Blog

Blog

14 de out. de 2011

O que são as EQMs ( experiências de quase morte )


As experiências de quase morte já foram abordadas em outros post no caixa de pandora, porém por ser um assunto bem complexo eu decidi fazer um post somente para elas.
As EQMs (experiências de quase-morte) são bastante comuns hoje em dia, e se incorporaram à linguagem cotidiana. Frases como “minha vida inteira passou como um flash diante dos meus olhos” e “ir para a luz” vêm de décadas de pesquisas sobre essas experiências estranhas e aparentemente sobrenaturais pelas quais passam pessoas à beira da morte. Mas o que exatamente são as EQMs? Alucinações? Experiências espirituais? Provas de que há vida após a morte? Ou são simplesmente alterações químicas no cérebro e órgãos sensoriais nos momentos que antecedem a morte?
Neste artigo, discutiremos o que torna uma experiência uma EQM e quem passa por ela. Também vamos explorar teorias espirituais, filosóficas e científicas sobre por que elas acontecem.


Definição

O Dr. Raymond Moody popularizou o termo “experiência de quase-morte” em seu livro escrito em 1975, “Vida após a vida”. Esse livro chamou a atenção das pessoas para o conceito de experiência de quase-morte, mas relatos dessas experiências sempre ocorreram através da história.
Uma experiência de quase-morte é uma experiência na qual uma pessoa perto da morte ou sofrendo de algum trauma ou doença que possa levar a ela percebe eventos que parecem ser impossíveis, não usuais ou sobrenaturais. Apesar de haver muitas dúvidas sobre as EQM, uma coisa é certa – elas existem. Milhares de pessoas realmente perceberam sensações similares enquanto estavam próximas da morte. O debate é se elas realmente experimentaram ou não o que perceberam.

Características comuns
  • Tranquilidade - essas sensações podem incluir paz, aceitação da morte, conforto físico e emocional;
  • Luz intensa, pura e radiante - às vezes essa luz intensa (porém não dolorosa) preenche o quarto. Em outros casos, a pessoa vê uma luz que sente representar o Céu ou Deus;
  • Experiências fora do corpo (EFC) - a pessoa sente que deixou seu corpo. Ela pode olhar para baixo e ver o corpo, geralmente descrevendo a visão dos médicos trabalhando nele. Em alguns casos, o “espírito” da pessoa voa para fora do quarto, para o céu ou até para o espaço;
  • Entrando em outra realidade ou dimensão - dependendo das crenças religiosas da pessoa e da natureza da experiência, ela pode perceber esse domínio como o Céu ou, em raros casos, como o Inferno;
  • Seres espirituais - durante a EFC, a pessoa encontra “seres de luz”, ou outras representações de entidades espirituais. Ela pode perceber esses seres como entes queridos que morreram, anjos, santos ou Deus;
  • O túnel - as pessoas se vêem em um túnel com uma luz no final, no qual podem encontrar seres espirituais;
  • Comunicação com espíritos - antes que a EQM termine, muitas pessoas relatam alguma forma de comunicação com um ser espiritual. Essa é geralmente expressa como uma “forte voz masculina”, dizendo que ainda não chegou sua hora e ordenando que volte para seu corpo. Algumas pessoas relatam que foram convidadas a escolher entre ir para a luz ou voltarem para seu corpo terreno. Outras sentem que foram compelidas a retornar para o corpo por um comando sem voz;
  • Revisão da vida - A pessoa vê a vida inteira em um flashback. Isso pode ser algo muito detalhado ou bastante breve. Ela pode também perceber alguma forma de julgamento vindo de entidades espirituais próximas.
Características não-comuns
Algumas EQMs têm elementos que sustentam poucas semelhanças com a experiência de quase-morte “típica”. Segundo pesquisas, algo em torno de 1% a 25% dos indivíduos não experimenta sensações de paz, não visita o céu e nem encontra espíritos amigáveis. Ao invés disso, sentem-se atemorizados e são abordados por demônios ou duendes maliciosos. Eles podem visitar locais que se encaixam nas descrições bíblicas do Inferno, incluindo fogo, almas atormentadas e uma sensação de calor opressivo.


