Há uma linha sutil entre “fazer amor” e "fazer sexo”, provavelmente a
mesma que existe entre o charme e o funk. Para os compositores de
música, porém, só existe fazer amor, na certa porque “fazer amor” rima
com um monte de coisa (dor, calor, ardor, sabor) - e “sexo” só rima com
“nexo”. Culturalmente, somos levados a acreditar que “fazer amor”
envolve, naturalmente, o tal do amor. Mas será uma boa idéia expor assim
uma coisa tão íntima? O Puxa! traz seis exemplos bem constrangedores
para mostrar que não.
Qual é sua visão terna sobre o amor: “Gostoso é fazer amor… Gostoso é fazer amor beijando”.
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? não vale a pena discutir se é bom fazer amor beijando ou não. Mas vamos discutir que, talvez, não é a idéia mais ponderada sair cantando isso por aí. Primeiro, porque usar a expressão “Gostoso é” só não é pior que escrever “Bom D+”. Segundo, se você vai defender que gostoso é fazer beijando, imediatamente fará nossas cabeças pensarem que existem tantas outras formas – rolando, gritando, cantando, suspirando, apedrejando e, quem sabe, até twittando – na qual não gostaríamos de pensar.
Honestamente, é uma confissão embaraçosa. Não sei você, mas eu não quero saber como o cara do Gamação gosta de colocar para dentro. Por sorte, a rima do refrão vem de “A lua do céu me viu chorando”. Se viesse de “Lá na Amazônia eu vi um boto”, a gente ia descobrir que gostoso é fazer amor no esgoto.
Só um adendo. A lua DO CÉU. Para não confundir com nenhuma outra lua.
"Beijando" – Gamação
Qual é sua visão terna sobre o amor: “Gostoso é fazer amor… Gostoso é fazer amor beijando”.
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? não vale a pena discutir se é bom fazer amor beijando ou não. Mas vamos discutir que, talvez, não é a idéia mais ponderada sair cantando isso por aí. Primeiro, porque usar a expressão “Gostoso é” só não é pior que escrever “Bom D+”. Segundo, se você vai defender que gostoso é fazer beijando, imediatamente fará nossas cabeças pensarem que existem tantas outras formas – rolando, gritando, cantando, suspirando, apedrejando e, quem sabe, até twittando – na qual não gostaríamos de pensar.
Honestamente, é uma confissão embaraçosa. Não sei você, mas eu não quero saber como o cara do Gamação gosta de colocar para dentro. Por sorte, a rima do refrão vem de “A lua do céu me viu chorando”. Se viesse de “Lá na Amazônia eu vi um boto”, a gente ia descobrir que gostoso é fazer amor no esgoto.
Só um adendo. A lua DO CÉU. Para não confundir com nenhuma outra lua.
"Mordida de amor" – Yahoo
Qual é sua visão terna sobre o amor: “Quando faz amor / se olha no espelho”
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? Não vamos descartar toda a crítica ao narcisismo da pessoa amada que a música traz, mas que isso é esquisito para chuchu, isso é. Tem quem curta ver o próprio reflexo durante o ato sexual – 34% do setor de vidraria no Brasil é sustentado por motéis – mas, geralmente, é para fins eróticos. Ouvir alguém que se alegra com isso porque se sente gostosão eu já acho meio assustador. Não duvidem, e essa pessoa também tira meleca do nariz na frente do espelho, e pensa “que nariz! Que melecas! Tenho a melhor produção de ranho do país”.
Mas “quando está só / se morde de amor / rolando na cama / chama o meu nome” explica tudo: sozinha, a pessoa não consegue se ver no espelho, talvez porque ele esteja pendurado na porta do guarda-roupas, e aí precisa de alguém para escorá-la. Sugestão do Puxa! para a amiga em casa: compre um espelho de teto – assim você vai poder se morder de amor e se assistir sem depender de ninguém. O coitado do cara do Yahoo agradece.
A próposito, “Mordida de amor” é uma versão de “Love bites”, do Def Leopard. A original pergunta se, ao olhar no espelho, a pessoa se imagina com outra ali. É uma coisa canalha, mas pelo menos não é doentia.
