Pousaram em teu corpo, em tempo imemorial,
dois alvos pombos
e em ti fizeram ninho.
Vou encontrá-los, vivos, aconchegados,
e só faltam arrulhar quando os tomo nas mãos
tensos, pesados,
e os acarinho...
Alvos pombos, em ti,
descubro-os sempre a medo, a temer espantá-los...
- São encantados regalos
para os meus olhos,
e soltos, postam-se inquietos
e surpresos,
como ainda há pouco os vi...
Os bicos no ar... (parece que ainda estou a vê-los)
em suspenso, palpitam sem que eu possa contê-los,
mas em vão tentam voar:
- estão presos a ti...
Alvos pombos... ("quem sabe se se põem a arrulhar
quando os tenho nas mãos, belos,
sensuais,
tal como os outros quando se amam,
e arrulham
nos beirais?"...)