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24 de dez. de 2010

Morre ex-governador de São Paulo Orestes Quércia


Orestes Quércia
SÃO PAULO - O ex-governador paulista e presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, que morreu na manhã desta sexta, 24, às 7h40, no Hospital Sírio-Libanês, será velado no hall principal do Palácio dos Bandeirantes, às 14h, informa nota oficial do governo paulista.

Uma das primeiras a chegar ao hospital, após a confirmação da morte de Quércia, foi a vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antonio (PMDB), uma de suas principais aliadas. Ela lamentou a perda do amigo. 'Foi um grande amigo, um ser humano de excepcionais qualidades', disse emocionada. 'Ele deixa uma lacuna no coração de todos que o conheceram, é uma lacuna que não tem como ser preenchida', resumiu.

Há seis dias, Orestes Quércia deu entrada no Hospital Sírio-Libanês para dar continuidade ao tratamento. Ele realizou uma nova sessão de quimioterapia e permanecia internado. No dia 19 de dezembro, o ex-governador foi para a UTI.

Para tratar da doença, o ex-governador desistiu de disputar uma cadeira para o Senado, chegando a aparecer em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Com a renúncia, Quércia declarou apoio o candidato eleito pelo PSDB, Aloysio Nunes Ferreira.

Quércia sofria com a doença desde 1997. Na época, ele decidiu realizar um tratamento de radioterapia, descartando a cirurgia para retirada do tumor.

Cerimonial de Quércia
Governador eleito Geraldo Alckimim
 A cerimônia será aberta ao público até às 18 horas, depois deste horário, será restrita a familiares e amigos do peemedebista. O enterro ocorrerá amanhã, por volta das 9 horas, no Cemitério do Morumbi, em São Paulo.

A assessoria do ex-governador disse também que, desde sua última internação no hospital no final do mês passado, ele vinha se mantendo consciente e, nesta quinta, seu estado de saúde piorou.

Ainda não há informações oficiais sobre o que motivou o agravamento de sua situação e nem a causa da morte.
Quércia e esposa  Alayde Quércia

A mulher do peemedebista, Alaíde Quércia, e seus quatro filhos seguem no hospital Sírio-libanês para definir os detalhes do enterro.
Lula diz receber notícia da morte de Quércia com pesar
Quércia ao lado do Presidente Lula
Em mensagem de pesar pelo falecimento do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que nem sempre os dois estiveram do mesmo lado na política, mas que Quércia sempre foi da ala dos desenvolvimentistas, que pensam o País para além de seu tempo. 'Sua eleição para o Senado em 1974 foi um marco na luta pelo restabelecimento da democracia. Nesse momento triste, presto minha solidariedade a sua família, seus amigos e correligionários', diz Lula na mensagem, destacando que recebe a notícia da morte do peemedebista com pesar. O Presidente Lula decretou luto oficial por três dias.


Quem era Orestes Quércia
28º Governador de  São Paulo
Mandato: 15 de março de 1987
até 15 de março de 1991
Precedido por: Franco Montoro
Sucedido por: Luiz Antônio Fleury Filho
Senador da República do  Brasil
Mandato: 1975 a 1983
Vice-governador de  São Paulo
Mandato: 1984 a 1988
Precedido por: José Maria Marin
Sucedido por: Almino Affonso
Prefeito de  Campinas
Mandato: 1 de janeiro de 1969
até 31 de dezembro de 1972
Precedido por: Rui Hellmeister Novais
Sucedido por: Lauro Péricles Gonçalves
Deputado estadual de  São Paulo
Mandato: 1 de janeiro de 1967
até 31 de dezembro de 1968
Vereador de  Campinas
Mandato: 1 de janeiro de 1963
até 31 de dezembro de 1966

Nascimento: 18 de agosto de 1938 (72 anos)
Igaçaba (hoje Pedregulho)
Falecimento: 24 de dezembro de 2010 (0 anos)
São Paulo - SP
Primeira-dama: Alaíde Quércia
Partido: PMDB
Profissão: Empresário

Orestes Quércia (Pedregulho, 18 de agosto de 1938 — São Paulo, 24 de dezembro de 2010) foi um político brasileiro. Foi o 28° governador do estado de São Paulo.

