Quem é você que passeia nos meus sonhos,
Transeunte disperso, nessas estradas virtuais,
Pisando tão forte, como se marcasse o compasso
De uma infindável canção, dos meus bemóis colossais.
Que tem você nesses olhos, que me despem,
Quando pousam entre os meus pensamentos
E me levam a cantar no mesmo tom que o seu
Os acordes trazidos pelas ondas dos tempos.
E por que eu sempre quero voltar às teias desse lugar...
Já sei... é que em êxtase, sinto que a vida se aspira,
E é irremediável a vontade de não mais acordar
De novo, isenta de alegorias, desprovida de liras.
Fechemos as janelas da alma para sermos um só,
Deixando que apenas a chuva, lá fora, se lamente
Num tristonho, mas balsamizante noturno de Chopin,
Pois que nesse devaneio viajo...sinto-me contente...
Vem o sol, que reluz como se bordasse em ouro
As cortinas do meu quarto, e, desperto ao ver
A minha realidade...no chão os ecos me ensurdecem,
São ainda os seus passos atordoando o meu ser.