Scientific Visualization Studio, NASA Goddard Space
Flight Center
Imagem da Nasa mostra extensão da cobertura de gelo no Polo Norte no domingo (26).
A linha amarela indica a extensão mínima média do período entre 1979 e 2010
Imagem da Nasa mostra extensão da cobertura de gelo no Polo Norte no domingo (26).
A linha amarela indica a extensão mínima média do período entre 1979 e 2010
Uma quantidade crítica de gelo no Oceano Ártico
derreteu este ano a níveis inéditos, confirmou o National Snow and Ice Data
Center (NSIDC), dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (27).
De acordo com suas medições, a extensão da
cobertura de gelo do Ártico chegou a 4,09 milhões de km 2 , e é bem provável que mais gelo ainda derreta
nas próximas semanas. Este dado quebra o recorde anterior, de 4,17 milhões de
km 2 , estabelecido em 2007.
A região do Polo Norte é um oceano cuja superfície
é coberta de gelo. No inverno do Hemisfério Norte, a água congelada cobre uma
área de de cerca de 15,54 milhões de km 2 ,
encolhendo durante o verão e depois aumentando de novo no outono. É uma
dinâmica diferente da da Antártida, que é continente coberto de gelo e cercado
de gelo marinho.
O gelo marinho ártico chega na sua extensão mínima
em meados de setembro, e começa a recongelar. Mas os níveis chegaram noúltimo
domingo (26) a 69.930 km 2 além do recorde antigo, registrado desde 1979.
Ted Scambos, do NSIDC disse que apesar de alguns
fatores naturais terem contribuído, a causa principal do degelo recorde é, sem
sombra de dúvida, as mudanças
climáticas causadas pela emissão de gases de efeito estufa.
Infográfico: como acontece o aquecimento global
Infográfico: como acontece o aquecimento global
"Estes dados realmente implicam que o Ártico
está mudando", afirmou outro pesquisador, Tom Wagner, do programa de
sistemas de gelo da Nasa.
Wagner e Scambos afirmam quem chegou-se a acreditar
que 2007 havia sido uma exceção, mas a sequência de dados mostra que algo maior
está acontecendo. O recorde de 2012 pode ser um indicativo forte que estamos
perto do dia em que não haverá mais gelo no Ártico durante o verão, acredita o
glaciólogo Waleed Abdalati, cientista chefe da Nasa.
Uma das grandes preocupações, diz Abdalati, é o
impacto deste degelo no clima global. "Este gelo é um importante fator no
clima em que a civilização moderna evoluiu˜, explica. "Não sabemos
qual vai ser o impacto do degelo˜, complementa Wagner.
Os cientistas dizem que o gelo do Ártico ajuda a
moderar as temperaturas do hemisfério norte no verão e no inverno. Um estudo
publicado este ano no periódico Geophysical Research Letters ligou a perda de
gelo no Polo Norte com a maior probabilidade de eventos meteorológicos
extremos, como secas, enchentes e ondas de calor.
O gelo ártico também é essencial para ursos polares e
outros animais.
Wagner diz que o degelo ártico acompanha outras
mudanças, como a perda de geleiras no Alasca e Canadá, e degelo
recorde na Groenlândia . Ali, as temperaturas foram de nove
a 18 graus mais quentes que o normal neste verão e o gelo está refletindo menos
calor -- ou seja, absorvendo-o -- do que antes.
"A tendência é o degelo continuar, porque a
Terra está ficando mais quente", Scambos afirma. "Ano após ano, os
recordes vão continuar… Não tem mais volta."