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17 de mar. de 2012

A Origem de algumas superstições


Elas fazem parte do seu dia-a-dia. Mesmo que você não acredite em nenhuma delas, provavelmente alguém muito próximo acredita. São as superstições – crenças sobre relações de causa e efeito que não se adequam à lógica formal, ou seja, são contrárias à racionalidade – que estão por todos os cantos desse mundão. Quer conhecer a origem de algumas dessas superstições bem famosas. Então confira:

Sexta-feira 13

A palavra escandinava Friadagr e a inglesa Friday, que significam sexta-feira, têm suas origens em uma lenda protagonizada pela deusa do amor cujo nome é Friga. Quando as tribos nórdicas se converteram ao cristianismo, a personagem foi transformada em uma bruxa exilada no alto de uma montanha. Para se vingar, Friga passou a se reunir, todas as sextas feiras, com outras 11 feiticeiras, mais o próprio Satanás, num total de 13 participantes, para
rogar praga sobre a humanidade. Na Europa, a superstição é reforçada pelo relato bíblico da última ceia, quando havia 13 pessoas à mesa, na véspera da crucificação de Cristo – que aconteceu numa sexta-feira.

Bater três vezes na madeira

A origem mais provável de bater três vezes na madeira pode estar no fato de os raios caírem com freqüência sobre as árvores. Os povos antigos – desde os egípcios até os índios do continente americano – teriam interpretado este fato como sinal de que tais plantas seriam as moradoras terrestres dos deuses. Assim, toda vez que sentiam culpados por alguma coisa, batiam no tronco com os nós dos dedos para chamar a divindades e pedir perdão.

Cuidado! Quebrar espelho dá sete anos de azar!

O reflexo da imagem é a alma, o outro eu, o duplo, passível de perigos e acidentes como o próprio corpo físico. Não avistar a imagem pessoal no espelho é denúncia indiscutível de que a alma está condenada a desaparecer. Daí uma série de superstições. Quebrar o espelho é despedaçar a própria alma, e, portanto resulta em sete anos de azar. Não se fala diante do espelho. Não se deve olhar o espelho durante a noite.  Quando alguém morre, cobre-se o espelho na primeira semana do falecimento. Um espelho que se parte inexplicavelmente anuncia a morte de uma pessoa da casa.
As crendices relativas ao espelho são as mais citadas em todo o Ocidente cristão, talvez por seu uso divinatório. A catoptromancia, isto é, a arte de adivinhar pelo espelho, procede da Pérsia e, ainda que tenha tido um relativo sucesso durante a Grécia Antiga e a Idade Média, foi duramente perseguida pela Igreja.
É provável, no entanto, que estas crendices obedeçam à idéia de que nosso reflexo é outra versão do original e, se causamos defeitos no espelho, causamos-nos dano a nós mesmos. Assim, quebrar o espelho é fazer o mesmo com o alma, e aqui é onde entra a crendice de que a quebra de um espelho traz má sorte durante sete anos. Este período se deve à crença de que o corpo experimenta uma mudança na constituição fisiológica a cada sete anos.

Ferradura

Essa superstição nasceu, possivelmente, pela comparação. A ferradura dá ao cavalo firmeza, estabilidade e ritmo no passo. Não importa onde estivesse manteria a presença desses elementos de segurança, equilíbrio inalterável, solidez e tranqüilidade. Com a ferradura na porta, chamaria a prosperidade em negócios e pretensões, como também proteção, defesa e conforto. Na França, Inglaterra, Itália, Península Ibérica, acredita-se firmemente que a ferradura, encontrada por acaso, seja uma oferta do destino favorável. E a confiança, sinônimo da esperança, explica, às vezes, o milagre do êxito.

Passar debaixo da escada

Alguns acreditam que a superstição surgiu na Europa Medieval. Quando um castelo era atacado, a ponte era recolhida. Um dos únicos meios de invadir era usar escadas. A defesa para esse tipo de ataque era derramar óleo fervendo ou passar piche nos muros do castelo para repelir os invasores. Quem segurava as escadas, geralmente recebia um banho mortal. Portanto, segurar uma escada por debaixo passou a significar má sorte. Ainda hoje é considerado mau agouro andar por debaixo da escada de um pintor, pois objetos podem cair de cima.

Gato preto

No mundo do misticismo, os gatos são portadores de um poder mágico infinitamente superior ao do homem. Com toda probabilidade, esta antiga crença deriva da adoração à deusa egípcia Bubastis, que tinha forma de gato. Os egípcios estavam convencidos de que os gatos possuíam alma, e prova disso são os restos mumificados destes felinos achados nas escavações arqueológicas.
Na Idade Média, as bruxas converteram o gato preto num elemento imprescindível para efetuar seus rituais e feitiços. Hoje em dia, os supersticiosos temem ao bichano preto que se cruza em seu caminho. Este fato representa com clareza o conflito que existia entre a Igreja, a cruz e as práticas pagãs da bruxaria.

