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21 de dez. de 2011

Ela era um gênio na química mas não conseguiu descobrir a fórmula da água


Elena Ceaucescu, esposa do ex ditador romeno Nicolae Ceaucescu, era considerada por muitos como um gênio da química. Elena acumulou e colecionou centenas de títulos e honras científicas, entre os quais destacavam mais de uma dezena de Doutorados e frofessorados Honoris Causa  de diferentes Universidades pelo mundo (Buenos Aires, Teerã, Manila, Instituto Real Politécnico de Londres...) numerosos títulos de Membro Honorário de Sociedades de Ciências e Química, dezenas e mais dezenas de distinções, prêmios e medalhas.


Elena também figurava como autora de numerosas publicações, trabalhos e estudos de renome no campo da química, mas ela mal sabia com exatidão se a fórmula da água era H2O ou O2H. Nem precisava saber, afinal era a esposa do ditador.

Recebendo (após uma grande doação) o Doutorado Honoris Causa pela Universidade de Manila, 1975.
É verdade que Elena sentia certa admiração e curiosidade pela química, o que a levou a querer se licenciar, mas segundo um de seus professores:

  - "Ela não conhecia mais química do que um aluno de escola elementar, dizia aos pesquisadores que qualquer coisa que publicassem devia levar seu nome, e suas provas foram eventos teatrais nos quais ninguém apresentava uma verdadeira pergunta científica".

E assim, engano após engano, ameaça após ameaça, até conseguir esse incrível histórico de méritos científicos. Sua vida foi recheada de fatos rocambolescos relacionados as metas de sua verdadeira "carreira científica", que não é mais curta que sua longa e fraudulenta lista de títulos e distinções:

  • O professor Dimitri Sandulescu foi o encarregado de seu exame de graduação, e duas vezes negou-se a graduá-la. A pressão política foi tão grande que à terceira vez teve que aprová-la, ainda que com a nota mínima.
  • Elena inscreveu-se no Instituto Politécnico e pediu para trabalhar com o melhor químico orgânico, Constantin Nenitzescu, que recusou-a. O químico perdeu suas subvenções e o acesso à bibliografia química.
  • Elena então se matriculou com Christopher Simionescu, vice-presidente da Academia Romena de Ciências. Defendeu sua tese em 1970, a porta fechada e mediante uma gravação em vídeo, para evitar assim as perguntas. O professor Simionescu não assistiu, alegando doença.
  • Nenitzescu foi obrigado a assistir como testemunha e o protesto público que realizou no dia seguinte lhe valeu sua demissão do Centro de Pesquisas de Química Orgânica, onde era diretor e fundador.

Elena e Nicolae Ceaucescu.
  • Depois ocorreu a Elena forçar os químicos que trabalhavam em polímeros à tomar como coautora de seus trabalhos.
  • O mesmo ocorreu com o resto de todas suas publicações, porque Elena queria ser a cientista mais lida em seu país.
  • Propôs-se a si mesma à Academia Romena de Ciências e tomou seu cargo no Instituto de Pesquisas Químicas.
  • O ex chefe de segurança de Ceaucescu, refugiado nos Estados Unidos, confessou que uma de suas funções era conseguir nomeações honoríficas como membro de sociedades científicas internacionais para Elena. Como exemplo citou a doação feita à Universidade de Manila em troca de um Doutorado Honoris Causa.
  • Elena freou a promoção de outros cientistas que podiam lhe fazer sombra (qualquer um podia) e durante muitos anos não puderam ocupar cargos em instituições de alto nível.
  • Outro de seus professores, Nicolae Filipescu, disse que "...ela era uma pessoa vil e demoníaca. As mentiras eram sua forma de vida..."
  • Elena inoculou o vírus da AIDS em crianças órfãs para testar remédios contra esta doença.
  • O Museu Nacional da Romênia tinha uma sala especial para exibir as honras recebidas por Elena no estrangeiro.
  • Segundo seus colaboradores do Centro de Química de Bucareste, Elena não sabia com exatidão a fórmula química da água.
Estes são só alguns poucos exemplos do que Elena foi capaz de fazer para parecer o que não era, e pelo afã de acumular títulos e distinções científicas. Era um claro exemplo do culto à personalidade.

Mircea Codreanu, diplomata romeno em Washington, descreveu-a assim em um livro: "Sendo uma mulher tão ignorante e primitiva pensou que possuindo títulos e honras poderia mudar sua realidade".

Elena Ceaucescu morreu fuzilada junto a seu marido em 25 de dezembro de 1989, depois de 24 anos de ditadura. Só para que tenham uma ideia de como não gostavam desta mulher, segundo o diário francês Le Figaró, para cada bala recebida por ele (11), ela recebeu dez (110).