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21 de mar. de 2012

Clássicos do Rock



Tá, confesso que costumo pensar que boa parte dos revivals têm prescrição de Viagra  e efeito semelhante à longevidade sexual dos pobres velhos broxas traídos pelas areias do tempo. Tipo, os caras tão ali mandando ver, mas num desempenho bem aquém do saudoso período de paudurecência natural. E o pior: a grana arrecadada nesses bailes rockers da 3ª idade (“melhor idade”, como apregoa a cartilha do politicamente correto) vai pra bancar despesas com groupies anacrônicas e médico geriatra. Mas toda regra tem sua exceção, amigos. Vamos a ela.
Notícia de ontem é fato de anteontem. E o relato que trago, na verdade, ocorreu há quase duas semanas. Mas foda-se. Tenho que compartilhar isso.
Tive orgasmo não-sexual ao ver o Television  no dia 8 de julho, em Porto Alegre. Era provavelmente o evento mais aguardado do Gig Rock, festival que celebra a já enfraquecida cena independente de Porto Alegre, que insiste já há alguns anos parir bandas vítimas do clichê hype que desfila sua bundamolice conceitual na Capital da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Era esse o clima nos dois pólos da casa.
NA PLATÉIA. Um misto de jovens alternativos porto-alegrenses (fauna que me causa ojeriza atual ainda maior do que com os inofensivos emos), 40ões em catarse – um deles, aliás, era Frank Jorge, que estava ao meu lado durante a execução de “Marquee Moon” – e músicos indies emergentes e não-emergentes. Aliás, esses mesmos indies e suas guitarras pasteurizadas que dão o molho à gororoba do revival pós-punk (ver/ouvir Arctic Monkeys, Interpol, Franz Ferdinand e por aí vai) devem até suas cuecas xadrez ao líder da banda, um vivente chamado Tom Verlaine (sobrenome que tomou emprestado de um certo poeta francês).
NO PALCO. Um espetáculo de psicodelia protopunk aliada a uma puta excelência técnica livre de bundamolice e masturbações instrumentais. Técnico, mas com simplicidade recheada de sutilezas. É incrível como os velhotes conseguem reproduzir com fidelidade absurda os timbres e climões dos discos. Nem o vocal de Verlaine perdeu seu Tom displicente. E, se ele não faz mais as clássicas dobradinhas de guitarra com Richard Lloyd, seu outro companheiro de longa data, Jimmy Rip, escancara. Duvida? Veja aí um trecho do maior clássico da banda.
“Prove It” foi exceção num show marcado pelo clima introspectivo dos sessentões. Saca aquela animação/euforia contida, pronta pra explodir – mas que não explode? Taí. É impossível pular ou sofrer rompantes histéricos num show do Television. Mas o público chega a tomar impulso. E não sai do chão, claro. Como eu disse:
– Saca aquela animação/euforia contida, pronta pra explodir – mas que não explode? Taí.
Enfim, qualquer show pode ser melhor, né? Sempre. O do Macca, por exemplo. Não seria ainda mais afudê com “Hello, Goobye”? O Television deixou “See No Evil” de fora, que era a que mais queria ver. Não reclamo. Curti afú e já esperava a vibe de um show contemplativo.



Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath escreveu uma declaracão em seu site oficial  a respeito dos rumores que tomaram conta da internet sobre o retorno da lendária banda:
“Estou triste que um jornalista em Birmingham em quem eu confiava escolheu este momento para tirar de uma conversa que tivemos em junho faze-la soar como se tivessemos conversado sobre um retorno do Black Sabbath.
Na época, eu estava apoiando a exposição ‘Home of Metal’ e ele estava apenas supondo, jogando verde, sobre algo que todos nós somos perguntados constantemente: ‘Vocês vão voltar a tocar juntos?’
Graças à internet, isto se espalhou por todo o mundo como uma espécie de declaração ‘oficial’ da minha parte, um absurdo completo. Espero que ele tenha gostado do seu momento de glória, ele não terá outra às minhas custas.
Para meus amigos antigos, Ozzy, Geezer e Bill, desculpe sobre isso, eu deveria saber melhor.
Tudo de bom,
Tony”

Lembro bem da primeira vez que topei com aquele bolachão. Foi numa tarde chuvosa e fria pra caralho no longínquo ano de 1998. Coincidência ou não, era junho. Argentina e Inglaterra se digladiavam pelas oitavas-de-final na Copa, no entanto, mesmo sendo um típico adolescente de 17 anos tarado pelo esporte bretão (e pela Mari Alexandre) à época, ignorei solenemente o jogaço, escolhi uns CDs em meio a minha emergente coleção (very 90s, não?) e bati sola até a casa dum colega de escola. Lá encontraria outros três trutas para tratar de um papo assaz relevante: definir o repertório de nossa banda, a imaginária/sci-fi “Sobretudo Blues” (é, pode crer, o nome era ótimo).

