangueira e lavada pelas chuvas fica acumulada no solo sob a mangueira e inibe a germinação e o desenvolvimento da maioria das outras plantas. Esta situação garante a mangueira a que os nutrientes presentes no solo não sejam consumidos por concorrentes.

Por Eduardo Kato, biólogo e professor de Gestão Ambiental do INPG