Orestes Quércia mudou-se ainda jovem com a sua família para Campinas, onde se formou em jornalismo. Era também advogado e administrador de empresas formado em 1962 pela Pontifícia Universidade Católica.

Foi casado com Alaide Barbosa Ulson desde os anos 1980.

Estudos e formação

Fernando Pimentel, ex-prefeito de Avaré, e Orestes QuérciaFilho de Otávio Quércia e Isaura Roque Quércia, Orestes Quércia morou em Franca e a seguir em Campinas para onde mudou acompanhando a família e lá foi eleito vice-presidente do grêmio estudantil da Escola Normal Livre. Nessa época ingressou como repórter do Diário do Povo e foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Campinas, onde foi diretor do jornal do Centro Acadêmico 16 de Abril e fundou a Universidade de Cultura Popular, ligada à Universidade Católica de Campinas. Locutor (1959-1963) da Rádio Cultura e da Rádio Brasil, trabalhou no Jornal de Campinas e na sucursal do Última Hora. A seguir presidiu a Associação Campinense de Imprensa e trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagem como assistente de produção. Faleceu em 24 de dezembro de 2010, em São Paulo, vitima de Câncer de Próstata

Carreira política

Orestes Quércia iniciou sua carreira política ao ser eleito vereador em Campinas pelo Partido Libertador em 1962. Extinto o pluripartidarismo optou pelo MDB sendo eleito deputado estadual em 1966 e prefeito de Campinas em 1968. Em relação à sua administração o Dicionário Histórico e Bibliográfico Brasileiro (DHBB) da Fundação Getúlio Vargas destaca o seguinte:

"Em sua gestão desenvolveu trabalhos através de planejamento coordenado com a Universidade Estadual de Campinas. Foi autor do projeto de avenidas expressas, pavimentou ruas e avenidas, aperfeiçoou o saneamento com a construção da terceira estação de tratamento de água e a elaboração do plano diretor de esgotos, urbanizou o parque Taquaral — na época o maior centro turístico do estado —, construiu o palácio dos Esportes e instalou praças de esportes nos bairros mais populosos. Criou ainda novos núcleos de habitação popular e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas."

Após eleger seu sucessor em 1972 passou a organizar diretórios do MDB pelo interior paulista e disputou a convenção do partido como candidato ao Senado Federal vencendo a disputa com Lino de Matos e Samir Achôa. Em 1974, foi eleito senador derrotando Carvalho Pinto que disputava a reeleição pela ARENA e era apontado como favorito. Na tribuna foi crítico da política econômica do governo Ernesto Geisel e em 1977 foi noticiada a ocorrência de casos de corrupção quando de sua passagem pela prefeitura de Campinas, porém tais afirmações não foram comprovadas. Com o retorno ao pluripartidarismo ingressou no PMDB em 1980 e declarou-se candidato à sucessão do governador Paulo Maluf em fevereiro de 1981, posição que manteria até que um acordo de última hora o fez candidato a vice-governador na chapa de Franco Montoro.

Em 1982 foi eleito vice-governador de São Paulo, mas ao contrário da imagem de unidade partidária apresentada durante a campanha, foi adversário constante de políticos peemedebistas ligados ao governador, não conseguindo, porém impedir a nomeação do deputado federal Mário Covas como prefeito de São Paulo em 1983 e a eleição do senador Fernando Henrique Cardoso à presidência do diretório estadual do PMDB naquele mesmo ano. Foi adepto das Diretas Já e da campanha vitoriosa de Tancredo Neves rumo à Presidência em 1985, ano em que se casou com a médica Alaíde Cristina Barbosa Ulson. Nesse ponto estava em curso sua candidatura a governador em 1986.

Após a vitória do ex-presidente Jânio Quadros (PTB) sobre Fernando Henrique Cardoso nas em novembro daquele ano Orestes Quércia viu aumentar seu controle sobre o PMDB num movimento denominado de "quercismo" que garantiu sua indicação como candidato a governador apesar das dissidências internas. Candidato numa eleição inicialmente polarizada entre o deputado Paulo Maluf e o empresário Antônio Ermírio de Morais e ainda contava com a participação do deputado Eduardo Suplicy, iniciou o embate com índices baixos nas pesquisas de opinião, entretanto manteve sua candidatura e afinal sagrou-se vitorioso. Seu governo foi responsável pela privatização da VASP em 1990, ano em que elegeu Luiz Antônio Fleury Filho como seu sucessor.

