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30 de nov. de 2011

Cientista cria vírus que pode matar metade da população da Terra



Sua ação é tão devastadora que autoridades de segurança terão que decidir se permitem ou não a publicação da pesquisa.

O virologista Ron Fouchier do Erasmus Medical Center, Roterdã, Holanda, diz que sua equipe criou o que ele diz ser "provavelmente um dos vírus mais perigosos que você pode fazer" e por isso que ele quer publicar um artigo descrevendo como eles fizeram isso.


O vírus é uma cepa da gripe aviária H5N1, que foi geneticamente alterado e agora é facilmente transmissível entre os furões, os animais cuja resposta à gripe mais se assemelha com a humana. Os cientistas acreditam que é provável que o patógeno, se surgir na natureza ou for liberado, provocaria uma pandemia de gripe, possivelmente com muitos milhões de mortes.

Fouchier confirmou as notícias da New Scientist e Scientific American sobre uma reunião de Setembro, em Malta, onde ele apresentou pela primeira vez o estudo. Essas histórias descrevem como Fouchier inicialmente tentou tornar o vírus mais transmissível fazendo alterações específicas em seu genoma, usando um processo chamado genética reversa, quando isso falhou, ele passou o vírus de um animal para outro várias vezes.


Depois de 10 gerações, o vírus tornou-se transmissível pelo ar. Furões saudáveis ​​foram infectados simplesmente por estarem alojados em uma gaiola ao lado de um doente. A nova versão do vírus tinha cinco mutações em dois genes, as quais já foram encontradas na natureza, porém, diz Fouchier, nunca de uma só vez na mesma cepa.

Furões não são seres humanos, mas em todos os estudos feitos até hoje, qualquer vírus da gripe que foi capaz de ser transmitido entre os furões também foi transmissível entre seres humanos, e vice-versa.

Isso poderia ser diferente desta vez, mas eu não apostaria qualquer dinheiro nisso.
Ron Fouchier. Virologista


O espectro de uma pandemia da gripe H5N1 mantém os cientistas alertas por causa do poder do vírus de matar. Dos casos conhecidos até agora, mais da metade foram fatais.

A taxa de letalidade real é provavelmente menor, porque um número desconhecido de casos mais leves da doença nunca são diagnosticados e notificados (talvez sejam confundidos com uma gripe comum), mas os cientistas concordam que o vírus é perigoso.

Baseado no que foi dito por Fouchier em Malta, a cepa criado pela equipe de Roterdã é tão letal para os furões quanto o original.

"Estes estudos são muito importantes", diz o especialista em gripe e biodefesa, Michael Osterholm, diretor do Centro de Política e Pesquisas de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, Twin Cities. Os investigadores "têm o apoio total da comunidade da gripe", diz Osterholm, porque há benefícios potenciais para a saúde pública. Por exemplo, os resultados mostram que aqueles que minimizam os riscos de uma pandemia de H5N1 devem pensar novamente, diz ele.

Conhecendo as mutações exatas que tornam o vírus transmissível também permite que os cientistas criem medidas de controle mais eficazes quando uma ou mais delas surgirem, acrescenta Fouchier. O estudo também permite aos pesquisadores testar se as vacinas e drogas antivirais contra a H5N1 iria funcionar contra a nova cepa.

Mas a abertura dessa Caixa de Pandora não passaria incólume na comunidade científica sem uma discussão sobre os aspectos éticos. Alguns estudiosos dizem que pesquisas de dupla utilização (estudos cujos resultados podem ser usados para o bem ou para o mal) desse tipo não deveriam ser feitas devido ao risco da receita cair nas mãos de bioterroristas. Há quem defenda até mesmo que haja uma autorização prévia da comunidade internacional para esse tipo de estudo (já que se algo assim escapar do laboratório afetaria toda a humanidade).

O geneticista de micróbios Paul Keim, que estudou o antraz durante anos, é chefe da NSABB (National Science Advisory Board for Biosecurity), órgão americano que vai decidir se o estudo será publicado. Keim declarou à Science Insider:
Eu não consigo pensar em outro organismo patogênico que seja tão assustador quanto este. Eu não acho que o antraz seja nem um pouco assustador comparado a este.



Science Insider
Via BBA