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25 de fev. de 2013

A Ordem Criminosa do Mundo


Documentário exibido em 2008, pela TVE espanhola. Pode se dizer que há algo de profético em seus depoimentos, pois o documentário foi feito antes da crise que arrebatou os países periféricos da Europa, como a Espanha.


Todos os anos milhões de pessoas morrem de fome neste planeta, embora o planeta seja muito rico.


A ordem do planeta é mortífera e absurda; há que mudar essa ordem criminosa do mundo.
O humanismo ou qualquer escrúpulo moral simplesmente não são possíveis num mundo onde reina necessariamente, estruturalmente, a avidez, o desejo de poder e o cinismo mais violento.
O direito à independência, o direito à soberania, é hoje em dia um luxo dos países poderosos, dos países ricos.
Quando os países pobres exercem esse patriotismo, esse patriotismo se converte em populismo ou pior ainda: em terrorismo, e constitui uma ameaça para o mundo.
Então, nós não temos o direito a nos defender, só a obedecer ao que os outros decidem por nós e esses outros são os que exercem o governo mundial.
Os verdadeiros donos do mundo, hoje em dia, em primeiro lugar são invisíveis, não estão submetidos a nenhum controle social, sindical, parlamentar.
São homens na sombra que procuram o governo do mundo.
Detrás dos Estados, detrás das organizações internacionais há um governo oligárquico de muito poucas pessoas, mas que conta com uma potência, uma influência, um controle social sobre a humanidade como Papa algum, imperador ou rei algum, tiveram na história da humanidade.
Mas quem é esse assassino em série que mata tudo em que toca?
Haveria que metê-lo na cadeia, acho. Mas não se pode meter na cadeia este assassino em série porque ele tem as chaves de todas as cadeias, porque é um sistema universal de poder que transformou o mundo num manicômio e num matadouro.

A ORDEM CRIMINOSA DO MUNDO


A miséria mais extrema se faz visível em distintos cenários do planeta, como esta lixeira onde se alimentam 500 famílias miseráveis nas Honduras.
São visões obscenas e repetidas num mundo que durante os últimos 20 anos mudou de forma vertiginosa.
Depois de mais de quatro décadas de guerra fria, o combate entre as utopias capitalista e comunista se saldou com o desmoronamento do bloco socialista, e a confrontação político-militar entre o leste e o oeste foi substituída por uma profunda divisão econômica entre o norte e o sul.
Desde a queda do muro de Berlim as fronteiras internacionais já não separam sistemas políticos com modelos sociais opostos mas nações enriquecidas de povos empobrecidos.
A atual "cortina de ferro" está na barreira que detém os imigrantes, como portas intransponíveis de um norte opulento, graças à exploração do Sul.
Uma nova ordem mundial tão rígida como a anterior estabeleceu sob o controle de super-poderosas multinacionais de capital.
Um sistema universal de poder com o credo do neoliberalismo como ideologia e que encontrou seu principal inimigo numa devastadora violência terrorista.
Um modelo extremamente injusto onde desaparecem os antigos sonhos políticos e cuja análise se faz urgente.
Jean Seagler é uma das mentes mais lúcidas da esquerda europeia.
Professor de Sociologia nas Universidades de Sorbone e Genebra, seus ensaios políticos deram-lhe prestígio mundial.
Há muitos anos que as suas análises radicais ressoam no seio da Segunda Internacional e seus informes como relator das Nações Unidas constituem inapeláveis registros de acusação contra a injusta distribuição da riqueza.
Eduardo Galeano é um dos intelectuais mais respeitados da esquerda Latino-Americana um valente trabalho jornalístico de clara oposição à barbárie militar no Cone Sul, o forçou ao exílio.
Seu insubornável compromisso ético que se manifesta em toda a sua obra por meio de uma deliciosa ironia poética, valeu-lhe o reconhecimento internacional da sua figura literária.
As vozes críticas de Galeano e Seagler se cruzam para desnudar e retratar o implacável sistema de poder que parece estar se consolidando nos inícios do Século 21.
E às suas opiniões se somam as de outras personalidades como o dirigente campesino colombiano Héctor Mondragón, os missionários espanhóis na África, José Callado e Angel Ularan, o jurista norte-americano William Gutman, a ex-ministra da cultura do Mali, Aminata Traoré, o Juiz espanhol Baltazar Garzón, e o escritor argentino Ernesto Sábato, numa tentativa comum de examinar a nova ordem do mundo.

OS DONOS DO MUNDO

O Estado tal como o conhecemos, o Estado Nacional que surgiu da Revolução Francesa no Século 18, da unificação dos distintos países europeus, é um Estado Territorial.
É territorial, suas leis deixam de ter efeito além das suas fronteiras assim como a sua polícia e justiça.
Seu grande poder de legislar está delimitado pelo território.
Mas os donos do mundo, os donos do capital financeiro mundializado são totalmente independentes de qualquer forma de território.
Porque no processo de criação do mercado globalizado, de unificação do mundo sob a lei do lucro máximo, um dos tipos de capital emancipou-se: o capital financeiro, o capital virtual, o capital líquido, o capital móvel, que se faz visível e toma corpo nas Bolsas e que domina o capital comercial, o capital industrial, ao capital social em todas as suas formas.
Na Bolsa, quando encerra Tóquio, abrem as de Frankfurt, Madrid, Paris e Londres e quando encerram as Bolsas Europeias, ganham destaque as de Nova Iorque e Chicago.
Portanto, o capital financeiro percorre o planeta as 24 horas do dia com uma única finalidade:

O LUCRO MÁXIMO.