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19 de set. de 2011

Como o boi vira bife?



Existem no Brasil mais cabeças de gado do que gente, mesmo que mandemos todos os anos mais de 50 milhões de bovinos para o abate
É assim que o bife chega ao seu prato.


1. Monta Natural



É o jeito clássico de fazer filhos: na época de chuvas, a vaca entra no cio e o touro faz o que o touro deve fazer. Cerca de 90% dos bezerros nascem assim.


2. Inseminação artificial



Há ainda a fertilização induzida. Mas como detectar o cio? Para isso, usam-se vacas lésbicas (que recebem hormônio masculino) ou touros que não conseguem fecundar (por causa de cirurgias que entortam o pênis ou “amarram o prepúcio”). Esses animais carregam sacos de tinta e, ao tentar acasalar, mancham a vaca.


3. Fazendo bezerros


Identificado o cio, o veterinário usa uma das mãos para injetar a pipeta com sêmen na vagina da vaca. A outra ele coloca no ânus, para sentir se está injetando no lugar certo. Também é preciso estimular o clitóris para provocar um orgasmo. O líquido liberado no clímax é imprescindível à fecundação.

4. Nascimento



Os bezerrinhos nascem 10 meses depois. Eles serão amamentados e vacinados por 7 meses. Período concluído, as fêmeas voltam a engravidar. E os bezerros começam a engorda.


5. Pasto



Nos próximos dois anos e meio, o boi levará a vida que pediu ao deus bovino. Vai comer, beber, mugir com os amigos e fazer boizinhos. Só tem uma obrigação: engordar normalmente.


6. Confinamento



O abate se aproxima e a engorda é acelerada. Os bois são castrados e, para não perder peso, passam quase 3 meses sem andar. Mas a ração é de primeira: capim, cereais, melaço de cana, vitaminas e sais.

7. Transporte



Para um boi, a morte pesa 450 kg. Ao atingir esse peso, o animal é enviado ao matadouro. A viagem é estressante. O animal urina e sua mais do que o normal e chega a perder até 3% do peso.

8. Banho relax



As primeiras 24 horas no matadouro não são ruins. Para relaxar, recuperar o peso e esvaziar o intestino (o que facilitará a limpeza das tripas), os bois só bebem água e tomam duchas.


9. Exame final



Uma hora antes do abate, os bois são examinados. Quem passar no teste vai para a fila do abate. Os doentes são mortos separadamente. Se a doença for grave, carcaça é incinerada.


10. Corredor da Morte



Normalmente, há curvas para que os animais não saibam o que está acontecendo. E, nas paredes, dispositivos anti-empaque dão choques leves ou emitem ruídos. Um banho evita que a sujeira contamine a carne.

11. Tiro certeiro



No boxe de atordoamento, o animal recebe um tiro com pistola de pressão – ou um dardo que perfura o cérebro – e desmaia. A partir daí, para que não corra o risco de acordar, o boi deve ser morto em no máximo 3 minutos.

12. Desmaio


Uma portinhola se abre e o animal cai desacordado numa espécie de esteira. Ele será içado pelas patas para ficar com o pescoço para baixo.


13. Corte certeiro



Primeiro, um corte na pele do pescoço. Depois, é só esticar o braço e chegar à jugular: o boi está oficialmente morto. Durante 3 minutos, seus 20 litros de sangue escorrerão numa canaleta para ser vendidos a fábricas de ração para cães e gatos.


14. Corte e costura



Começa o desmonte do boi. Os chifres são serrados, patas e rabo são cortados, o couro é retirado e o abdômen é aberto para a separação das vísceras. Só então a carcaça é colocada numa câmara de resfriamento para que a carne recupere seu ph normal – o estresse pré-morte libera ácido láctico, que endurece a carne.


15. Bife no prato



Cada brasileiro consome cerca de 26 quilos de carne por ano – 3º maior consumo per capita do mundo, atrás da Argentina e dos EUA. Se considerarmos somente o consumo do Rio Grande do Sul, seriamos os 2º colocados com 39 Kg de carne/ano.



A vaca que não engravida vai para o abate. E a carne, considerada mais dura, é vendida a mercados secundários, como Bolívia e Peru.


Boi doente vira vela.Se a doença não for grave, depois do abate a carcaça é enviada para a graxaria, onde será cozida numa panela de pressão gigante. O que sai é um caldo gorduroso, usado para fazer velas, detergentes, explosivos, tintas e pneus.

Utilidades da carcaça:


Mucosa do estômago – Coalho e laticínios.


Pêlos do rabo – Pincéis e filtro de ar.


Tripas – Fios cirúrgicos, cordas para raquete e capa de salsicha.


Casco das patas e chifres – Pó para extintor de incêndio e lubrificantes.


Cálculos biliares – Pérolas artificiais.


Couro – Filme fotográfico, cola, gelatina e cápsulas farmacêuticas.


FONTE: Texto de Patrícia Vieira


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