Governo do estado
Palácio dos Bandeirantes
Em 1987, Orestes Quércia criou a Secretaria do Menor uma atitude pioneira e anterior à promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente promulgado em nível federal em 1990. Tirou menores carentes e abandonados das ruas e empregou-os como aprendizes em empresas estatais, como a SABESP.[carece de fontes?]

Na área dos transportes realizou investimentos na duplicação de rodovias como a Anhangüera e a D. Pedro I e na reforma de estradas vicinais. A seguir ampliou a linha leste-oeste do metrô, inaugurando as estações Barra Funda, Marechal Deodoro, e a extensão leste da Vila Matilde até Corinthians-Itaquera. Também deu início às obras do ramal Paulista do metrô, das estações Paraíso à Consolação.

No setor de saneamento básico, em 1988, através da SABESP, colocou em operação a Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri, aumentando de 5% para 25% o índice de tratamento dos esgotos na Região Metropolitana. Em 1990, concluiu as obras da SABESP de produção e tratamento de água da Estação de Tratamento de Taiaçupeba, localizada na Represa de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, melhorando o abastecimento de água da região leste de Grande São Paulo.

Na segurança pública, inventou o Rádio Patrulhamento Padrão, uma iniciativa de aproximar a polícia da comunidade.

Construiu sem abertura de licitação o polêmico Memorial da América Latina localizado na Barra Funda, cujo projeto foi de Oscar Niemeyer. Estima-se que tenha custado aos cofres públicos cerca de 74 milhões de dólares, quinze vezes mais que o previsto inicialmente.

Como defensor do municipalismo, desenvolveu ações de fortalecimento do interior, como a regionalização da produção.

Em 16 de setembro de 1988, o então secretário estadual da Indústria e Comércio, Otávio Ceccato, pediu demissão após tentar subornar um delegado da Polícia Federal com US$ 1 milhão para não ser indiciado no escândalo Banespa/Cecatto, onde o banco perdeu cerca de US$ 55 milhões em operações financeiras...

O governo Quércia também sofreu acusações de adquirir sem licitação equipamentos israelenses para as universidades estaduais e polícias civil e militar num valor de US$ 310 milhões, onde o estado perdeu um valor estimado em US$ 40 milhões... Em julho de 1990 foram iniciadas as obras do VLT de Campinas que custou cerca de US$ 50 milhões..

Seu predomínio junto ao PMDB e sua defesa em favor dos cinco anos de mandato para o presidente José Sarney levou seus adversários internos a deixar a legenda e fundarem o PSDB em 24 de junho de 1988. Nesse mesmo ano perdeu as eleições municipais em São Paulo e Campinas. Apesar do revés teve seu nome cogitado para disputar as eleições presidenciais em 1989, entretanto a candidatura escolhida pelo partido foi a de Ulysses Guimarães.

Ao fim do mandato Quércia obtinha bons índices de aprovação junto à população paulista e conseguiu eleger o seu sucessor, Luiz Antônio Fleury Filho, que até pouco tempo antes era o semi-desconhecido secretário de Segurança Pública do governo Quércia.

Mas as inúmeras denúncias de corrupção relativas à gestão de Quércia que surgiram posteriormente (a denúncia mais célebre foi a de má gestão do BANESPA), o insatisfatório mandato desempenhado por Fleury e o esvaziamento de algumas medidas tomadas em seu antigo cargo acabaram por comprometer a sua imagem de forma aparentemente irremediável.

Presidente do PMDB
 Quércia foi um dos fundadores do PMDB, tendo-o presidido entre 24 de março de 1991 e 26 de abril de 1993 ao renunciar da presidência ante as sucessivas denúncias de corrupção e o refluir de seu apoio político. Em seu período como presidente do partido fez oposição do governo Fernando Collor, apoiando inclusive o processo de impeachment, viu morrer Ulysses Guimarães e apoiou o regime presidencialista no plebiscito de 21 de abril de 1993. Ao deixar o comando da legenda foi substituído interinamente pelo senador José Fogaça e depois por Luiz Henrique da Silveira.

