É muito difícil ter que encarar de frente certas verdades muito tristes,
especialmente quando elas são revestidas por sensações prazerosas, mas é
preciso saber que enquanto as pessoas aproveitam a doçura do chocolate
no conforto de seus lares, muitas crianças africanas não sentem outra
coisa senão o sabor muito amargo deste mesmo produto.
Em 2001, consumidores ao redor do mundo ficaram revoltados ao descobrir a
existência de escravidão e trabalho infantil, tráfico de crianças e
outros abusos nas fazendas de cacau na Costa do Marfim, um país
responsável por aproximadamente a metade de toda a produção mundial de
cacau. Uma avalanche de publicidade negativa e exigências dos
consumidores exigiam respostas, e uma série de soluções foram propostas.
Dois membros do Congresso dos Estados Unidos da América, o senador Tom
Harkin e o Deputado Eliot Engel, levantaram o tema ao apresentarem uma
nova perspectiva sobre um projeto de lei na área da agricultura, que
propunha um sistema federal de certificação dos produtos feitos de
chocolate como livres de trabalho escravo.
O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados e criou um desastre
potencial para empresas como Cargill, Archer Daniels Midland, Hershey’s,
Nestle, Barry Callebaut, Saf-Cacao e outras produtoras de chocolate.
Para evitar uma legislação que forçaria as companhias a rotular seus
produtos com o selo “sem trabalho infantil” (para o qual a maioria delas
não possuia qualificação), a indústria contra-atacou e concordou em
firmar voluntariamente um acordo para terminar o trabalho infantil
forçado e abusivo nas fazendas de cacau até 2005.
Em 2005, a indústria do cacau falhou e não foi capaz de cumprir os
termos do acordo, ao que uma nova data limite foi estabelecida para o
ano de 2008. Como já era esperado, em 2008 os termos do protocolo ainda
não tinham sido alcançados, e mais uma vez a data limite para o
cumprimento do acordo fio estendida, desta vez para 2010.
Quase uma década depois que as companhias produtoras de chocolate, os
governos e as fundações especializadas gastaram milhões de dólares em
esforços para erradicar o trabalho infantil e o tráfico de crianças no
mercado internacional de cacau, pouca coisa parece ter mudado.
Neste documentário, uma equipe de jornalistas investiga como o tráfico
humano e o trabalho infantil na Costa do Marfim abastecem a indústria
mundial de chocolate. Os membros da equipe entrevistaram tanto os
mantenedores quanto os combatentes deste tipo de prática, e usaram
câmeras escondidas e identidades falsas para vasculhar o mundo árido e
difícil das plantações de cacau.
Assista abaixo ao documentário completo:
(legendas em português)
Fonte: www.sgi.org.br