Como a Mídia Manipula a Sociedade !
O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou uma lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO:
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração
que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e
das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a
técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de
informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente
indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos
conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da
psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do
público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por
temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado,
sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”
(citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’).
11 de Setembro de 2001 |
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES:
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um
problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a
fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer
aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a
violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o
público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da
liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como
um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento
dos serviços públicos.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO:
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la
gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira
que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram
impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo,
privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa,
salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que
haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só
vez.
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO:
Outra
maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la
como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no
momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício
futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é
empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem
sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã”
e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao
público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com
resignação quando chegue o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE:
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas
vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de
baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar
enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por
quê? Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12
anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com
certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um
sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.
6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO:
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um
curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos
indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite
abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar
idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…
7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE:
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os
métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da
educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e
medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira
entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e
permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores.
8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE:
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE:
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua
própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de
suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se
contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o
que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição
da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM:
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência
têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas
possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à
neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um
conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como
psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo
comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na
maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder
sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.
Resposta à Mídia; Morte de Osama bin Laden.
Resposta à mídia, escrita por Peter Joseph, fundador do Movimento Zeitgeist.
Em
1º maio de 2011, o presidente Barack Obama apareceu na televisão
norte-americana em cadeia nacional, com o anúncio espontâneo de que
Osama bin Laden, o suposto organizador dos trágicos acontecimentos de 11
de setembro de 2001, foi morto por forças militares no Paquistão.
Logo
em seguida uma grande reação da mídia ocorreu em praticamente todas as
redes de televisão, no que só poderia ser descrito como a exibição de
uma celebração grotesca, reflexo de um nível de imaturidade emocional
que beira a psicose cultural. O retrato de pessoas correndo pelas ruas
de Nova York e Washington entoando slogans jingoístas americanos,
acenando suas bandeiras como membros de algum culto, louvando a morte de
outro ser humano, revela ainda outra camada desta doença que chamamos
de sociedade moderna.
Não
é o foco desta resposta abordar o uso político de tal evento ou
iluminar a orquestração encenada de como a percepção pública seria
controlada pela grande mídia e pelo governo dos Estados Unidos. Este
artigo trata de expressar a irracionalidade bruta aparente e como nossa
cultura torna-se tão facilmente obcecada e carregada emocionalmente em
relação à simbologia superficial, e não com os verdadeiros problemas de
raiz, suas soluções ou considerações racionais de circunstância.
O
primeiro e mais óbvio ponto é que a morte de Osama bin Laden não
significa nada quando se trata do problema do terrorismo internacional.
Sua morte simplesmente serve como catarse para uma cultura que tem uma
fixação neurótica em vingança e retaliação. O próprio fato de que o
governo que, do ponto de vista psicológico, sempre serviu como uma
figura paterna para seus cidadãos, reforça a idéia de que assassinar
pessoas é uma solução, deveria bastar para que a maioria de nós fizesse
uma pausa e refletisse sobre a qualidade dos valores provenientes do
próprio zeitgeist.
No
entanto, além das distorções emocionais e do padrão trágico e vingativo
de recompensar a continuação da divisão humana e da violência, há uma
reflexão mais prática em relação ao real problema e a importância desse
problema quanto à sua prioridade.
A
morte de qualquer ser humano é de uma conseqüência imensurável na
sociedade. Nunca é apenas a morte do indivíduo. É a morte de
relacionamentos, companheirismo, apoio e da integridade dos ambientes
familiar e comunitário. As mortes desnecessárias de 3.000 pessoas em 11
de setembro de 2001 não são nem mais nem menos importantes do que as
mortes daqueles durante as guerras mundiais, através de câncer e
doenças, acidentes ou qualquer outra coisa.
Como
sociedade, é seguro dizer que nós buscamos um mundo que
estrategicamente limite todas as consequências desnecessárias através de
abordagens sociais que permitam a maior segurança que nossa
engenhosidade possa criar. É neste contexto que a obsessão neurótica com
os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 tornou-se gravemente
insultante e prejudicial ao progresso. Criou-se um ambiente em que
quantidades ultrajantes de dinheiro, recursos e energia são gastos na
busca e destruição de subculturas muito pequenas de seres humanos que
apresentam diferenças ideológicas e agem sobre essas diferenças através
da violência.
Ainda
assim, apenas nos Estados Unidos, a cada ano cerca de 30.000 pessoas
morrem em acidentes automobilísticos, a maioria dos quais poderiam ser
evitados por mudanças estruturais muito simples. Isso são dez “11 de
setembro” a cada ano… mas ninguém parece lamentar esta epidemia. Da
mesma forma, mais de 1 milhão de americanos morrem de doenças cardíacas e
câncer por ano – cujas causas atualmente são, em sua maioria,
facilmente ligadas a influências ambientais. No entanto,
independentemente dos mais de 330 “11 de setembro” que ocorrem a cada
ano neste contexto, as alocações de orçamentos públicos para pesquisas
sobre estas doenças são apenas uma fração do dinheiro gasto em operações
“anti-terrorismo”.
Tal
lista poderia aumentar indefinidamente no que diz respeito à perversão
de prioridades quando se trata do verdadeiro significado de salvar e
proteger a vida humana, e espero que muitos possam reconhecer o grave
desequilíbrio que temos em mãos, quanto aos nossos valores.
Então,
voltando ao ponto de vingança e retaliação, vou concluir esta resposta
com uma citação do Dr. Martin Luther King Jr., provavelmente a mais
brilhante mente intuitiva quando se tratava de conflitos e do poder da
não-violência. Em 15 de setembro de 1963, uma igreja em Birmingham, no
Alabama, foi bombardeada, o que causou a morte de quatro meninas que
frequentavam as aulas de educação religiosa aos domingos.
Em um discurso público, o Dr. King declarou:
“O que assassinou as quatro meninas? Olhe ao seu redor. Você vai ver
que muitas pessoas que você jamais imaginaria capazes participaram deste
ato de maldade. Portanto, esta noite todos nós precisamos sair daqui
com uma nova determinação de luta. Deus tem uma tarefa para nós. Talvez a
nossa missão seja salvar a alma dos Estados Unidos. Não podemos salvar a
alma desta nação atirando tijolos. Não podemos salvar a alma desta
nação pegando nossas munições e saindo disparando com armas físicas.
Temos que saber que temos algo muito mais poderoso. Basta adotar a
munição do amor.”
– Dr. Martin Luther King, 1963
Peter Joseph