Guiana ordena uso da força para reabrir acesso ao Brasil
O governo da Guiana deu ordem para que
a polícia e o exército nacional usem força para reabrir a única ponte que liga
a cidade mineradora de Linden ao Brasil. A via está bloqueada há duas semanas
por manifestantes. As informações são da Associated Press.
O presidente da Guiana, Donald Ramotar,
deu ordem para abrir caminho pouco antes de visitar Linden, onde a polícia
matou a tiros três protestantes e feriu outros 20 em 18 de julho.
Os moradores da área protestam contra
as mortes e um aumento na taxa mensal cobrada por eletricidade, que passou de
de US$ 25 (R$ 50) para cerca de US$ 100 (R$ 200).
Os manifestntes disseram que não
removerão os obstáculos, incluindo enormes troncos e caminhões, até que o
ministro de Segurança Nacional, Clemnt Rohee, renuncie e as autoridades
policiais respondam pelos assassinatos. A ponte no rio Demerara River é o
principal acesso às minas de ouro e diamante do País vizinho.
Vale lembrar que a
região tem o conflito diplomático entre Guiana e Venezuela, exposto no ano
passado, por regiões marítimas ricas em petróleo e a OTAN estaria de olho nesta
região...
A
OTAN na “Ilha da Guiana”?
O embaixador da Venezuela na
Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton, surpreendeu ao afirmar
que os opositores do presidente Hugo Chávez gostariam de ver a disputa
territorial do país com a Guiana escalar para um confronto militar, para
provocar uma intervenção externa dos EUA e da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
O diplomata afirmou que Chávez deve
tomar cuidado para não se deixar envolver por «provocações imperialistas», pois
seus opositores sonham com uma guerra e, em tal ambiente, a Guiana poderia ser
levada a pedir uma intervenção da OTAN ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Alerta,
Brasil!
Embora seja improvável que Hugo Chávez ou algum sucessor se decida por solucionar o contencioso com a Guiana com o uso da força, a sua simples existência deve ser motivo de atenção, especialmente, do Brasil. Em um quadro global marcado pelo empenho das potências hegemônicas do Hemisfério Norte em dominar regiões ricas em recursos naturais, se preciso, manu militari, como se viu na Líbia, o cenário de uma eventual intervenção da OTAN no Caribe ou na “Ilha da Guiana” não pode ser tomado propriamente como delirante, mas algo a ser considerado em planos de contingência.
Interesse
oligárquico antigo
A denominação “Ilha da Guiana” foi dada
por estrategistas coloniais britânicos e holandeses à região delimitada pelos
rios Orenoco, Cassiquiare, Negro e Amazonas, e até hoje a região é alvo de um
elevado interesse pelo movimento ambientalista-indigenista internacional, que
atua como instrumento neocolonial a serviço daquelas potências. O estado de
Roraima se situa no centro da “ilha”, pelo que a reserva indígena Raposa Serra
do Sol, localizada na tríplice fronteira Brasil-Guiana-Venezuela, adquire uma
importância estratégica singular.
Certamente, não foi coincidência o fato
de que a região tenha sido citada pelo general (R1) Luiz Eduardo Rocha Paiva,
ex-diretor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e
ex-secretário-geral do Exército, em uma audiência promovida pela Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, em Brasília, em 3 de outubro.
A mensagem geral transmitida no evento foi a de que, embora não se identifique
nenhuma ameaça concreta de curto prazo à integridade nacional, o Brasil precisa
levar em conta as ameaças potenciais para traçar a sua estratégia de segurança
nacional.
Em seu depoimento, Rocha Paiva alertou
para o fato de que «as áreas de fricção» internacionais começam a se aproximar
da costa ocidental da África e do Atlântico Sul. Segundo ele, é necessária uma
estratégia para proteger os recursos naturais brasileiros e Roraima já
pode ser considerado um alvo de ameaça, assim como a região da foz do Amazonas.
Ele lembrou ainda a fronteira do Brasil com a Guiana Francesa e com o
Suriname e a Guiana, ambos muito ligados a potências europeias que integram a
OTAN.
Fonte: Blog do Ambientalismo