Em 1938, o cineasta e autor Orson Welles produziu uma transmissão radiofônica intitulada “A Guerra dos Mundos”. De tão famosa que é essa história, duvido que você não conheça, mas vamos recapitular: a situação retratava um Exército alienígena que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofônica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta.
Isso provocou tamanho pânico nos ouvintes, que muita gente se suicidou, um caos se instalou, e as consequências foram graves. As pessoas acreditaram na ficção, imaginando estar enfrentando uma invasão extraterrestre.
Na Era do Rádio, tudo bem. E qual seria a versão 2011 da Guerra dos Mundos? Se hoje temos o método mais rápido de compartilhamento de informações, a internet e a rede social Twitter são grandes candidatos, não?
Assim entendeu Gerardo Buganza, secretário do Interior do Estado de Veracruz, no México, que afirmou ter ocorrido “terrorismo via Twitter”, provocado por duas pessoas que supostamente espalharam falsos relatos de homens armados atacando escolas e raptando crianças.
Um dos acusados teria tuitado: “Minha cunhada acabou de me ligar chateada, dizendo que sequestraram cinco crianças da escola”. Ambos os réus alegam que apenas repetiram o que viram em outros lugares da internet.
Esses relatos causaram o mesmo pânico de décadas atrás, já que os pais preocupados dirigiram ao redor da cidade para chegar a seus filhos. Ocorreram dezenas de acidentes de carro e as linhas telefônicas de emergência ficaram congestionadas.
As duas pessoas, um professor de escola particular e um apresentador de rádio, agora enfrentam 30 anos de prisão por acusações sob as leis de terrorismo. De acordo com o jornal Guardian, estas são as acusações mais graves de incitar o caos ou a violência através do Twitter até hoje.
Lá em 1938, Welles não recebeu nenhuma punição pela histeria em massa que sua transmissão causou. E você? Acha que as pessoas deveriam ser presas por incitar a violência ou caos usando a internet? Quão séria deveria ser essa punição?
Fonte: Mashable