Páginas

31 de ago. de 2012

Dados de satélite confirmam degelo recorde no Ártico




Scientific Visualization Studio, NASA Goddard Space Flight Center

Imagem da Nasa mostra extensão da cobertura de gelo no Polo Norte no domingo (26).
A linha amarela indica a extensão mínima média do período entre 1979 e 2010
Uma quantidade crítica de gelo no Oceano Ártico derreteu este ano a níveis inéditos, confirmou o National Snow and Ice Data Center (NSIDC), dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (27).
De acordo com suas medições, a extensão da cobertura de gelo do Ártico chegou a 4,09 milhões de km 2 , e é bem provável que mais gelo ainda derreta nas próximas semanas. Este dado quebra o recorde anterior, de 4,17 milhões de km 2 , estabelecido em 2007.
A região do Polo Norte é um oceano cuja superfície é coberta de gelo. No inverno do Hemisfério Norte, a água congelada cobre uma área de de cerca de 15,54 milhões de km 2 , encolhendo durante o verão e depois aumentando de novo no outono. É uma dinâmica diferente da da Antártida, que é continente coberto de gelo e cercado de gelo marinho.
O gelo marinho ártico chega na sua extensão mínima em meados de setembro, e começa a recongelar. Mas os níveis chegaram noúltimo domingo (26) a 69.930 km 2 além do recorde antigo, registrado desde 1979.
Ted Scambos, do NSIDC disse que apesar de alguns fatores naturais terem contribuído, a causa principal do degelo recorde é, sem sombra de dúvida, as mudanças climáticas causadas pela emissão de gases de efeito estufa.

Infográfico: como acontece o aquecimento global 
"Estes dados realmente implicam que o Ártico está mudando", afirmou outro pesquisador, Tom Wagner, do programa de sistemas de gelo da Nasa.
Wagner e Scambos afirmam quem chegou-se a acreditar que 2007 havia sido uma exceção, mas a sequência de dados mostra que algo maior está acontecendo. O recorde de 2012 pode ser um indicativo forte que estamos perto do dia em que não haverá mais gelo no Ártico durante o verão, acredita o glaciólogo Waleed Abdalati, cientista chefe da Nasa.
Uma das grandes preocupações, diz Abdalati, é o impacto deste degelo no clima global. "Este gelo é um importante fator no clima em que a civilização moderna evoluiu˜, explica. "Não sabemos qual vai ser o impacto do degelo˜, complementa Wagner.
Os cientistas dizem que o gelo do Ártico ajuda a moderar as temperaturas do hemisfério norte no verão e no inverno. Um estudo publicado este ano no periódico Geophysical Research Letters ligou a perda de gelo no Polo Norte com a maior probabilidade de eventos meteorológicos extremos, como secas, enchentes e ondas de calor.
O gelo ártico também é essencial para ursos polares e outros animais.
Wagner diz que o degelo ártico acompanha outras mudanças, como a perda de geleiras no Alasca e Canadá, e degelo recorde na Groenlândia . Ali, as temperaturas foram de nove a 18 graus mais quentes que o normal neste verão e o gelo está refletindo menos calor -- ou seja, absorvendo-o -- do que antes.
"A tendência é o degelo continuar, porque a Terra está ficando mais quente", Scambos afirma. "Ano após ano, os recordes vão continuar… Não tem mais volta."