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17 de jan. de 2012

‘Caras engraçadas’ diferenciam os macacos


Nós sabemos que os macacos da América do Sul e Central têm várias características diferentes – desde o bigode branco do Sagui-imperador até a pele vermelha do Uacari-Branco. Agora, uma nova pesquisa revela que os macacos platirrinos, que inclui os macacos do Novo Mundo, dependem da cor da face para reconhecer sua própria espécie.
“Nós descobrimos que espécies que vivem em grupos menores desenvolveram padrões mais complexos de cor facial”, afirma a pesquisadora do estudo, Sharlene Santana. “As faces mais complexas também acontecem em espécies que dividem o habitat com muitas outras que são relacionadas”.
Em outras palavras, quanto menor a chance de um macaco encontrar outro dos seus, mais complicado será o padrão facial dele. Por exemplo, os uacaris-vermelhos têm uma face vermelha forte, mas simples. Eles vivem em grandes comunidades que podem ter mais de 100 indivíduos. Em contraste, o macaco-da-noite vive em pequenos grupos familiares. Esses macacos com hábitos noturnos têm marcas brancas nos olhos, em conjunto com um fundo preto no rosto, exibindo um padrão bem mais complexo.
Para aqueles que vivem em pequenos grupos, padrões complexos podem oferecer mais maneiras de diferenciar sua espécie, o que é importante devido à raridade de encontro entre dois iguais. Para aqueles que vivem em grupos maiores, faces simples podem ajudar o reconhecimento e a comunicação visual através de expressões – uma habilidade importante em grandes comunidades.


A evolução da face


Enquanto os biólogos têm suspeitado que as cores faciais aumentem por consequência de pressões evolucionárias, a pesquisa de Santana é a primeira a apontar os culpados específicos.
Ela e seus colegas coletaram fotos de 129 espécies americanas (Central e Sul) e montaram um ranking de complexidade facial, pigmentação da pele, e tamanho e cor do cabelo. Eles então analisaram os padrões em termos de vida social e ecologia de cada espécie, levando em conta relações de evolução que pudessem levar a padrões similares entre relativos.
Eles descobriram que o habitat exerce pressão na evolução facial. Espécies que vivem em florestas amazônicas escuras e úmidas têm “barbas” e cabelos mais escuros, uma modificação que os ajuda a se camuflarem no ambiente. Aquelas que vivem em áreas com muita radiação ultravioleta têm as máscaras dos olhos mais escuras, talvez para diminuir o reflexo. Macacos que vivem longe do equador, em climas mais temperados, têm mais pelo facial, provavelmente para manter o calor.
Caras malucas
Entre os macacos mais exóticos encontrados estava o macaco esquilo, que tem a boca preta e o redor dos olhos branco e o mico-leão-da-cara-dourada, com longos “cabelos” pretos saindo das orelhas.
Os padrões faciais exóticos desses macacos os diferenciam das outras espécies, e desse modo os permitem se reconhecer facilmente. Para os grupos de 100 ou mais macacos, os pesquisadores especulam que mais do que os padrões de cor, os macacos analisam as expressões ou o tamanho das características faciais. Isso pode ser mais fácil com características mais simples.
Os pesquisadores planejam estender o estudo da complexidade facial com outros primatas e mamíferos, para entender a conexão entre o comportamento social e as faces. Eles também esperam aprender mais sobre como os primatas conseguem reconhecer as caras de sua espécie.
“Nossos resultados trazem um pouco de luz sobre como os primatas reconhecem os indivíduos”, afirma Santana, “mas mais pesquisa é necessária para ligar as características faciais ao reconhecimento de indivíduos particulares”. 


MSN