Hillary Clinton diz que aliados da Otan buscam meios para financiar rebeldes na Líbia
Agências internacionais
BERLIM - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira que os países da Otan e seus aliados na ofensiva contra Muamar Kadafi estão buscando maneiras de financiar os rebeldes na Líbia. A possibilidade havia sido sugerida pelo ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, durante um encontro no Qatar de um grupo de contato criado para discutir a situação do país do Norte da África.
- A oposição precisa de muita assistência, na área organizacional, na área humanitária e na área militar - disse Hillary após um encontro de ministros dos países da Otan em Berlim. - Houve algumas discussões sobre como melhor oferecer essa assistência. (...) Quem quer fazer isso. Nós também estamos buscando maneiras de financiar a oposição.
Durante a reunião na capital da Alemanha, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse esperar que os membros da aliança militar ofereçam logo mais aeronaves para realizar ataques contra as forças de Kadafi. O encontro de dois dias em Berlim não gerou, no entanto, qualquer comprometimento específico por parte dos integrantes da organização.
O comandante de mais alto escalão da Otan, o almirante americano James Stavridis, disse que há uma necessidade crescente por aeronaves capazes de realizar ataques precisos para evitar a morte de civis em casos de fogo amigo. Segundo ele, as forças de Kadafi estão se camuflando em áreas populosas para evitar os ataques estrangeiros.
França e Reino Unido estão exortando outros aliados da Otan a fornecer mais aviões, depois de os EUA terem reduzido sua participação na operação. Até agora, americanos e os aliados europeus da Otan vêm rejeitando os chamados para uma participação mais ativa.
Representantes da Otan dizem que faltam à aliança cerca de dez aviões para ataques aéreos. Um funcionário francês citou a Itália, Espanha, Holanda e Suécia como países que poderiam fazer mais. Na quinta-feira a Espanha declarou que não tem planos para juntar-se aos sete dos 28 membros da Otan que têm participado dos ataques aéreos.
A Itália, vista como candidata chave para aumentar o poder de fogo da Otan, imediatamente excluiu a possibilidade de ordenar que seus aviões abram fogo. Roma ofereceu bases aéreas para as forças da Otan e contribuiu para a missão com oito aviões, mas apenas para reconhecimento e monitoramento.
Obama, Sarkozy e Cameron reafirmam em artigo compromisso com ofensiva anti-Kadafi na Líbia
Agências internacionais
TRÍPOLI - Em um artigo conjunto publicado nesta sexta-feira em quatro jornais - "Le Figaro, "Times", "Herald Tribune" e "Al-Hayat" -, os presidentes Barack Obama e Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro David Cameron reafirmam seu compromisso com a ofensiva da Otan na Líbia e afirmam que deixar que o ditador Muamar Kadafi continue no poder seria uma "traição" ao povo líbio. Os líderes de EUA, França e Reino Unido vêm divergindo quanto às operações da aliança militar.
Em reunião em Berlim, na véspera, a Otan advertiu que necessita de mais aviões para combater as forças de Kadafi. Os governos francês e britânico pedem uma maior participação dos integrantes da aliança, mas há resistências.
No artigo, Obama, Sarkozy e Cameron reafirmam, porém, que o objetivo da ação internacional "não é eliminar Kadafi à força". "Mas é impensável que alguém que quis massacrar seu povo tenha lugar em um futuro governo líbio", acrescenta o texto dos líderes. "Isso condenaria o país a ser não apenas um Estado pária, mas também um Estado falido", afirmam os três.
"Enquanto Kadafi estiver no poder, a Otan e seus parceiros na coalizão precisam manter suas operações para que os civis permaneçam protegidos e a pressão sobre o regime se mantenha", diz o artigo. "Depois uma genuína transição da ditadura para um processo constitucional inclusivo pode realmente começar, liderado por uma nova geração de líderes. Para a transição acontecer, o coronel Kadafi deve partir, e partir para sempre", afirmam os três.
Ofensiva
Otan pede aviões mais precisos e cobra maior participação de membros no confronto da Líbia
Agências internacionais
BERLIM - O comandante militar da Otan, James Stavridis, solicitou nesta quinta-feira aviões mais precisos para evitar a morte de civis líbios em suas operações, que já provocaram vítimas rebeldes e civis em fogo amigo. Apesar de o chanceler britânico, William Hague, assegurar que a Aliança Atlântica nunca esteve mais unida, nenhum país se ofereceu, na reunião em Berlim, para fornecer os aviões pedidos nem para auxiliar no ataque às tropas de Kadafi - num forte indício de que a estratégia da Otan na Líbia não é consenso entre seus membros.
