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Padre Vieira dizia Que o Jumento é nosso irmão Eu concordo plenamente Pois não falou sem razão Só que um irmão explorado, Sofrido e desrespeitado Mesmo empuxando o sertão. Ele não tem ambição, Não inveja nem cobiça, É feliz com o que possui E jamais foge da liça, Atrás dos maus nunca segue, Não acha a paz que persegue E é vitima da injustiça. A maldade não atiça, E o destino não rejeita, Faz sem buscar recompensa, O bem, e jamais enjeita, Amizade, se lhe dão E a quem lhe estende a mão Calorosamente aceita. Por isto não é desfeita Ser no jegue retratado, Dá-me até um certo orgulho, Como ele ser comparado, Pois tenho muita energia E trabalho noite e dia Apesar de aposentado. Como ele, determinado Não desisto facilmente, Levo uma carga pesada, Sou pobre e vivo doente Mas tenho a cabeça dura Coisa alguma me segura, Se morrer, caio pra frente. Por isto vivo contente Apesar da barrocheira, Se morrer, não vou pro céu, Não farei esta besteira, Também não vou pro inferno Prefiro o labor eterno Vagando com Zé Limeira. Mestre Egídio |