Revista Veja traz a reportagem em caráter de exclusividade: Al-Qaeda age no Brasil! Veja os desdobramentos no Sempre Guerra!
Os documentos da CIA, FBI e PF mostram como age a rede do terror islâmico no Brasil.
A
Polícia Federal tem provas de que a Al Qaeda e outras quatro
organizações extremistas usam o país para divulgar propaganda, planejar
atentados, financiar operações e aliciar militantes.
Khaled Hussein Ali nasceu em
1970, no leste do Líbano. Seguidor da corrente sunita do islamismo,
prestou serviço militar. Depois, sumiu. No início dos anos 90,
reapareceu em São Paulo. Casou-se e teve uma filha. Graças a ela,
obteve, em 1998, o direito de viver no Brasil. Mora em Itaquera, na Zona
Leste paulistana, e sustenta sua família com os lucros de uma lan
house. Ali leva uma vida dupla. É um dos chefes do braço propagandístico
da Al Qaeda, a organização terrorista comandada pelo saudita Osama bin
Laden. De São Paulo, o libanês coordena extremistas em dezessete países.
Os textos ou vídeos dos discípulos de Bin Laden só são divulgados
mediante sua aprovação. Mais: cabe ao libanês dar suporte logístico às
operações da Al Qaeda. Ele faz parte de uma rede de terroristas que
estende seus tentáculos no Brasil.
Tratado
como “Príncipe” por seus comparsas, Ali foi seguido por quatro meses
pela Polícia Federal, até ser preso, em março de 2009. Além das provas
de terrorismo na internet, a Polícia Federal encontrou no computador de
Ali spams enviados aos Estados Unidos para incitar o ódio a judeus e
negros. Abordado por VEJA, Ali negou sua identidade. Esse material, no
entanto, permitiu que a Polícia Federal o indiciasse por racismo,
incitação ao crime e formação de quadrilha. Salvou-se da acusação de
terrorismo porque o Código Penal Brasileiro não prevê esse delito. O
libanês permaneceu 21 dias preso. Foi liberado porque o Ministério
Público Federal não o denunciou à Justiça. Casos como o de Ali alimentam
as divergências do governo americano com o Brasil.
Há dois meses, VEJA teve acesso a
relatórios da PF sobre a rede do terror no Brasil. Além de Ali, vinte
militantes da Al Qaeda, Hezbollah, Hamas e outros dois grupos usam ou
usaram o Brasil como esconderijo, centro de logística, fonte de captação
de dinheiro e planejamento de atentados. A reportagem da revista também
obteve os relatórios enviados ao Brasil pelo governo dos EUA. Esses
documentos permitiram que VEJA localizasse Ali e outros quatro
extremistas. Eles vivem no Brasil como se fossem cidadãos comuns. Embora
seja autora das investigações, a PF assume um comportamento ambíguo ao
comentar as descobertas de seu pessoal. A instituição esquiva-se,
afirmando que “não rotula pessoas ou grupos que, de alguma forma, possam
agir com inspiração terrorista”. Esse discurso dúbio e incoerente não
apenas facilita o enraizamento das organizações extremistas no Brasil
como cria grandes riscos para o futuro imediato.
GRUPOS TERRORISTAS NO BRASIL
De acordo com a Polícia Federal, sete organizações terroristas islâmicas operam no Brasil.
Al
Qaeda, Juhad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica,
Al-Gama'a Al-Islamiyya e Grupo Islâmico Combatente Marroquino.
A ESCALADA DO MAL
Em
Duas Décadas, o avanço extremista no Brasil já cumpriu quatro estágios,
segundo a Polícia Federal. O próximo passo pode ser a realização de
atentados:
O
Brasil começou a ser usado como ponto de passagem por terroristas como
os que explodiram a Embaixada de Israel em Buenos Aires. Em 1995, Osama
Bin Laden e o terceiro homem na hierarquia da Al Qaeda, Khalid Shaikh
Mohammed, passaram por Foz do Iguaçu, como revelou VEJA em 2003.
2º Estágio (1996)
Eles
começaram a se estabelecer legalmente no Brasil. Um dos artifícios que
usaram para permanecer no país foi assumir legalmente os filhos de mães
solteiras. Como pais oficiais de crianças brasileiras, não podem ser
extraditados.
3º Estágio (1999)
Início
do aliciamento de brasileiros. Os simpatizantes mais aguerridos foram
enviados ao exterior, para se aprofundar na doutrina dos extremistas e
ser treinados em acampamentos de terroristas no Afeganistão.
4º Estágio (2001)
O
Brasil passou a ser usado como base de financiamento do terrorismo e
centro de preparação de ataques. Depois dos atentados de 11 de setembro,
o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos identificou remessas de
dinheiro para o Hezbollah oriundas do Brasil. Um único militante
instalado no Paraná enviou 100 milhões de dólares a esse grupo
extremista.
As cartilhas terroristas
recomendam aos militantes que desfiram atentados em ocasiões em que suas
ações ganhem visibilidade. O temor de policiais federais e procuradores
ouvidos por VEJA é que eles vejam essas oportunidades na Copa de 2014 e
na Olimpíadas de 2016.
Operação Sentinela prende brasileiro e libanês em Dom Pedrito
Outro libanês encontrado pela polícia é suspeito de tráfico de urânio, entre outros crimes
Na ação, que foi o resultado de
uma investigação de quatro meses nos municípios de Cachoeirinha, Bagé,
Dom Pedrito, Livramento e Uruguaiana, a polícia cumpriu cinco mandados
de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. Os mandados
resultaram na prisão dois homens, um brasileiro, de 37 anos, e um
libanês, de 32 anos, por estelionato. Na residência do brasileiro, os
agentes apreenderam duas armas, uma pistola calibre 7.65; um revólver 32
e mil cartões da loja com nomes falsos que, segundo a polícia, estes
estariam sendo usados para concluir o crime. Na casa do libanês, outros
três libaneses foram encontrados. Um deles, investigado pela Polícia Federal por tráfico de urânio no Amapá e por fazer parte do grupo Hamas,
um movimento de resistência islâmica, considerado como um grupo
terrorista pelo Canadá, Estados Unidos, Israel, União Européia, entre
outros. Este homem também tem mandado de expulsão pela Polícia Federal.
Na mesma residência, a polícia também encontrou um comprovante de
remessa de dinheiro enviado para o Egito.
PF quer saber se atirador teve ajuda para planejar ataque no RJ
As investigações sobre o
massacre na escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste
do Rio de Janeiro, em 07 de Abril de 2011, vão receber reforço da
Polícia Federal. A medida, anunciada nesta segunda-feira (11), foi
motivada porque a PF quer saber se o atirador Wellington Menezes de
Oliveira recebeu ajuda para fazer o ataque. Até o momento, a polícia
acredita que ele tenha agido sozinho.
A polícia divulgou hoje (11)
manuscritos e textos impressos encontrados na casa do atirador. Entre os
temas tratados por Wellington estão principalmente sua relação com Deus
e com religiões, interpretações de passagens bíblicas e anotações sobre
torres altas. Nos papeis, há referências a um grupo com o qual
Wellington se relacionava, mas não se sabe se as pessoas citadas
realmente existem. Apesar do conteúdo dos documentos, a polícia
descartou a possibilidade de envolvimento com grupos extremistas.
Fonte: Terra