- Certamente existem alguns países que não descartam (o envio de mais aviões) e podem muito bem consider fazer isso - disse Hague.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen said, disse que a organização precisa de mais aviões para atacar as forças do regime em áreas populosas. Segundo ele, os membros da Otan se comprometeram a fornecer "todos os recursos necessários" para a missão e manter "um ritmo operacional elevado contra alvos legítimos".
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Para evitar baixas entre os civis precisamos de equipamentos sofisticados
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.- Para evitar baixas entre os civis precisamos de equipamentos sofisticados, precisamos de mais aeronaves com artilharia precisa para ataques terrestres.
- Não tivemos promessas ou compromissos específicos nesta reunião, mas eu ouvi indicações que me deram esperança. E por natureza eu sou um otimista
Desde que os Estados Unidos passaram o comando da operação à Otan, França e Reino Unido vêm fazendo críticas abertas à falta de envolvimento de outros países na ação. Dos 28 membros da Aliança, apenas 14 participam ativamente da operação - acompanhados de outros países como o Qatar, os Emirados Árabes Unidos e a Suécia. Deles, apenas seis realizam ataques contra alvos terrestres do regime. O chanceler britânico, William Hague, afirmou ter esperanças de que outros países ofereçam caças para atacar as forças do ditador, enquanto os rebeldes - sob forte ataque na cidade de Misurata - pedem uma ação mais contundente da Otan.
" Os EUA já estão dando uma grande contribuição, com o apoio logístico. É razoável pedirmos que outros países façam novas contribuições "
.- Os EUA já estão dando uma grande contribuição, com o apoio logístico. É razoável pedirmos que outros países façam novas contribuições - disse Hague.
Mas numa reunião de portas fechadas, o chanceler francês, Alain Juppé, solicitou à secretária de Estado, Hillary Clinton, que os EUA contribuíssem com mais aviões para a operação. Hillary, no entanto, se mostrou resistente ao pedido.
No início da semana, o ministro da Defesa francês, Gerard Longuet, disse que apenas os aviões A-10 e AC-130, de posse exclusiva dos EUA, seriam capazes de romper o impasse militar. Apesar de terem passado o comando da operação à Otan, os EUA realizaram 35% das missões aéreas nos últimos dias, mas deixaram a responsabilidade de bombardear alvos militares e tropas de Kadafi a outros países. Oficialmente, funcionários americanos desviaram da questão, afirmando que a Otan não fez um pedido aos EUA por mais caças, e lembrando que o país já participa de diversas outras formas.
Paris e Londres vêm pressionando também, particularmente, Espanha, Itália, Holanda e Suécia para participarem de ataques às tropas de Kadafi. A Espanha já negou o pedido, e a Itália se mostra relutante.
- Tivemos sucesso no início bombardeando tanques, mas estamos encontrando problemas agora que Kadafi está movendo suas tropas para mais perto da população civil - disse uma diplomata ao "Washington Post".
Imposições contra Kadafi
Governo publica no Diário Oficial da União sanções do Conselho de Segurança da ONU à Líbia
Agências internacionais
RIO - O governo brasileiro publicou nesta sexta-feira no Diário Oficial da União a resolução da Organização das Nações Unidas, aprovada no dia 26 de fevereiro , com sanções à Líbia. A portaria - assinada pelo presidente em exercício, Michel Temer, já que a presidente Dilma Rousseff está em viagem oficial à China - obriga as autoridades brasileiras a cumprir as medidas adotadas contra o país do ditador Muamar Kadafi.
De acordo com a resolução, que recebeu voto favorável do Brasil, fica proibido fornecer, vender ou transferir armamento, munição, veículos militares, além de assistência técnica, treinamento ou ajuda financeira à Líbia.
A portaria traz ainda o nome de Kadafi e outras 15 pessoas ligadas a ele, entre parentes e membros do governo, que ficam proibidos de entrar ou transitar nos países que concordaram com a resolução da ONU. Outra lista traz o nome de seis pessoas também ligadas a Kadafi que terão seus recursos financeiros congelados em países que assinaram a resolução.
A resolução prevê ainda o envio a situação da Líbia ao Tribunal Penal Internacional.