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? Não vamos descartar toda a crítica ao narcisismo da pessoa amada que a música traz, mas que isso é esquisito para chuchu, isso é. Tem quem curta ver o próprio reflexo durante o ato sexual – 34% do setor de vidraria no Brasil é sustentado por motéis – mas, geralmente, é para fins eróticos. Ouvir alguém que se alegra com isso porque se sente gostosão eu já acho meio assustador. Não duvidem, e essa pessoa também tira meleca do nariz na frente do espelho, e pensa “que nariz! Que melecas! Tenho a melhor produção de ranho do país”.
Mas “quando está só / se morde de amor / rolando na cama / chama o meu nome” explica tudo: sozinha, a pessoa não consegue se ver no espelho, talvez porque ele esteja pendurado na porta do guarda-roupas, e aí precisa de alguém para escorá-la. Sugestão do Puxa! para a amiga em casa: compre um espelho de teto – assim você vai poder se morder de amor e se assistir sem depender de ninguém. O coitado do cara do Yahoo agradece.
A próposito, “Mordida de amor” é uma versão de “Love bites”, do Def Leopard. A original pergunta se, ao olhar no espelho, a pessoa se imagina com outra ali. É uma coisa canalha, mas pelo menos não é doentia.
"Faz mais uma vez comigo" – Zezé di Camargo e Luciano (até segunda ordem)
Qual sua visão tenra de amor: “Faz mais uma vez comigo / só mais uma vez comigo”
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? 80% de “Faz mais uma vez comigo” segue à risca a cartilha do sertanejo dor-de-corno: a paixão perdida, a vida que não sai do lugar, o tormento da solidão, enfim, aquela coisa medíocre que, pelo menos, não ofende. Mas sobram os 20% do refrão, e aí…
Aí ele implora para fazer mais uma vez com ele. Tendemos a acreditar que é “faz amor mais uma vez comigo” e que a palavra só sumiu porque não coube no verso – quem diria, sertanejos preocupados com o tamanho do verso – mas não sei, há alguma coisa esquisita escondida aí. Lembrem: ele implora e depois faz “uou uou uou”. Não sei vocês, mas eu não escuto com freqüência pessoas fazendo “uou uou uou”.
Vamos fazer assim, cada um dê seu voto depois. Eu voto em fio-terra.
"Amor na Lua" - Aviões do Forró
Qual sua visão tenra de amor: “Toda nua e fazer amor na lua"
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? Pensem bem: só existem duas rimas para “nua”: “rua” e “lua”. Acontece que fazer amor na rua dá cadeia. Na lua, ninguém disse nada.
Quem escreveu essa música – e escreveu assim, não duvidem, pelos motivos acima – não pensou muito bem nas implicações de sexo na lua. Já tivemos algumas simulações sobre sexo em ambientes de gravidade menor – como aquele filme tosco do 007 no Rio de Janeiro - mas, a menos que haja um segredo de Brockback Mountain entre Buzz Aldrin e Neil Armstrong, na Lua nunca rolou nada.
Fazer amor na lua exigiria treinamento, e muito dinheiro. Além disso, não ia acontecer exatamente na lua, mas em alguma cápsula espacial sem nada nem ninguém ao redor, e para isso o Brasil tem ruas vazias o suficiente. De verdade, Aviões do Forró – é melhor fazer na rua, pagar a fiança por atentado violento ao pudor e ficar por isso mesmo.
Me ocorreu agora: “nua” também rima com “grua”. Grupos de forró, é com vocês.
"Escancarando de vez" – Elymar Santos
Qual sua visão terna sobre o amor: não é justo escolher um verso só. Vocês tem que ouvir a música inteira.
Você vai se envergonhar se ouvir essa música? vamos colocar assim – o brega tem seu lugar, só não é na minha casa. Se você pensar em Elymar Santos, coisas como suor e Clube do Bolinha virão a sua cabeça, porque “Escancarando de vez” é de um outro tempo, em que as pessoas mandavam bilhetinhos via garçom, iam a motéis e dançavam boleros, além de proporem orgias assim, na cara dura. Não que hoje em dia as pessoas não sejam despudoradas e francas em excesso – mas ouvir como se fazia isso nos anos 80 é tão constrangedor que até quem foi voluntariamente ouvir Elymar Santos se sente envergonhado.
(Sempre quis usar esse video. Um abraço a meus pais e amigos)