Menos comuns são os relatos de EQMs compartilhadas, onde alguém ligado à pessoa que está morrendo a acompanha em sua jornada fora do corpo. Isso pode tomar a forma de um sonho que ocorre no mesmo momento em que a pessoa estava próxima da morte. Crianças também passam por EQM. As muitos novas tendem a relatar experiências surrealistas com alguns dos elementos comuns das EQMs, mas à medida que elas se tornam mais velhas, o ensino religioso geralmente colore suas EQMs com uma conotação mais espiritual, tal como encontrar Deus ou Jesus.
Uma pequena porcentagem de pessoas que passaram por EQMs relatam visões proféticas que lhes revelaram o destino da Terra e da humanidade. Trata-se geralmente de uma visão apocalíptica, mostrando o final dos tempos, mas alguns relatam visões da humanidade evoluindo em seres superiores. Um grupo de pessoas que não se conheciam relatou que o mundo terminaria em 1988.
Quem passa por uma


Em 1982, o pesquisador George Gallup Jr. e o autor William Proctor publicaram “Aventuras na imortalidade”, um livro sobre EQM baseado em duas pesquisas do Instituto Gallup abordando especificamente a quase morte e a crença na vida após a morte. Esse levantamento continua sendo a fonte mais usada para estatísticas sobre EQM.
Gallup e Proctor descobriram que 15% de todos os americanos que passaram por situações de quase-morte relataram EQMs. Dessas, 9% incluíam uma “experiência clássica fora do corpo”, 11% incluíam entrar em outro domínio ou dimensão e 8% salientavam a presença de seres espirituais. Somente 1% relatou EQMs negativas. Mas esses dados têm mais de 20 anos e outros pesquisadores, cujos estudos foram, geralmente, feitos em menor escala, relatam estatísticas sobre EQMs, que podem variar bastante do levantamento feito em 1982.
Uma análise estatística de mais de 100 indivíduos que tiveram EQM revelou que as crenças religiosas prévias e o conhecimento prévio destas experiências não tinham um efeito considerável na probabilidade de se ter uma EQM.
Outra pesquisa enfocou o efeito de uma EQM sobre a vida do indivíduo. Kenneth Ring, um dos mais prolíficos pesquisadores e autores de estudos sobre EQM, relata um grande número de indivíduos que adquiriram autoconfiança e se tornaram mais extrovertidos após a experiência. Um dos estudos de Ring quantificou as mudanças nas atitudes do indivíduo para com a vida, que geralmente incluem um maior senso de propósito e apreciação da vida, um aumento na compaixão, paciência e compreensão, assim como uma sensação geral de força pessoal. Uma pequena porcentagem de indivíduos relatou sensações de medo, depressão e enfoque na morte. Ring também verificou que as pessoas que passam por EQM tendem a perceber um aumento no senso de sentimentos religiosos e crença em um mundo espiritual. Contudo, ele observa que isso não necessariamente se traduz em uma freqüência maior na igreja – é mais crescimento pessoal e interior nos sentimentos religiosos e espirituais. Finalmente, pessoas que passam por EQMs geralmente percebem que não temem a morte e sentem que uma experiência positiva estará esperando por elas quando realmente morrerem.

Teoria 


As teorias que explicam as experiências de quase-morte caem em duas categorias básicas: explicações científicas (incluindo médicas, fisiológicas e psicológicas) e explicações sobrenaturais (incluindo espirituais e religiosas). Obviamente, essas últimas não podem ser provadas nem negadas. A aceitação das explicações sobrenaturais baseia-se na fé e no contexto espiritual e cultural.
A explicação sobrenatural mais comum é que alguém que passa por uma EQM está, na verdade, experimentando e lembrando de coisas que aconteceram com sua consciência não corpórea. Quando estão próximas da morte, suas almas deixam o corpo e começam a perceber coisas que normalmente não perceberiam. A alma passa pela fronteira entre o nosso mundo e o pós-vida, geralmente representada por um túnel com uma luz no final. Enquanto está nessa jornada, a alma encontra-se com outras entidades espirituais (almas) e pode até encontrar uma entidade divina, que muitas pessoas percebem como sendo Deus. Eles vêem um relance de outra realidade de existência, geralmente interpretado como Céu, mas são trazidos de volta, ou escolhem voltar, para seu corpo terreno.


