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18 de set. de 2011

Terra: 7 Bilhões de habitantes...lotou?



Um menino pobre que deve nascer em outubro, em Uttar Pradesh, na Índia, imprimirá um novo marco na história: será o sétimo bilionésimo habitante do planeta. O expresso Terra está lotado, mas é preciso dar "mais um passinho à frente" para acomodar 9 bilhões em 2030. Como vamos fazer isso?



Trem de peregrinos durante um feriado islâmico, em Tongi, Bangladesh. O país é o sétimo mais densamente povoado do mundo e um dos mais ameaçados pelas mudanças climáticas: em um território de 144 mil km2 (equivalente ao do Estado do Amapá) vivem 164 milhões de pessoas.
Se o gênio da lâmpada de Aladim aparecesse para o economista carioca Sérgio Besserman Vianna, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro, e concedesse a realização de um desejo em prol da sustentabilidade do planeta - um apenas -, o pedido seria o seguinte: "Acesso à informação e ao conhecimento sobre planejamento familiar para mulheres. Não há nada mais capaz de mudar o mundo do que a consciência das mulheres sobre o número de filhos que desejam criar."

Não por acaso, uma mudança global será deflagrada por um filho que deverá nascer em 31 de outubro de 2011, na Índia. Nesse dia, os demógrafos do Population Reference Bureau, em Washington, projetam a chegada de um menino especial, filho de uma família pobre do Estado de Uttar Pradesh: o sétimo bilionésimo habitante do planeta. Todas as estatísticas convergem: o país tem o maior número de nascimentos no mundo - 27 milhões por ano -, a zona rural de Uttar Pradesh é o seu motor demográfico e a incidência natural de nascimentos por sexo, na região, favorece os meninos. Em 2018, a Índia deterá o controvertido título de país mais populoso do mundo, à frente da China.

Não haverá uma estrela guia no céu para anunciar a importância simbólica desse nascimento. A ultrapassagem do limiar de 7 bilhões vem sendo aguardada com expectativa por todos os demógrafos que já leram as previsões de Thomas Malthus (1766-1834), o economista britânico que, no fim do século 18, advertiu que o crescimento exponencial da população mundial não poderia ser sustentado pelo crescimento aritmético da produção de alimentos - lançando a ameaça de uma grande crise de abastecimento à frente.

Graças a Malthus, a economia ganhou a alcunha de "ciência lúgubre" (dismal science) e o público logo se acostumou com previsões furadas. O genial Malthus errou feio ao subestimar o poder da inovação tecnológica que expandiu a produção de maneira inimaginável. Mas acertou ao sugerir que o mundo não é elástico. O planeta não dispõe de recursos infinitos para sustentar um crescimento ilimitado. Jogar essa carga de insustentabilidade nas costas da inventividade humana também é arriscado, sobretudo quando a população aumenta 80 milhões a cada ano.

A noção de limite sugerida por Malthus - ou "capacidade de suporte", em linguagem moderna - levou outro economista britânico, Kenneth Boulding (1910-1993), 100 anos depois, a comparar a Terra não a um trem, mas a "uma astronave com recursos limitados, rodando em torno do Sol", e a ironizar: "Quem acredita que o crescimento exponencial pode durar para sempre num mundo finito é louco ou economista."