Eu
estava dando uma olhada nas minhas musicas e aí tocou o Ne me quite
pas, uma musica muito bonita composta pelo Jaques Brel. Fui ver no
youtube e achei. Neste video, Maysa Matarazzo (aquela que vai ter uma
série sobre a vida dela na Globo) canta esta música num programa da TVE
de 1975. Dizem que ela chegou bêbada no estúdio. A julgar pelo diálogo meio sem sentido, (ela parece mãe da Malu Magalhães de tão non sense
o papo) ela estaria de pilequinho, o que conferiu um brilho extra na
canção. Não sei se ela estava mesmo com o teor sanguíneo baixo na
corrente alcoólica. Só sei que ela canta pra caramba e esta musica é um
clássico.
Mulher à frente de seu tempo, Maysa nos deixou uma obra de
incontestável qualidade. Artista completa, muito mais que a cantora de
fossa que se eternizou no imaginário popular, ela foi a compositora
privilegiada. Como intérprete deu forma a mais uma infinidade de
clássicos de nossa música popular. Como seus poetas e compositores
prediletos, Maysa foi cronista de seu tempo, sua voz rouquinha de
registro forte podia ser doce e delicada e mesmo profundamente
emocional. Sua interpretação é única. A moldura musical para seu canto
foi também exuberante, seja em ritmo de bossa nova, velha, samba-canção,
jazz… Um dia confessou em uma entrevista “Não tenho medo da morte.
Tenho a impressão de que jamais morrerei…”