No quinto episódio da série, Julian Assange entrevista Moazzam Begg,
ex-detento de Guantánamo, e Asim Qureshi, advogado que largou o mundo corporativo para lutar contra os abusos da guerra ao terror.
Desde o início da ofensiva norte-americana, em 2001, na chamada Guerra
ao Terror, centenas de prisioneiros foram levados à base de Guantánamo
onde permanecem encarcerados sem acusação formal e sem direito à defesa.
O britânico Moazzam Begg, intelectual muçulmano detido sob suspeita de
ser integrante da Al-Qaeda, é um deles. Preso em 2002 no Afeganistão, só
foi libertado três anos depois, sob muita pressão do Reino Unido.
Jamais foi acusado formalmente de terrorismo.
Ao sair de Guantánamo, Begg juntou-se ao advogado Asim Qureshi para
fundar aCagepriosioners, organização que defende o direito ao devido
processo legal para prisioneiros detidos na guerra contra o terrorismo.
“O que você tem que entender é que, até onde os muçulmanos sabem, eles
estão sob ataque em países ao redor do mundo todo. Há centenas de
milhares de pessoas morrendo”, diz Asim Qureshi, em entrevista concedida
a Julian Assange durante sua prisão domicliar, no interior da
Inglaterrada. ”E se você olhar o conceito de jihad no contexto atual,
ele diz que, como muçulmanos, temos o direito de nos defendermos. Não
tem sentido dizer que as pessoas que estão sendo mortas por ocupações, domínios coloniais, racismo, não devem se defender e devem continuar levando tapas, sendo estupradas…”
Julian pergunta, então, se esta “defesa” significaria resistência
militar. “Claro”, responde o advogado, ponderando que as “armas” da
Cageprisoners são o lobby e as campanhas.
Para Moazzam Begg, que hoje é um reconhecido defensor de direitos
humanos, a grande diferença na guerra ao terror entre as administrações
Bush e Obama foi a seguinte: “Eu costumava dizer que Bush era o
presidente do governo em que as detenções extrajudiciais estavam
acontecendo. Mas o Obama é o presidente do governo em que as mortes
extrajudiciais estão acontecendo. Então, Obama prometeu uma mudança,
disse que a mudança tinha chegado à América. E é isso: a mudança é de
detenções extrajudiciais para mortes extrajudiciais”.
Assista a entrevista ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.