Tá com pulga na cueca? Dá aqui, vou
coçar! Tá com pulga na cueca? Dá aqui, vou coçar! Tá com pulga na cueca?
Dá aqui, vou coçar! Tá com pulga na cueca? Dá aqui, vou coçar! Tá com
pulga na cueca? Dá aqui, vou coçar! (É “Pata Pata”, Miriam Makeba.
Procurem no Youtube. Antes, acompanhe outras 8 músicas estrangeiras que
ninguém entendia, mas fizeram sucesso mesmo assim).
8 Danza kuduro
Autor: um porto-riquenho chamado Don Omar, acompanhado do português Lucenzo.
Língua: espanhol/português (variante do Dr. Rey)
Qual é a da música: “Danza kuduro” é a mesma coisa que
“Macarena”, com a diferença de não ser cantada por dois tiozões e do
fato de que os dois jovens do kuduro têm evidentes problemas com o
tamanho de seus pênis, compensados por barcos e carros gigantes.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: “Danza kuduro” deu
origem a essa lista mas, para ser franco, pouco do sucesso dela é causa
da incompreensão, já que dá para entender quase a letra toda. A razão do
sucesso é misturar ritmo caliente – é sempre ridículo escrever isso,
mil perdões – com alguma coisa pitoresca, no caso, um nome que soa
terrivelmente mal em português.
Que o diga nosso chapa Conde Dooku.
Já ganhou uma versão nacional, EVIDENTEMENTE pelas mãos do Latino. Antes de dormir, agradeçam por ele não ter nomeado a música de “dança pau duro”.
7 Der Kommissar
Autor: um sujeito chamado Falco.
Língua: alemão
Qual é a da música: a música pop dos anos 80 produziu tanta coisa
parecida que fica difícil diferenciar até New Order de Rick Astley.
“Der kommissar” pegou carona na nossa boa vontade de ouvir qualquer
coisa lá de fora e emplacou no Brasil.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: poxa vida, é alemão.
Mesmo quem fala alemão não entende alemão – desconfio que, na Alemanha,
todos eles conversem em inglês quando nenhum turista está olhando. Posto
isso, podemos entender como uma música sobre um policial executando um
flagrante de porte de entorpecentes pode fazer sucesso.
6 Alison
Autor: Jordy, um garotinho de cinco anos à época.
Língua: francês
Qual é a da música: era um menininho loirinho e francês cantando
alguma coisa como “Alison ua poti pata”. Vendeu horrores. E vocês ainda
se perguntam por que somos 3º mundo.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: eu, você e –
especialmente – o Raul Gil sabemos como as pessoas adoram ver uma
criança fazendo coisa de adulto. Então, se era francês ou português,
tanto faz. Podia ser uma canção sobre o Marques de Sade.
O fato de ser francês só fez diferença para o Jordi porque, se fosse
brasileiro, ele teria sua vida dilacerada na televisão nacional, e teria
participado da Fazenda 4. Depois de fazer um pornô com o Frota.
(Olha a Wikipédia não deixando barato: Jordy participou de La Ferme Célébrité 2. E venceu!)
5 Pump up the jam
Autor: Technotronic (aposto que você nunca soube)
Língua: inglês
Qual é a da música: eletrônica do começo dos anos 90, é só mais uma sobre botar a música para tocar alto e se acabar na pista.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: é tão difícil entender
qualquer coisa sobre essa música, e ela ficou tão famosa como
representante do ritmo, que as pessoas passaram a se referir a tendência
como “poperô”, quando escutavam “pump it up”, mais ou menos do mesmo
jeito que assimilaram “breguenaite” para “Reggae Night” do Jimmy Cliff. Mas ainda dava para ficar mais indecifrável do que “poperô”
4 Scatman
Autor: Scatman John
Língua: inglês (pelo menos uns dez segundos)
Por outro lado – conforme já apontamos no Puxacast! – é uma benção que não dê para entender uma só palavra de “Dragostea din tei”, porque ela fala, entre outras coisas, sobre um fugitivo que vai atrás da namorada. O fugitivo se auto-proclama Picasso. Só fica melhor.