Colocar flores nas sepulturas

Na atualidade, enfeitam-se as sepulturas com flores como mostra de afeto, mas a intenção original não era outra que a de proporcionar algo vivo com o fim de dar felicidade. A coroa circular, colocada sobre a tumba ou a porta principal do cemitério, encerrava simbolicamente o espírito e impedia-o de voltar.

Derramar sal

Má sorte, se isto lhe ocorre ao segurar o saleiro, a não ser que se apresse a pegar uma pitada e jogá-la acima do ombro esquerdo diretamente na cara do diabo. Porquê este é o local onde o cramulhão aguarda paciente para que nossa natureza pecadora renuncie a alma para sempre.
O sal jogado não tem outro fim que o de cegar temporariamente, para que o espírito tenha tempo de voltar a ficar afiançado pela boa sorte. Desde a Grécia antiga, o sal teve um grande poder simbólico: procede da Mãe Terra, do mar; as lágrimas e a saliva são salgadas, e conserva, condimenta e enriquece os alimentos.

As sete vidas do gato

A excepcional resistência do gato, capaz de sair ileso de situações nas que outros animais, com toda certeza, morreriam, levou a crença de que este felino tem mais de uma vida. Não há dúvida de que seus hábitos noturnos, seus olhos refulgentes na escuridão, sua sobressalente agilidade e sua pose majestosa contribuíram para que nossos antepassados sentissem uma especial admiração, e inclusive veneração, por este animal. Conta-se que, por exemplo, Maomé cortou a manga de sua vestimenta para não perturbar o sono de seu gato que dormia sobre ela. O profeta via nele uma criatura digna do maior respeito e de um tratamento afetuoso.
A razão de crer que eles tenham sete vidas tem possivelmente uma origem esotérica. Existem muitas culturas onde os números possuem uma significação concreta. Em nosso caso, o sete era considerado na Antigüidade um número da boa sorte, já que era uma trindade de trindades e, portanto, adequado para o bichano.

Abrir o guarda-chuva dentro de casa

Nenhum supersticioso teria jamais a ousadia de abrir um guarda-chuva dentro de uma casa. A origem deste temor se remonta à época em que os reis orientais e africanos usavam sombrinhas para proteger-se dos raios solares. Devido a sua conexão com o astro rei e porque também sua forma simboliza o disco solar, abrí-lo num lugar sombreado, fora dos domínios do Sol, era considerado um sacrilégio.
É provável que a crendice ganhou mais força quando os guarda-chuvas chegaram a Europa e começaram a ser empregados quase exclusivamente pelos sacerdotes nos enterros, sem outro fim que se proteger das severidades do tempo.

A sorte da pata de coelho

A estranha tradição de carregar uma pata de coelho no bolso para atrair a sorte não veio deste animal, senão da lebre. Nas regiões medievais da Europa existia a crença de que as bruxas se transformavam em lebres para sorver o leite das mulheres que tinham dado a luz. Antigamente, as cabras, vacas, porcos, lebres e outros animais eram criados soltos e entravam livremente na casa de seus donos. Os camponeses criavam lebres para sua alimentação e cuidavam delas com esmero e carinho.
Alguns tratados da época mencionam que as mulheres grávidas e durante a época de amamentação costumavam sentar-se num canto da casa tendo ao lado um destes animais para que as esquentasse do frio extremo. Em troca, muitas delas deixavam que a lebre mamasse de seu peito.
A tradição popular afirmava que durante a caça das bruxas, elas transformavam-se em lebres e iam para as casas dos camponeses para salvar-se do perigo. Inclusive tinha uma maneira de reconhecer o engano: se a lebre fosse difícil de pelar ou demorasse a cozinhar, então alguma bruxa tinha se transformado no animal antes de morrer.
A idéia de que a pata de lebre traz boa sorte nasceu da primitiva crença de que os ossos de suas patas curam a gota e outros reumatismos. Mas, para ser eficaz, o osso devia ter uma articulação intacta. Por serem tão parecidos, a lebre e o coelho se uniram como fruto das crendices relativas a suas virtudes mágicas.

Cruzar os dedos

Quando se formula um desejo, conta-se uma mentira ou frente a algum perigo, é costume cruzar os dedos. O gesto, que evoca uma cruz, conjura a má sorte e afasta as influências maléficas, segundo os supersticiosos. Desde os primeiros tempos do cristianismo cria-se que, colocar o polegar sob os outros dedos ou fazer figa, afastava aos fantasmas e maus espíritos.
Não obstante, alguns autores pensam que, ainda que o simbolismo da santa cruz neste gesto resulta óbvio, a origem primeira é bem mais primitiva do que a cristã e remonta aos mais antigos tempos pagões.