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12 de jan. de 2012

Você sabe como surgiram os talheres?



Apesar de sugerir inutilidade para muitas pessoas, a diversidade de talheres utilizados hoje é, na verdade, uma secular - e em alguns casos até milenar - herança cultural, que foi aperfeiçoada com o passar dos anos. As facas, por exemplo, acompanham o homem a muito tempo. A faca que conhecemos hoje provavelmente surgiu na idade do bronze e do ferro, etapa de transição entre a pré-história e a história. Foi nesse período que ela começou a se diversificar. 
Assim, surgiram a faca de cozinha e a utilizada para comer; a apropriada para a caça e a específica para rituais. As colheres apareceram na mesma época das facas, e ninguém se arrisca em dizer qual das duas surgiu primeiro. Essa ausência de informações gerou, inclusive, algumas fantasias, como a narrada no livro In Punta di Forcheta (Idealibri, Milão, 1998). Nele, os autores Ingeborg Babitsh e Mariosa Schiaffino levam a origem do talher a Eva (sim, ela mesma, a de Adão). 

Numa praia deserta, a personagem abre uma concha de ostra, observa seu desenho e descobre o utensílio perfeito para levar à boca substâncias líquidas. Sobre a colher, de concreto, sabe-se que os romanos inseriram o objeto nas refeições. Os garfos, recheados de polêmicas, vieram bem depois, no século XI. Os registros mais antigos são de um candidato a santo católico, que criticou o hábito da princesa de Constantinopla e mulher do governante de Veneza, o doge Orseolo. 

Ela chegou à península Itálica com um objeto de duas pontas com o qual fisgava pequenos pedaços de alimento. Segundo o cardeal, o instrumento lembrava a lança com a qual o demônio infernizava os condenados ao fogo eterno. Além disso, impedia que a pessoa tocasse diretamente o alimento, considerado uma dádiva Divina. Coincidência ou não, ela faleceu pouco depois. Para muitos, a morte foi "castigo de Deus". Séculos se passaram até a novidade chegar à França, por volta de 1530. 

A florentina Caterina de Médici, que mais tarde seria rainha, levou ao país um enxoval completo, com garfo, faca e colher. Um século depois, o instrumento reapareceu nos banquetes do rei francês Luís XIV, famoso por preconizar muito das boas maneiras à mesa existentes hoje. Foram necessários mais 200 anos até que, no século XIX, o "jogo de cena" finalmente se popularizou.Até o século XI, quase todo mundo comia com as mãos. 

Os mais educados eram aqueles que usavam apenas três dedos para levar o alimento à boca. Naquele século, Domenico Salvo, membro da corte de Veneza, casou-se com a princesa Teodora, de Bizâncio. Ela trouxe no enxoval um objeto pontudo, com dois dentes, que usava para espetar os alimentos. 
Esse primeiro garfo foi considerado uma heresia: o alimento, fornecido por Deus era sagrado e tinha de ser comido com as mãos.


Mas, pouco a pouco, membros da nobreza e do clero foram adotando o talher. O hábito demorou para pegar entre a população: com mais dentes, o espeto só se tornou popular mesmo no século XIX. Já a faca é o mais antigo dos talheres: foi o Homo erectus, que surgiu na Terra há 1,5 milhão de anos, quem criou o primeiro objeto cortante, feito de pedra, para caça e defesa. Desde então, o homem sempre carregou uma faca. Na Idade do Bronze, que começou por volta de 3000 a.C., ela passou a ser feita com esse metal e a mesma faca que servia para matar era usada também para descascar frutas. 

O primeiro a sugerir que cada homem deveria ter um talher para ser usado exclusivamente à mesa foi o cardeal francês Richelieu (1585-1642), um fervoroso defensor das boas maneiras, por volta de 1630. Ao contrário da faca, a colher já surgiu com o objetivo de ser usada à mesa. Há registros arqueológicos de artefatos parecidos com mais de 20 000 anos, feitos de madeira, pedra e marfim. Mas, no início, a colher era de uso coletivo e parecia uma concha. 

“Quando surgiu o pão, há 12 000 anos, já se usava uma colher para jogar o caldo sobre ele”, afirma o sociólogo Gabriel Bollaffi, da Universidade de São Paulo (USP).


Fonte: Foruns do Yahoo!