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2 de out. de 2011

Menino de rua!...


Numa fria madrugada
dessas do corpo tremer,
eu decidi em fazer,
uma breve caminhada:
Um agasalho, vesti,
pelas ruas saí,
a cumprir a minha jornada.
 
Não demorou muito e me vi,
diante de uma triste cena,
uma criança pequena,
estava no chão a dormir:
Dela me aproximei,
o agasalho, tirei,
o seu corpinho eu cobri.

Afaguei-a de mansinho
e suavemente a chamei,
pra criança eu perguntei,
com palavras de carinho:
"Porque dormes aqui, menino"?!
Ele respondeu-me: "O destino,
me deixou no mundo, sozinho.

Decidido em conversar
com aquele menino de rua,
que dormia a luz da lua,
o convidei a lanchar;
Enquanto ele comia,
o coração me dizia
“Quanta falta faz um lar".

Perguntei a certa altura,
se já havia estudado,
e o garoto, coitado,
me olhando com ternura:
“Sim, eu estudo, senhor,
o mundo é o meu professor,
o meu diploma, a sepultura”.

Com a alma comovida
fiquei a olhar a criança,
pobre sem quase esperança
de um dia vencer na vida;
Sem o apoio de ninguém,
aquela criança só tem,
paz, quando adormecida.


Do alto da sua inocência
não tem direito a escola,
vive de pedir esmola,
pra sua sobrevivência;
Marginalizado, sofrido,
mais tarde vira bandido,
seu mundo é a violência.
 
Cumprindo humildemente
o que lhe reservou o destino,
aquele pobre menino
é mesmo um forte, um valente,
vive a vida mendigando,
comendo o que está sobrando,
na mesa de muita gente.

Enfrenta o frio, o calor,
passa noites mal dormidas,
calçada é a sua guarida,
papel de jornal, o cobertor,
a miséria, a sua cama,
mas de nada ele reclama,
nem, mesmo a falta de amor.

Sem ter como ajudar
aquele garoto pobre,
de gestos meigos e nobres
só me restou ir buscar...
Uma justa explicação,
pra o futuro da Nação,
ter que dormir ao luar.