A crença em projeção astral liga as EQMs com outras formas de experiência fora do corpo. A projeção astral é a habilidade de um “ser astral” viajar fora do corpo. Em uma EQM, esse ser astral, ou alma, deixa espontaneamente o corpo e percorre livremente outros lugares. Alguns poucos casos de EQM parecem oferecer provas de que as pessoas realmente experimentam eventos de um ponto de vista diferente daquele do seu corpo terreno. Pessoas que estavam inconscientes e sem reação, que tiveram os olhos fechados ou foram declaradas clinicamente mortas, relatam detalhes dos procedimentos nelas aplicados e das pessoas presentes no quarto. Há relatos de pessoas com cegueira permanente que passaram por uma EQM e foram capazes de identificar, por exemplo, a cor da camisa do médico.
Para aqueles com fortes crenças na teologia judaico-cristã, as EQMs representam uma prova de que possuímos almas, que elas continuam a existir depois que morremos e que Céu e Inferno são lugares reais. Alguns acreditam que as EQMs são obra de Satanás, que tenta explorar a vulnerabilidade das pessoas naquele momento, aparecendo como um “anjo de luz”. O objetivo de Satanás com essa farsa não é claro.
Outras teorias são um pouco mais esotéricas. Alguns acreditam que uma EQM representa uma ligação psíquica com seres inteligentes superiores de outra dimensão. Estes seres podem ser humanos, que evoluíram suas almas superando o ciclo nascimento-morte-reencarnação, oferecendo desse modo um relance do futuro da humanidade como seres espirituais superiores. Às vezes, uma EQM pode até oferecer uma visão literal do futuro, como nas experiências com profecias apocalípticas mencionadas anteriormente.
É interessante observar que as religiões não judaico-cristãs têm histórias e descrições da morte que parecem explicar muitos dos traços comuns das EQMs. O budismo, por exemplo, descreve a “clara luz da morte”, assim como as incorporações demoníacas das falhas morais. A meta da alma é identificar tanto a luz quanto as aparições como projeções da natureza da própria alma, não como algo objetivamente real. Se isso acontece, a alma pode escapar do ciclo de nascimento-morte-reencarnação e alcançar o nirvana.



A ciência não pode realmente explicar por que algumas pessoas têm experiências de quase-morte. Isso não quer dizer que as explicações científicas atuais estejam erradas, mas sim que as EQMs são complexas, subjetivas e têm uma forte carga emocional. Além disso, muitos aspectos das EQMs não podem ser testados. Não podemos fazer um teste para determinar se alguém realmente visitou o céu e encontrou-se com Deus, ou propositalmente colocar alguém à beira da morte para então ressuscitá-la em laboratório para testar sua percepção extra-corpórea.

Apesar de tudo isso, a ciência médica oferece evidências atraentes de que muitos aspectos das EQMs são de natureza fisiológica e psicológica. Os cientistas têm comprovado que as drogas cetamina e PCP (cloridrato de fenciclidina) podem criar sensações nos usuários que são quase idênticas a muitas EQMs. De fato, alguns usuários pensam que estão realmente morrendo enquanto estão sob o efeito da droga.
O mecanismo por trás de algumas dessas experiências estranhas está no modo como nosso cérebro processa as informações sensoriais. Aquilo que nós vemos como “realidade” ao nosso redor é somente a soma de todas as informações sensoriais que nosso cérebro está recebendo em um determinado momento. Quando você olha para uma tela de computador, a luz da tela atinge as suas retinas e a informação é enviada para as áreas apropriadas do cérebro, onde os padrões de luz são interpretados como algo significativo – nesse caso, as palavras que você está lendo no momento. Um sistema ainda mais complexo de nervos e fibras musculares permite que o nosso cérebro saiba onde o seu corpo está em relação ao espaço em redor. Feche seus olhos e levante a mão direita até que esteja na altura do topo da sua cabeça. Como você sabe onde sua mão está sem olhar para ela? Seu sistema sensorial permite que você saiba onde sua mão está, mesmo quando seus olhos estão fechados.

Agora imagine que todos os seus sentidos estão funcionando mal. Ao invés dos impulsos sensoriais reais provenientes do mundo ao seu redor, seu cérebro está recebendo informações incorretas, possivelmente devido às drogas ou alguma forma de trauma, fazendo com que seu cérebro fique temporariamente imobilizado. O que você percebe como uma experiência real é, na verdade, o seu cérebro tentando interpretar essa informação. Alguns têm teorizado que o “ruído neural”, ou uma sobrecarga de informações enviadas para o córtex visual cerebral, cria a imagem de uma luz brilhante que aumenta gradualmente. O cérebro pode interpretar isso como o ato de mover-se através de um túnel escuro.

Do mesmo modo, o senso espacial do cérebro é propenso ao mal funcionamento durante uma experiência de quase morte. Novamente, seu cérebro interpreta informações incorretas sobre onde está o corpo em relação ao espaço ao redor. O resultado é a sensação de sair do corpo e flutuar pelo quarto. Combinado aos outros efeitos do trauma e privação de oxigênio no cérebro (um sintoma em muitas situações de quase morte), isso leva à experiência resultante de flutuar no espaço enquanto se olha para baixo para o próprio corpo e depois partir e flutuar através de um túnel.

