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30 de ago. de 2011

Ter o coração partido e uma queimadura tem o mesmo efeito para o cérebro




A ciência finalmente confirmou o que qualquer um que já esteve apaixonado sabe: levar um fora doi. Fãs da balada melosa dos anos 60 agora estão cientificamente corretos ao cantarem “Love Hurts”.

Em um novo estudo utilizando ressonância magnética funcional (RMF), pesquisadores descobriram que as mesmas redes cerebrais ativadas quando você se queima com café quente também entram em ação quando você pensa em um amante que te desprezou.
Em outras palavras, o cérebro não parece distinguir claramente dor física de dor emocional intensa. Mágoa e rompimentos dolorosos são “mais do que apenas metáforas”, explica Ethan Kross, pesquisador chefe e professor de psicologia da Universidade de Michigan.

O estudo, publicado na revista “Procedimentos”, da Academia Nacional de Ciências, aponta o papel que os sentimentos de rejeição e trauma emocional podem desempenhar no desenvolvimento de distúrbios de dor crônica, como fibromialgia (síndrome dolorosa generalizada não-infamatória). “Isso levanta questões interessantes sobre a possibilidade de o tratamento da dor física ajudar a aliviar a dor emocional e vice-versa”, acrescenta Kross.

“O que é interessante sobre estes resultados”, diz ele, “é que eles definem a forma direta pela qual experiências emocionais podem estar ligados ao corpo”.
Kross e seus colegas recrutaram 21 mulheres e 19 homens que não tinham histórico de dor crônica ou doença mental, mas que haviam sido dispensados pelo(a) parceiro(a) nos últimos seis meses. Os voluntários foram submetidos aos testes de ressonância magnética – que mede a atividade cerebral por meio de mudanças no fluxo de sangue – durante duas tarefas dolorosas.

Na primeiro, uma fonte de calor presa ao braço esquerdo de cada participante criou dor física semelhante a um “copo de café quente sendo segurado sem pano, guardanapo ou qualquer outro objeto que alivie o calor”, explica Kross. No segundo, os voluntários foram convidados a olhar para as fotos de seus amores perdidos e recordar experiências específicas que compartilharam com a pessoa.
Outras pesquisas de ressonância magnética haviam analisado como a rejeição social se manifesta no cérebro, mas esse estudo foi o primeiro a mostrar que a rejeição pode provocar uma resposta em duas áreas do cérebro associadas à dor física: no córtex somatossensorial secundário e na ínsula dorsal posterior. “Essas regiões do cérebro podem ter aparecido nesse estudo em particular, e não nos anteriores, porque a rejeição que seus voluntários experimentaram foi anormalmente intenso”, afirma Kross.


“Traumas do passado podem tornar as pessoas mais sensíveis à dor e, portanto, mais suscetíveis a doenças como fibromialgia, que causa tanto dor crônica quanto fadiga”, alerta Scheman. Ela e sua equipe encorajam seus pacientes a “explorar seus traumas emocionais”, mas muitos relutam em fazê-lo.
Embora Kross salienta que o estudo é “apenas o primeiro passo” para a compreensão da relação entre dor física e emocional, os resultados podem ajudar pacientes de cor crônica a compreender que emoções podem afetar a sua condição física, de acordo com a psicóloga Judith Scheman, diretora do programa de reabilitação da dor crônica na Clínica de Cleveland, Estados Unidos.

“Como médico, eu gosto de estudos como esse, pois os pacientes muitas vezes não entendem porque têm que fazer um trabalho emocional doloroso”, diz. “Mostrar-lhes algo como isso ajuda-os a compreender que existe base científica para o que eu peço para eles fazerem”.




Fonte: CNNHealth