Aisha Kadafi
Filha de Kadafi diz que pedido para que ditador da Líbia renuncie é um 'insulto'
Agências internacionais
TRÍPOLI - A filha de Muamar Kadafi, Aisha Kadafi, disse na manhã desta sexta-feira (horário local) que a exigência das potências ocidentais para que seu pai renuncie é um "insulto" para o povo líbio.
- Falar sobre Kadafi renunciar é um insulto para todos os líbios porque Kadafi não está na Líbia, mas nos corações de todos os líbios - afirmou Aisha diante de uma multidão de apoiadores que se aglomeraram no complexo de Bab Al-Aziziyah, em Trípoli.
Referindo-se às potências ocidentais que participam dos ataques aéreos contra a Líbia, ela questionou:
- Quem são os civis que vocês estão protegendo? São as pessoas que têm armas automáticas e granadas? Ou são os civis inocentes que vocês estão tentando proteger?
" Kadafi não está na Líbia, mas nos corações de todos os líbios. Deixem nossos céus, levem seus aviões "
.- Deixem nossos céus, levem seus aviões e seus mísseis - acrescentou.
O evento, transmitido ao vivo pela televisão, marcou o 25º aniversário dos ataques americanos ao complexo, que abriga um quartel militar. O então presidente dos EUA Ronald Regan disse que o ataque de 1986 foi em retaliação ao apoio líbio a uma explosão em uma boate de Berlim.
- Em 1911 a Itália matou meu avó em um ataque aéreo e agora eles estão tentando matar meu pai. Que Deus amaldiçoe suas mãos - disse ela.
Aisha ressaltou que tinha 5 anos na época.
- Eles jogaram bombas e mísseis sobre nós, eles tentaram me matar e mataram dezenas de crianças na Líbia - relatou.
- Agora, 25 anos depois, os mesmos mísseis e bombas caem sobre as cabeças dos meus e seus filhos - completou.
A televisão estatal disse, horas antes, que aviões da Otan lançaram bombas em Trípoli.
Desafio ao Ocidente?
TV da Líbia mostra imagens de Kadafi circulando por Trípoli, alvo de novo ataque da Otan
Agências internacionais
CAIRO - Após a capital da Líbia ser alvo de um ataque aéreo que cobriu parte da cidade de fumaça, a TV estatal do país mostrou imagens do ditador Muamar Kadafi circulando por Trípoli de carro. Segundo a emissora, Kadafi circulou pelas ruas durante um novo bombardeio da Otan. De chapéu, óculos escuros e jaqueta escura, o ditador apareceu gesticulando do lado de fora de um veículo com teto solar.
Segundo a TV estatal, o ataque a Trípoli atingiu civis. Mais cedo, uma testemunha contou que forças do governo líbio teriam disparado munição antiaérea contra aviões da Otan. Rebeldes líbios imploraram nesta quinta-feira por mais ataques aéreos da aliança à cidade de Misurata, localizada no oeste do país, a 200 quilômetros da capital.
Rebeldes alertaram sobre o risco de um massacre em Misurata, onde, segundo eles, 23 civis foram mortos nesta quinta em um ataque das forças aliadas a Kadafi. Os aliados militares do Ocidente, no entanto, entraram em desacordo sobre a campanha aérea.
Em reunião da Otan, Hillary pede unidade à aliança militar
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, expressou sua preocupação durante uma reunião da Otan em Berlim sobre as "atrocidades" cometidas pelo regime em Misurata, mas não indicou que os Estados Unidos estariam preparados a ingressar novamente nos ataques aéreos. Refletindo os receios sobre as tensões na organização, Hillary pediu à aliança militar que mantenha "a determinação e a unidade" contra o ditador, dizendo que ele estava testando a determinação do Ocidente.
Além dos EUA, diversos membros da Otan recusaram pedidos da França e do Reino Unido para contribuir com mais ataques aéreos, que vêm sendo realizados sob um mandato da ONU para proteger civis. Autoridades americanas disseram, no entanto, que os comandantes aliados não estavam solicitando maiores recursos.
Os cinco países emergentes que formam o Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - expressaram preocupações sobre os ataques aéreos da Otan após reuniões na China, e pediram o fim da guerra civil que já dura dois meses. A crítica se contrapõe ao primeiro pedido unificado pela derrubada de Kadafi, realizado por um grupo de países do Oriente Médio e do Ocidente que se reuniram no Qatar na quarta-feira. O chamado "grupo de contato" também expressou apoio aos rebeldes.