A sensação de paz e calma sentida durante as EQMs pode ser um mecanismo que ajuda a lidar com o problema, desencadeado pelos níveis aumentados de endorfinas produzidas no cérebro durante o trauma. Muitas pessoas experimentam um senso estranho de desprendimento e falta de resposta emocional durante eventos traumáticos (estejam ou não relacionados a uma experiência de quase morte). Esse é o mesmo efeito. As EQMs que incluem visitas ao Céu ou encontros com Deus poderiam envolver uma combinação de vários fatores. Impulsos sensoriais defeituosos, privação de oxigênio e euforia induzida por endorfinas criam uma experiência surreal, embora realista. Quando a pessoa se recorda da cena mais tarde, ela já passou pelo filtro da sua mente consciente. Experiências bizarras que parecem inexplicáveis se transformam em seres espirituais, outras dimensões e conversas com Deus.
As experiências de pessoas cujas aventuras fora do corpo permitem ver e ouvir eventos que seu corpo inconsciente não seria capaz de perceber, são mais difíceis de explicar. Contudo, é plausível que pessoas inconscientes possam ainda registrar pistas sensoriais e conhecimento prévio, e incorporá-los na sua EQM. Se isso é mais plausível do que a alma da pessoa flutuando fora do corpo é uma questão de opinião pessoal.


Obviamente, isso apenas arranha a superfície das explicações possíveis para uma EQM. As EQMs parecem oferecer alguma esperança de que a morte não é necessariamente algo a ser temido, nem é o fim da consciência. Mesmo a ciência tem dificuldades para lidar com a morte - a comunidade médica tem se debatido por décadas com definições específicas para morte clínica, morte orgânica e morte cerebral. Para cada aspecto de uma EQM, há pelo menos uma explicação científica. E para cada explicação científica, parece haver cinco casos de EQM a desafiá-la.


I

“No momento mais desesperador, o pequeno quarto começou a se encher de luz… a luz que entrou naquele quarto era Cristo; eu sabia porque um pensamento foi colocado profundamente dentro de mim: ‘Você está na presença do Filho de Deus’. Era uma presença tão confortante, tão alegre e satisfatória, que eu queria me perder para sempre dentro dessa maravilha. Junto com a presença de Cristo apareceu também cada episódio único de toda a minha vida. Lá estavam eles, cada evento, pensamento e conversa, tão palpáveis quanto uma série de fotografias… e então uma nova onda de luz se alastrou pelo quarto que já estava incrivelmente iluminado e subitamente nós estávamos em outro mundo. Ou melhor, eu percebia ao redor de nós um mundo diferente ocupando o mesmo espaço… Do mundo final eu só tive um vislumbre. E agora não parece mais que estamos na Terra e sim muito, muito longe, sem nenhuma relação com ela. E lá, ainda a uma grande distância, eu vi uma cidade, mas uma cidade… feita de luz. Movendo-se entre as construções, havia seres tão fortemente luminosos quanto Aquele que estava de pé ao meu lado”.
- George G. Ritchie Jr., após quase ter morrido devido a uma febre (trecho de “O vestíbulo”, de Jess E. Weiss).


II

“O que me lembro é de ver meu corpo em um leito do hospital com um médico e enfermeiros ao redor… eu sentia muita paz e não tinha perguntas sobre a cena que via. Era tudo muito claro, mais real do que a própria realidade. Eu sentia que estava onde era o meu lugar. O quarto era branco, mas havia uma luminosidade à minha volta que era diferente da luz do quarto. Eu sentia como se estivesse no quarto (no canto), mas ao mesmo tempo em espaço aberto. Tudo era lindo. Não havia nenhum tipo de dor”.- Tracy Lovell, após uma tentativa de suicídio por overdose (em “O retorno do silêncio”, de Scott D. Rogo).
III

“Você pode ter ouvido que morrer é desagradável, mas não acredite nisso. Morrer é a sensação mais doce, terna e sensível que eu já experimentei. A morte vem disfarçada de um amigo compassivo… é fácil morrer. Você precisa lutar para viver”.
- Edward V. Rickenbacker, ás da aviação na primeira guerra mundial, lutando para viver após ter sido gravemente lesado em um acidente com um avião civil (em “O vestíbulo”, por Jess E. Weiss).