“Na geração passada, as pessoas discutiam sobre uma definição de inteligência”, diz Richard Haier, professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em entrevista a LiveScience. De acordo com ele, a inteligência é algo real, que pode ser medida.
Com este propósito, a neurociência tem feito grandes progressos na descoberta de estruturas cerebrais e mecanismos que estão relacionados com a inteligência.
Atualmente, a melhor maneira conhecida de se testar as pessoas é através do teste de QI, ou seja, que determina o quociente de inteligência. O QI é uma medida obtida por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas de uma pessoa. Este teste é capaz de determinar, entre outras coisas, a habilidade espacial, memória e velocidade de processamento de informações. A pontuação média deste teste é 100, com desvio padrão de 15
“Nos últimos cem anos de estudo sobre a inteligência, têm sido obtidos resultados muitos constantes em diferentes fatores de inteligência, como estes, relacionados ao nível de inteligência das pessoas”, afirma Haier.
Ao discutir a inteligência, os pesquisadores também levam em conta um fator geral de inteligência, ou g, um fator comum a todos os testes de inteligência.
“Pense naquelas crianças mais inteligentes que você conhecia na escola – elas eram inteligentes de modo geral, e não em apenas uma matéria”, dz Haier. “É esta capacidade geral que reflete a pontuação g”.
De acordo com Haier, a pontuação do teste de QI e do fator g são boas estimativas de aptidão mental geral. Entretanto, eles não indicam se uma pessoa é muito hábil em uma determinada tarefa.
Os cientistas acreditam que a inteligência não surge de uma fonte única, ou seja, de um único local do cérebro. Na realidade, a inteligência estaria relacionada com conexões entre os distritos-chave da mente.
Haier é o responsável pelo desenvolvimento do modelo de inteligência conhecido como teoria da interação parietal-frontal, ou P-FIT (Parieto-Frontal Integration Theory). De acordo com esta teoria, existe uma rede de áreas no cérebro localizadas no lobo frontal e parietal que processam informações em cada individuo. Esta rede idiossincrática dá origem aos nossos talentos pessoais e déficits.
No cérebro, existe a massa cinzenta, região constituída apenas pelo corpo celular dos neurônios que processam as informações cerebrais; e a substância branca, composta por axônios através dos quais o neurônio envia informações para outro. No mundo cientifico, acredita-se que maiores volumes de matéria cinzenta podem estar relacionados com maior inteligência. Além disso, ter mais substância branca entre áreas cinzentas cruciais , pode significar comunicação mais rápida nas redes parieto-frontal, o que também pode estar relacionado com maior inteligência.
Apesar destas novas descobertas, a neurociência ainda não avançou a ponto de determinar apenas por imagens se um cérebro é de uma pessoa muito inteligente ou não. Nem o código genético pode revelar a probabilidade de desenvolvimento de uma pessoa brilhante.
Entretanto, a inteligência é hereditária, com pais inteligentes tipicamente produzindo proles inteligentes. O ambiente pode também influenciar, mas ainda não há provas.
“Todo mundo gostaria de pensar que existem intervenções ambientais que podem superar a biologia. Sabemos que isso ocorre na medicina – você pode superar certas predisposições genéticas por exercício ou mudando a dieta, mas ainda não encontramos essa relação sobre a habilidade cognitiva”, disse Haier.
Teste seu QI neste site, em inglês: http://www.iqtest.com.