Seguindo
a linha dos pseudodocumentários no estilo Bruxa de Blair e Atividade
Paranormal, Apollo 18 nos apresenta mais uma trama conspiratória
envolvendo a NASA e o governo dos EUA
para ocultar a existência de vida extraterrestre. Onde pessoas
inocentes e ignorantes sempre acabam envolvidas e se dando mal de algum
jeito, sofrendo igual pobres diabos para escaparem. Como o enredo em si
já é batido e a história real das missões Apollo já está muito bem
contada (a despeito do que os toscos conspiracionistas de plantão
pensam), cabe aos elementos dramáticos e aos atores criar um filme
interessante e que não faça o público dormir na cadeira. Este
filme, dirigido por Gonzalo López-Gallego e escrito por Brian
Miller e Cory Goodman sofre para conseguir fazer isso, e as críticas
sobre ele não tem sido boas. Mas como eu gosto de terror, suspense e
ficção científica, não necessariamente nesta ordem, mandei os críticos
pastarem e fui conferir pessoalmente Apollo 18.
Segundo a história geralmente contada, o programa Apollo foi encerrado em 1972, por falta de orçamento e interesse público, com a missão de número 17, que colocou os últimos astronautas na Lua. No entanto, 2 anos depois, uma missão ultra-secreta e encabeçada pelo Departamento de Defesa dos EUA, enviou mais 3 astronautas à Lua para instalarem no satélite equipamentos de espionagem que seriam usados para monitorar os soviéticos (estavamos na Guerra Fria naquela época), sendo esta missão a Apollo 18, a última que ocorreu. Isto era tudo o que os astronautas precisavam saber, pois a Defesa tinha outros planos para esta viagem, e sabia da existência de algo na Lua, um segredo terrível que poderia mudar o destino da humanidade e que representava um sério perigo para os astronautas da missão. Eles não estavam sozinhos lá.
Visando
passar uma idéia de realismo, o filme foi montado inteiramente com
supostos materiais de vídeo daquela época encontrados: filmagens do
controle da missão em Houston e dos próprios
astronautas no espaço. As cenas em gravidade zero e das caminhadas na
Lua com a qualidade de imagem própria de vídeos com tecnologia de ponta
dos anos 70 são convincentes. No entanto, o filme não explica muito bem
como os tais vídeos foram recuperados, considerando que a Apollo 18
nunca voltou para a Terra, só um dos astronautas menciona algo
sobre estar gravando tudo em uma "caixa preta" dentro da nave. Encontrar
esta caixa preta à deriva no espaço sideral não deve ter sido uma
tarefa muito fácil, de qualquer forma.
O
clima de tensão permanente durante a estadia na Lua, quando coisas
estranhas e sinistras começam a acontecer, é a melhor parte do filme,
mas é um pouco prejudicado pelo ritmo de reality show, que é proposital,
suponho. Ver os astronautas altamente treinados e competentes chegando
ao seus limites físicos e psicológicos, depois à loucura e ao desespero.
Aos poucos, um deles descobre a verdade completa sobre os planos do
Departamento de Defesa, que envolvem até mesmo os maiores rivais
ideológicos dos EUA, a União Soviética, que também tinha planos para a
Lua. Tudo isso cria um conjunto perturbador e que nos prende à trama.
A atuação dos atores é aceitável, apesar deles se parecerem mais com
gente do século XXI do que com astronautas da década de 70. Tirando
isso, a caracterização fica bastante próxima da realidade. O uso de
computação gráfica em algumas partes dá o tom hollywoodiano de ficção
científica, mas sem exagerar, pois trata-se de um pseudodocumentário, não um show de efeitos especiais.
Enfim,
Apollo 18 não é uma obra-prima do cinema, mas considerando o seu baixo
orçamento de apenas R$ 5 milhões, faz o que se propõe a fazer: Diverte,
assusta e causa uma certa polêmica. Apesar de estar na nossa vizinhança,
a Lua é pouco conhecida e faz quase 40 anos que ninguém pisa lá. Nossos
medos primitivos, provavelmente um mecanismo de sobrevivência, nos faz
criar fantasmas, monstros e demônios em lugares abandonados e
misteriosos, e o filme lida com isso de uma forma direta. Sempre foi
assim quando a civilização humana expandiu as fronteiras do seu
conhecimento, e teve de se confrontar com o pavor que o desconhecido
gera. E sempre será.
Confira o trailler de Apollo 18