Em 1994 enfrentou a oposição de partidários que apoiavam o governo Itamar Franco e venceu Roberto Requião na convenção que apontou o candidato do PMDB à Presidência da República numa campanha marcada pelo discurso em favor do nacionalismo, municipalismo e por críticas ao Plano Real. Ao final terminou a disputa em quarto lugar tendo sido superado até por Enéas Carneiro (PRONA).

Foi presidente do diretório do PMDB de São Paulo, de 2001 a 2003. Reeleito em 2006, foi agraciado mais uma vez como presidente do PMDB paulista em 13 de dezembro de 2009 ao ser eleito pela 4ª vez o presidente na chapa Unidade do PMDB derrotando o deputado federal Francisco Rossi (chapa Candidatura Própria Já) com 597 votos contra 73 (88% dos votos contra 12%) em convenção partidária ocorrida na ALESP.

Candidaturas

Orestes Quércia em Avaré, na década de 1980Desde que Quércia deixou o governo de São Paulo em 1991, não conseguiu vencer nenhuma outra disputa eleitoral – foi o candidato do PMDB à Presidência da República em 1994, ao governo estadual em 1998/2006 e ao Senado Federal em 2002 (ia ser candidato novamente ao Senado em 2010, mas renunciou à candidatura devido ao tratamento de câncer de próstata).

Quércia foi o 4° colocado das eleições de 1994 com 2.773.793 votos (4,4% dos válidos) – tendo ficado atrás do vitorioso Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que obteve 34.377.198 votos (54,3% dos válidos); de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o 2º colocado com 17.126.291 votos (27% dos válidos) e de Enéas Ferreira Carneiro (PRONA), o 3º colocado com 4.672.026 votos (7,4% dos válidos).

Foi o 5º colcado no 1º turno das eleições de 1998 com 714.097 votos (4,30% dos válidos) – atrás do 1º colocado Paulo Maluf (PPB), que obteve 5.351.026 votos (32,21% dos válidos); do então governador Mário Covas (PSDB), o 2º colocado com 3.813.186 votos (22,95% dos válidos); da então deputada federal Marta Suplicy (PT), a 3ª colocada com 3.738.750 votos (22,51% dos válidos) e de Francisco Rossi (PDT), o 4º colocado com 2.843.515 votos (17,12% dos válidos).

Foi o 3º colocado nas eleições de 2002 com 5.550.803 votos (15,8% dos válidos) – atrás do então deputado federal petista Aloízio Mercadante, eleito senador na 1ª colocação com 10.491.345 votos (29,9% dos válidos) e do senador pefelista Romeu Tuma, re-eleito na 2ª colocação com 7.278.185 votos (20,7% dos válidos).

Foi o 3º colocado nas eleições de 2006 com 977.695 votos (4,57% dos válidos) – atrás do vitorioso José Serra (PSDB), que obteve 12.381.038 votos (57,93% dos válidos) e do senador petista Aloízio Mercadante, que obteve 6.771.582 votos (31,68% dos válidos).
Eleições 2010

Após ter apoiado a vitoriosa campanha de Gilberto Kassab (DEM) à prefeitura de São Paulo em 2008, Quércia foi procurado por diversos líderes políticos para apoio nas eleições de 2010. De acordo com notícia publicada na Folha Online, o PSDB fechou parcerias com o PMDB de São Paulo presidido por Quércia pelo apoio a José Serra, Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes. Os petistas, por outro lado, contam com a movimentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para segurar o PMDB como vice na chapa governista.

Para fortalecer o PMDB em São Paulo, Quércia percorreu diversas regiões do interior paulista para unir as lideranças partidárias para o pleito de 2010. Mas, devido a um câncer na próstata, deixou a candidatura ao Senado por São Paulo em 6 de setembro de 2010 para tratar a doença.

Como empresário
Quércia
 Quércia atuou nos ramos imobiliário e das comunicações – foi proprietário do Grupo Sol Panamby, que detém controle da rádio Nova Brasil FM, do jornal financeiro DCI, de emissoras afiliadas ao SBT como a TVB Campinas e a TVB Santos, do Shopping Jaraguá e de várias fazendas. Seu patrimônio foi avaliado em mais de R$117 milhões.