Curiosamente, os discos que carregava comigo nada tinham a ver com a melancólica manifestação artística dos blacks que suavam o couro em plantações no delta do Mississipi e que fundamentariam mais tarde na santíssima trindade mi, ré e lá esse tal de roquenrou. Lembro de tentar empurrar goela abaixo dos convivas pelo menos três deles: “Nevermind”, do Nirvana (que levava até pro banho), Vol. 4, do Black Sabbath e “20000 Watt R..S.L”, um greatest hits do Midnight Oil que hoje em dia me causa ojeriza. É. Acredite. Dois anos após o advento da internet comercial no Brasil e ainda distante da era digital (distante de mim, pelo menos), minha “pluralidade” de subgêneros roqueirísticos não ia muito além disso. Esse era o cenário de minha mediocridade cultural enquanto o fim dos anos 90 batia à porta.

Mas o dia marcaria um approuch com outra singela contribuição cultural da Grã-Bretanha à humanidade além do foot-ball: The Rolling Stones. Já ouviu falar? Pois é. Eu já conhecia o fino da banda naquele tempo por conta de um best of da fase 71-93 que engrossava minha fileira de compact discs com relativo destaque (atrás dos álbuns grunges, claro): Jump Back. Yeah, babe. Há 12 anos, o rock dividia com os games o segundo lugar no pódio do top 3 de minhas curtições adolescentoides. Em terceiro lugar? Bronha, naturalmente. Sem dispor da profícua ferramenta da putaria amplamente oferecida atualmente pela Grande Rede, a prática comum da gurizadinha era aguardar o fim de semana pra sacar alguns bundões e peitões em sessões da Sexta Sexy, que, mais tarde, daria lugar ao Cine Privé, exibido aos sábados. Era o período pós-romântico da punheta.

Entre uma sugestão e outra de músicas a serem incluídas no set-list de nossa sonhada banda – recortadas por comentários prenhes de babaquice adolescente, como “tu vai tocar (o) baixo ou alto?” Dã! –, eu passava os dedos na coleção de vinis (que já cheiravam a velharia naquele tempo) de nosso anfitrião, que dedilhava uns acordes malogrados e irritantes ao violão atirado num canto do quarto bagunçado. O apelo visual de certa capa bizarra que abrigava dois discos me saltou aos olhos.

– Hum… Exile on Main St. É bom este Stones, cara? Pô, só conheço “Tumblin’ Dice” – comentei.

Caio interrompeu uma execução sofrível de “Pennyroyal Tea” (no fundo, éramos todos uns grunges de merda) e soergueu os olhos em minha direção.

– Do caralho. Aliás, quero sugerir uma música desse disco. “Ventilator Blues”.

E eis que o cara começou a tirar um riff bluesly marotíssimo da viola, revelando habilidade que surpreendeu afú a galera.

– Deixa eu mostrar – disse em seguida, levantado-se e lançando o vinil na vitrola.

Escorado pelos riffs de Keith Richards, o ratinho branquelo Mick Jagger, como um típico negrão corista de blues no sul dos States, vociferava raivosamente a plenos pulmões:

“When your spine is cracking and your hands, they shake, Heart is bursting and you butt’s gonna break. Your woman’s cussing, you can hear her scream, You feel like murder in the first degree…”

Levantei da cadeira num salto.

– Putaquepariu, meu véio! Que sonzeira é essa?!

Uma das lendas do rock finlandês, o vocalista do Hanoi Rocks, Michael Monroe, se apresenta pela primeira vez no Brasil. O músico que recentemente faturou os prêmios de “Melhor Álbum de Rock do Ano” e “Melhor Banda do Ano”, no Emma Gaala, uma espécie de Grammy finlandês, toca no dia 25 de maio, no Inferno Club, em São Paulo. E como ‘mito é mito’, Monroe trará um time de peso para tocar com ele na capital paulista. Nas guitarras, Dregen (Backyard Babies) e Steve Conte (New York Dolls); no baixo, Sami Yaffa (New York Dolls) e na bateria, Karl Rockfist. Na turnê, o frontman divulga seu mais recente álbum solo, “Sensory Overdrive”, lançado em agosto de 2011.

Monroe criou o Hanoi Rocks em 1979, ao lado do guitarrista Andy McCoy. Responsável por hits como “Malibu Beach” e “Up Around the Bend”, a banda é tida como influência de grandes nomes como Mötley Crüe e Guns N’Roses, com quem mais tarde o finlandês gravou “Dead, Jail or Rock’n'Roll”.