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21 de nov. de 2011

Encontrado o Dinossauro mais antigo do Brasil






 Peter Moon Repórter especial de ÉPOCA vive No mundo da Lua, um espaço onde dá vazão ao seu fascínio por aventura, cultura, ciência e tecnologia.  petermoon@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)


Peter Moon Repórter especial
de ÉPOCA vive No mundo da
Lua, um espaço onde dá
vazão ao seu fascínio por
aventura, cultura, ciência e
tecnologia.

Desde que foi descoberto em Santa Maria (RS), em 1936, o estauricosauro ostentava os títulos de primeiro e mais antigo dinossauro do Brasil. Datado em 225 milhões de anos, o estauricosauro pode ter perdido o título de dinossauro mais antigo. O título pertenceria agora ao Pampadromaeus barberenai, um dinossauro igualmente gaúcho que teria vivido entre 230 e 228 milhões de anos atrás. Foi no período triássico, quando ainda não existia o Atlântico Sul. O Brasil estava colado na África, bem no centro do antigo supercontinente Gondwana.
Este é um de dezenas deles que por aqui passaram!
Ou será que o que acharam passou por Sousa?
Os 91 fragmentos que compõem o fóssil do pampadromeu foram escavados pelo paleontólogo Sérgio Cabreira em 2006, na cidadezinha de Agudo (RS), perto de Santa Maria. “Encontramos o elo perdido da era dos dinossauros”, disse Cabreira em 2006, ao exibir o fóssil. A declaração efusiva se devia ao fato de a anatomia do fóssil indicar que se tratava de um animal muito antigo e muito primitivo. O espécime foi levado ao Museu de Ciências Naturais, Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (RS), e estudado desde então pela nata da paleontologia gaúcha.
O Pampadromaeus barberenai foi oficialmente apresentado ao mundo científico no início de novembro, na reunião anual da Society of Vertebrate Paleontology, em Las Vegas. Esta semana foi a vez do estudo, publicado na bicentenária revista científica alemã Naturwissenschaften . Segundo os autores, o dinossauro inaugura um novo gênero com um nome inspirador, o dos “corredores dos pampas” ou pampadromeus (dromeus, em grego, quer dizer corredor), e da espécie “barberenai”, uma homenagem ao paleontólogo gaúcho Mário Costa Barberena.
O pampadromeu era bípede. Quando vivo, tinha 1,22 metro de comprimento, meio metro de altura e pesava uns 20 quilos. Apesar de pequeno, o pampadromeu era um ancestral da linhagem dos sauropodomorfos, os dinossauros quadrúpedes e pescoçudos que viriam a adquirir proporções colossais. A partir do período jurássico, iniciado há 200 milhões de anos, eles se tornariam os maiores animais terrestres de todos os tempos. No Rio Grande do Sul, há dois outros dinossauros com as mesmas características e que contribuíram para fundar a linhagem dos saurópodes: o Saturnalia tupiniquim e o Unaissauro. (confira no diagrama “Todos os dinossauros do Brasil”.
O pampadromeu é um dos mais antigos dinossauros do Brasil. Viveu no Rio Grande do Sul há 228 milhões de anos (Foto: Divulgação)
Se o pampadromeu tem mesmo entre 230 e 228 milhões de anos como sugerem os autores do estudo, ele seria até 5 milhões de anos mais velho que os quatro dinossauros brasileiros até então considerados os mais antigos: o estauricossauro, o saturnália, o unaissauro e o guaibassauro, todos com cerca de 225 milhões de anos. "É prematuro dizer que é o pampadromeu seria mais antigo que o estauricossauro", diz Atila DaRosa, paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria.
Só há no mundo cinco dinossauros mais antigos. Todos são argentinos, com idades entre 231 e 229 milhões de anos. Dois deles, o eoraptor e o panphagia, seriam parentes do pampadromeu e do saturnalia. 
Saber quem é o mais antigo é uma questão técnica que agora deve servir para acalorar o debate entre os paleontólogos. Para nós, os leigos, importante mesmo é saber que o Brasil e a Argentina foram o berço dos dinossauros. Cada nova espécie que surgir das rochas do Rio Grande do Sul servirá para revelar mais detalhes da história da evolução dos dinossauros. Neste sentido, seja muito bem-vindo, pampadromeu, o “corredor dos pampas”.
Referência:
Cabreira, S.F., C.L. Schultz, J.S. Bittencourt, M.B. Soares, D.C. Fortier, L.R. Silva, & M.C. Langer. 2011. New stem-sauropodomorph (Dinosauria, Saurischia) from the Triassic of Brazil.