Micronecta scholtzi: o animal mais barulhento do mundo
Na atualidade, temos mais de um milhão de espécies animais, em todo o mundo, já registadas. Alguns pesquisadores afirmam que esse número pode subir ainda mais, algo em torno de três a trinta milhões.
Apesar de serem catalogadas, muitas destas espécies têm poucas de suas características já conhecidas. Por esse motivo é que temos vários biólogos e pesquisadores de áreas correlatas pesquisando um grupo, ou mesmo uma espécie específica. A cada dia, novas descobertas aparecem, sendo algumas delas responsáveis por mudanças significativas na nossa forma de ver e interpretar a vida na Terra.
Dentre os diversos animais existentes, alguns se destacam pela capacidade de produzir sons significantemente altos, seja pelo uso de cordas vocais ou mesmo a partir do uso de partes de seu corpo para executar tal ato, tal como as cigarras. Eles geralmente são produzidos para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie, seja para atração de parceiros sexuais, informar um perigo em potencial ou mesmo em disputas intraespecíficas.
Alguns exemplos de “animais barulhentos” são
- Baleia azul (Balaenoptera musculus): 188 decibéis
- Rã-touro-gigante (Lithobates catesbeianus): 80 decibéis
- Foca-elefante-do-norte (Mirounga angustirostris): 100 decibéis.
- Elefante (Elephas maximus e Loxodonta africana): 95 decibéis
- Hiena (Crocuta crocuta): 70 decibéis.
- Leão (Panthera leo): 114 decibéis.
O bugio (Gênero Alouatta) é considerado, até segunda ordem, o animal terrestre mais barulhento do nosso planeta, atingindo os 130 decibéis ao vocalizar.
Apesar desse número considerável, o bugio não é capaz de vencer um pequeno invertebrado, denominado Micronecta scholtzi. Tal espécie de percevejo aquático, de apenas dois milímetros de comprimento, é capaz de emitir sons próximos aos 100 decibéis (algo semelhante à sensação auditiva que temos ao assistirmos a uma orquestra sinfônica, na primeira fila do auditório). Considerando seu tamanho diminuto, dentre uma relação entre seu tamanho corporal e capacidade sonora, é ele quem ganha o título deste texto.
O mais chocante, no entanto, ainda está por vir: o M. scholtzi produz tal som não pelo uso de cordas vocais, mas a partir da fricção de seu pênis sobre o abdome, em um fenômeno denominado estridulação. Considerando o órgão usado, não é de se estranhar que tal som é emitido pelo macho com o intuito de atrair fêmeas para reprodução!
Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental
Equipe Brasil Escola