Tá, confesso que costumo pensar que boa parte dos revivals têm prescrição de Viagra e efeito semelhante à longevidade sexual dos pobres velhos broxas traídos pelas areias do tempo. Tipo, os caras tão ali mandando ver, mas num desempenho bem aquém do saudoso período de paudurecência natural. E o pior: a grana arrecadada nesses bailes rockers da 3ª idade (“melhor idade”, como apregoa a cartilha do politicamente correto) vai pra bancar despesas com groupies anacrônicas e médico geriatra. Mas toda regra tem sua exceção, amigos. Vamos a ela. Notícia de ontem é fato de anteontem. E o relato que trago, na verdade, ocorreu há quase duas semanas. Mas foda-se. Tenho que compartilhar isso. Tive orgasmo não-sexual ao ver o Television no dia 8 de julho, em Porto Alegre. Era provavelmente o evento mais aguardado do Gig Rock, festival que celebra a já enfraquecida cena independente de Porto Alegre, que insiste já há alguns anos parir bandas vítimas do clichê hype que desfila sua bundamolice conceitual na Capital da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Era esse o clima nos dois pólos da casa. NA PLATÉIA. Um misto de jovens alternativos porto-alegrenses (fauna que me causa ojeriza atual ainda maior do que com os inofensivos emos), 40ões em catarse – um deles, aliás, era Frank Jorge, que estava ao meu lado durante a execução de “Marquee Moon” – e músicos indies emergentes e não-emergentes. Aliás, esses mesmos indies e suas guitarras pasteurizadas que dão o molho à gororoba do revival pós-punk (ver/ouvir Arctic Monkeys, Interpol, Franz Ferdinand e por aí vai) devem até suas cuecas xadrez ao líder da banda, um vivente chamado Tom Verlaine (sobrenome que tomou emprestado de um certo poeta francês).
NO PALCO. Um espetáculo de psicodelia protopunk aliada a uma puta excelência técnica livre de bundamolice e masturbações instrumentais. Técnico, mas com simplicidade recheada de sutilezas. É incrível como os velhotes conseguem reproduzir com fidelidade absurda os timbres e climões dos discos. Nem o vocal de Verlaine perdeu seu Tom displicente. E, se ele não faz mais as clássicas dobradinhas de guitarra com Richard Lloyd, seu outro companheiro de longa data, Jimmy Rip, escancara. Duvida? Veja aí um trecho do maior clássico da banda.
“Prove It” foi exceção num show marcado pelo clima introspectivo dos sessentões. Saca aquela animação/euforia contida, pronta pra explodir – mas que não explode? Taí. É impossível pular ou sofrer rompantes histéricos num show do Television. Mas o público chega a tomar impulso. E não sai do chão, claro. Como eu disse:
– Saca aquela animação/euforia contida, pronta pra explodir – mas que não explode? Taí.
Enfim, qualquer show pode ser melhor, né? Sempre. O do Macca, por exemplo. Não seria ainda mais afudê com “Hello, Goobye”? O Television deixou “See No Evil” de fora, que era a que mais queria ver. Não reclamo. Curti afú e já esperava a vibe de um show contemplativo.
Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath escreveu uma declaracão em seu site oficial a respeito dos rumores que tomaram conta da internet sobre o retorno da lendária banda: “Estou triste que um jornalista em Birmingham em quem eu confiava escolheu este momento para tirar de uma conversa que tivemos em junho faze-la soar como se tivessemos conversado sobre um retorno do Black Sabbath. Na época, eu estava apoiando a exposição‘Home of Metal’ e ele estava apenas supondo, jogando verde, sobre algo que todos nós somos perguntados constantemente: ‘Vocês vão voltar a tocar juntos?’ Graças à internet, isto se espalhou por todo o mundo como uma espécie de declaração ‘oficial’ da minha parte, um absurdo completo. Espero que ele tenha gostado do seu momento de glória, ele não terá outra às minhas custas. Para meus amigos antigos, Ozzy, Geezer e Bill, desculpe sobre isso, eu deveria saber melhor. Tudo de bom,