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30 de ago. de 2011

Perguntas e respostas sobre hepatite



O Dia Mundial da Hepatite, comemorado no dia 28 de julho, foi mais uma maneira de conscientizar todos sobre os dados alarmantes da hepatite e a importância de medidas preventivas para conter e controlar a doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um terço da população mundial (dois bilhões de pessoas) está infectado pela doença.

A cada ano, cerca de quatro milhões de indivíduos são infectados pela hepatite C e 130 a 170 milhões de pessoas desenvolvem a forma crônica, que aumenta o risco de cirrose ou câncer de fígado. No Brasil, os dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam aproximadamente 284 mil casos entre 1999 e 2009. A partir de agosto, o Sistema Único de Saúde (SUS) irá oferecer testes rápidos para a detecção da doença.

Caracterizada por uma inflamação no fígado, a hepatite é provocada pelos vírus A, B, C, D ou E na maior parte dos casos. Você sabe quais as diferenças entre eles e como prevenir e combater cada tipo?
  • Pergunta 1: Os sintomas da hepatite são fáceis de serem percebidos? 

    Resposta: A hepatite aguda é mais fácil de perceber: olhos amarelados, náuseas, dor abdominal e febre. Mas o infectologista Paulo Roberto Ferreira, do Hospital Bandeirantes, conta que as formas crônicas das hepatites B e C raramente apresentam sintomas fortes. "Depois do início, não há sintomas por 20 a 30 anos, até que apareça cirrose ou câncer de fígado. Esse é o grande problema da doença, que é silenciosa por muito tempo", afirma. A OMS estima que 80% das pessoas com hepatite não apresentam sintomas.
  •  Pergunta 2: Os vírus da hepatite podem ser contraídos pela ingestão de água e alimentos contaminados? 

    Resposta: É o caso da hepatite A, que é frequente no Brasil, e da E, que é mais rara. Ambas são benignas, de forma que, após a fase inicial e de sintomas, há a cura completa na maioria dos casos, como explica o infectologista Paulo Roberto Ferreira. "Como ambas são transmitidas por alimentos e líquidos contaminados, a prevenção se dá pela higienização adequada dos alimentos e das mãos. Contra a hepatite A, também há vacina extremamente eficaz", conta.
  •  Pergunta 3: A hepatite também pode ser transmitida pelo contato sanguíneo?

    Resposta: Como o vírus B e C são transmitidos por contato sanguíneo, instrumentos de manicure que estiverem contaminados podem transmitir hepatite, caso exista algum machucado nas mãos ou nos pés. O infectologista Paulo Ferreira também recomenda que quem tiver histórico de transfusão de sangue, drogas injetáveis, tatuagem, piercing, exposição a sangue contaminado, relação sexual sem preservativos ou alteração dos exames de sangue de funcionamento do fígado deve procurar um médico para fazer exames.
  •  Pergunta 4: Como detectar a presença da hepatite B ou C? 

    Resposta: Apenas uma gota de sangue é necessária para que o teste rápido seja feito, que dura cerca de meia hora. A partir de agosto de 2011, a rede SUS (Sistema Único de Saúde) passará a oferecer esses testes, com o objetivo de obter o diagnóstico precoce da doença, o que evitaria a transmissão e facilitaria o tratamento.
  •  Pergunta 5: Todos esses vírus possuem vacina?
       
    Resposta: Apesar de ter um risco mínimo ou quase nulo de ser transmitida pela relação sexual, a hepatite C merece dupla atenção por não possuir vacina. O infectologista Paulo Ferreira alerta para os cuidados necessários: "Não compartilhar seringas, agulhas ou outros utensílios; ao optar por tatuagens e piercings, fazer em local credenciado pela vigilância sanitária; usar material próprio e limpo em manicures e utilizar sempre camisinha durante as relações sexuais".
  •  Pergunta 6: Como é o tratamento da hepatite C? 

    Resposta: Segundo o infectologista Luiz Orlando da Conceição, do Hospital São Luiz, o tratamento da hepatite C é feito com ribavirina (oral) e interferon (injeção) e pode durar até um ano. "O vírus que sempre vai embora e não aparece na forma crônica é o da hepatite A, que necessita de cuidados gerais e tratamento para amenizar sintomas", conta. Já no caso da hepatite B, o cuidado deve ser maior porque a chance de se transformar em uma hepatite crônica é de cerca de 10%.
  •  Pergunta 7: E a hepatite D, em quem ela se manifesta?

    Resposta: "O vírus da hepatite D somente infecta pessoas que também são portadoras do vírus da hepatite B, ou seja, ele não tem a capacidade de provocar a doença sozinho", conta o infectologista Luiz Orlando da Conceição. O paciente que for infectado por esse vírus tem maiores chances de desenvolver a forma aguda da doença e precisar de transplante de fígado.
  •  Pergunta 8: A hepatite pode levar à morte?

    Resposta: Existe uma forma bem rara que é a hepatite fulminante, de evolução grave, com grande risco de óbito e que pode ser causada por todos os vírus das hepatites, como explica o infectologista Luiz Orlando da Conceição. "Outra forma que preocupa são as chamadas formas crônicas, que evoluem durante muitos anos de forma silenciosa e possuem grande chance de evoluir para cirrose, podendo chegar à necessidade de um transplante", afirma. Essas formas crônicas podem ser causadas pelos vírus B e C.
  •  Pergunta 9: Uma pessoa pode ter hepatite até quantas vezes?

    Resposta: Segundo o infectologista Luiz Orlando da Conceição, cada vírus da hepatite pode ser adquirido apenas uma vez. Vale lembrar que é possível a pessoa ter mais de uma hepatite, porque adquiriu mais de um vírus. "Existem casos de pessoas que adquiriram três vírus de hepatite: A, B e C", diz o especialista.
  •  Pergunta 10: A hepatite tem perigo maior durante a gravidez? 

    Resposta: A hepatite, sobretudo B e C, pode ser transmitida ao bebê pela mãe e ainda pode provocar complicações sérias durante a gestação. "É por isso que, no pré-natal, é obrigatório fazer exames que detectam hepatite, assim como sífilis, HIV, toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose", conta o infectologista Paulo Roberto Ferreira. Quanto antes a presença de uma dessas doenças for detectada, mais cedo começarão os esforços para cuidar da gestante e prevenir a transmissão das doenças ao bebê.