Qual é a da música: Claro que você não sabe, mas ela se chama “Scatman”, cantada pelo música
Scatman John. É a música do pi-pa-pa-pa-ra-pou. Não preciso falar mais
nada.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: Depois de ouvir
“pipapaparopou” e “skibidikipouparapou”, você ainda teria alguma
expectativa de entender qualquer outra parte? O resto da música poderia
ser feito de trechos da Caminho Suave, e você ainda se sentiria perdido.
3 El arbi
Autor: o argelino Khaled
Língua: árabe (alô você da comunidade árabe do Brasil; se for outra língua, nos avise para sermos pouco xingados. Obrigado).
Qual é a da música: quando Feiticeira estava no auge, decidiram
que só colocá-la com roupa de dança do ventre não era suficiente para
mostrar toda a, digamos, arabicidade da coisa. Aí desencavaram “El
arbi”. O detalhe histórico fica por conta de Khaled bater o pé que iria
levar a Feiticeira embora com ele.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: Todo mundo lembra como era a Feiticeira?
Considerando que o H e o O+ eram assistidos unicamente por
adolescentes espinhentos, podiam ter tocado Aquarela do Brasil, que
daria na mesma. Com uma mulher rebolando naquelas roupas mínimas, todo o
lamento de Khaled passou despercebido – e olha que é um lamentão, uma
espécie de “Boate Azul” em árabe.
Não bastasse isso, e a produção da Band ainda arrumou uma música do Tarkan, que tinha bem mais a ver com o espírito “remexe-boazuda” do quadro – “Kiss kiss” ganhou até uma versão em português por uma banda chamada Mr. Jam.
A Band, infelizmente, se decepcionou com o fracasso da Índia Aigo,
porque já tinham todo um repertório de músicas em tupi para utilizar.
2 Djobi Djoba
Autor: Gipsy Kings.
Língua: espanhol
Qual é a da música: um dos sucessos do Gipsy Kings no finzinho
dos anos 80/começo dos 90, “Djobi Djobá” é simplesmente uma música sobre
oh como não consigo viver sem você. Se a gente pesquisar bem, vai
acabar descobrindo que o Gipsy Kings é o Roupa Nova dos ciganos. Mas o Puxa! que não vai ser besta de fazer piada com os ciganos.
Mas recomendamos que vocês assistam Borat.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: como todas as músicas
do Gipsy Kings são acompanhadas de instrumentos enlouquecidos e vocais
em modo Sonic com power-up, não fosse a Internet e ninguém nunca saberia
que eles cantam em espanhol (ou coisa parecida; eles são ciganos, se
não param nem num país, porque iriam parar em uma língua?). Mas não que
alguém esteja ligando sobre o que fala toda a discografia do Gipsy Kings
– a gente só quer sacudir sem o menor critério.
Em tempo, fui checar o Google e a maioria das respostas diz que “djobi
djoba” não significa nada, em língua nenhuma. Mas tudo bem: cara caramba
cara caraô também não, e pudemos viver bem com isso até hoje.
1 Dragostea din tei
Autor: uma boyband chamada O-Zone
Língua: romeno
Qual é a da música: “Dragostea din tei” fez sucesso no Brasil nas
pistas de dança, basicamente porque gente que vai a pistas de dança
consegue sacolejar com qualquer merda tocando. Adicione uns putz putz no
fundo e uma regravação do Latino que abaixou em 30% o IDH do Brasil e
você tem um hit parade jovem pan volume dois-dois-doisss.
Fator “só-Deus-sabe-o-que-estão-dizendo”: vamos analisar isso por
dois lados. Primeiro, que a galera irada que curte balada ouve coisas
como “techno”, “psy”, “house”, “trance”, que são todas variações de sons
de Atari, se o atari tomasse bala a cada meia hora. O máximo de letra a
que essa gente está acostumada são músicas da Lasgo.
Para quem não conhecia, essa é a Lasgo. Provem o contrário.
Por outro lado – conforme já apontamos no Puxacast! – é uma benção que não dê para entender uma só palavra de “Dragostea din tei”, porque ela fala, entre outras coisas, sobre um fugitivo que vai atrás da namorada. O fugitivo se auto-proclama Picasso. Só fica melhor.