Um minuto de silêncio por Osama Bin Laden
Onde ocorreu isso? No Paquistão? Afeganistão? Iraque? Faixa de Gaza?
Nada disso. Em Anápolis-GO. Cidade com uma grande e influente colônia de
árabes, turcos, sírios, libaneses e outros imigrantes do oriente médio.
A notício saiu no G1: Durante a sessão de segunda-feira (2) na Câmara dos Vereadores de Anápolis, em Goiás, o vereador Valmir Jacinto (PR) pediu um minuto de silêncio pela morte de Osama Bin Laden. O terrorista da al-Qaeda foi morto na madrugada de segunda-feira (2), no Paquistão. O pedido de silêncio, no entanto, segundo o vereador, não foi interpretado da forma correta.
Houve essa fala mesmo, mas não foi uma homenagem. Foi um reconhecimento pelo fato de a Justiça ter sido feita. Pela situação de paz que reina agora, após a sua morte.
Valmir Jacinto. Vereador pelo PR
De acordo com o vereador, o pedido de um minuto de silêncio pela morte de Bin Laden ocorreu depois do pedido de homenagem a dois moradores da cidade que também faleceram. “Eles eram pessoas de bem, e por isso ocorreu esse mal-entendido. Não sou a favor do que ele [Osama Bin Laden] fez. Ele provocou um grande sofrimento no mundo”, diz.
O pedido gerou polêmica na cidade de 334,6 mil habitantes.
Foi uma coisa pessoal minha e meus companheiros não concordaram. A Câmara também repudiou. Mas não tive a oportunidade de explicar na hora porque temos pouco tempo para falar. Na sessão desta tarde farei uma retratação.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (4) pela assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Anápolis, o presidente da Câmara Amilton Batista afirma que o pedido de um minuto de silêncio feito pelo vereador foi deferido devido às homenagens prestadas aos dois moradores da cidade também citados por Jacinto.
O texto diz ainda que a "possível homenagem pela memória de qualquer outra pessoa, que não as duas citadas acima, é isolada, pessoal e individual, não correspondendo ao entendimento do Poder Legislativo, da Mesa Diretora ou desta Presidência".
A Câmara ressalta que o vereador tem o direito de livre expressão de pensamentos e manifestação de ideias quando no uso da tribuna, em plenário.
Eu me recordo que durante a primeira Guerra do Golfo, houve um morador da cidade que se ofereceu como voluntário para lutar contra a invasão americana no Iraque. Ainda que parece ter ficado só na intenção.
No campo do Direito, também não é unânime a opinião de que a operação correu totalmente dentro das leis internacionais. A Comissária de diretos humanos da ONU pediu explicações sobre a morte de Bin Laden.
Segundo a BBC Brasil, uma nova informação divulgada pela imprensa americana nesta sexta-feira voltou a contradizer relatos anteriores da Casa Branca sobre a operação que levou à morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, no último domingo.
De acordo com os jornais americanos, fontes do governo afirmaram que, ao contrário do informado anteriormente, apenas o mensageiro de Bin Laden teria atirado contra as forças especiais americanas que invadiram o esconderijo do líder da Al-Qaeda no Paquistão e o mataram.
O mensageiro estaria em um andar diferente da mansão onde Bin Laden vivia escondido e teria sido morto pelas forças americanas no início da operação.
Essas novas informações representam mais mudanças na versão sobre o que aconteceu nos cerca de 40 minutos da operação.
Desde que o presidente Barack Obama anunciou a morte do líder da Al-Qaeda em cadeia nacional, no domingo, membros da Casa Branca já mudaram repetidas vezes sua versão sobre a operação.
Já na segunda-feira, o principal assessor do governo para assuntos de segurança nacional e contraterrorismo, John Brennan, disse que Bin Laden foi morto com um tiro na cabeça ao resistir à captura.
Se nós tivéssemos a oportunidade de pegar Bin Laden vivo, se ele não apresentasse qualquer ameaça, os indivíduos envolvidos estavam aptos e preparados para fazer isso
John Brennan. Assessor do governo para assuntos de segurança nacional e contraterrorismo
Ele disse que Bin Laden resistiu e houve troca de tiros com as forças americanas que invadiram seu esconderijo. Além disso, afirmou que Osama teria tentado usar uma de suas esposas como escudo, e a mulher acabou morta na ação.
Na terça-feira, Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, mudou a descrição da operação dizendo que Bin Laden não estava armado, porém, mesmo desarmado, Bin Laden resistiu à captura, e várias outras pessoas presentes no local estavam armadas, havendo "intensa" troca de tiros.
Carney realtou ainda que uma das esposas de Bin Laden confrontou as forças americanas e foi alvejada na perna, mas não morreu, contrariando a versão de Brennan.
Com tantas versões contraditórias os questionamentos sobre a legalidade da operação que levou à morte de Bin Laden se avolumam.
Na quarta-feira, ao ser questionado sobre detalhes da operação em audiência na Comissão de Justiça do Senado americano, o secretário de Justiça, Eric Holder, defendeu sua legalidade dizendo que foi um ato legítimo de autodefesa.
Ele era o líder da Al-Qaeda, uma organização que conduziu os ataques de 11 de Setembro. Ele admitiu seu envolvimento. A operação contra Bin Laden foi justificada como um ato de autodefesa nacional.
Eric Holder. Secretário de Justiça
Nesta quinta-feira, porém, a alta comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, pediu ao governo americano "a divulgação completa dos fatos precisos" sobre a morte do líder da Al-Qaeda para estabelecer a legalidade da operação.
As Nações Unidas condenam o terrorismo, mas também têm regras básicas sobre como deter atividades terroristas. Isso deve ser feito respeitando as leis internacionais
Navi Pillay
A ONG Anistia Internacional também já havia se manifestado a respeito da operação, ao dizer que Bin Laden deveria ter sido capturado vivo, já que estava desarmado.
O fato é que o Osama vivo parecia servir mais aos interesses da administração anterior, e o Osama morto serviu bem aos interesses da atual (pelo menos até o momento).
Já pensou se o Osama estivesse vivo em Guantánamo? Para muitos seguidores de sua doutrina seria um sinal de fraqueza: Alá teria deixado que morressem milhares de americanos em Nova York mas não deixou que o líder da Al-Qaeda perecesse nas mãos dos infiéis. E por aí segue a loucura ideológica.
Por outro lado, a demonstração de força é importante para mostrar quem manda. A mensagem para os seguidores de Osama, e para o eleitor americano, é que não haveria buraco onde possa se esconder um inimigo dos EUA.
Ao mesmo tempo, nada de profanação do corpo. Foi dito que o corpo de Osama foi coberto com um tecido branco antes de ser lançado no mar seguindo, na opinião da Casa Branca e para descontentamento de parte dos americanos, o ritual muçulmano (algo semelhante foi negado ao Wellington, o assassino de Realengo que, em última análise, matou muito menos gente, era doido e se inspirava no líder da Al-Qaeda para fazer seu show de horror. O que, em parte, deveria ser creditado também ao Osama).
Foi tanto cuidado que eu acho que a ActiVision deveria criar um videogame chamado White Ops, para os jogadores simularem essa operação para apanhar o Geronimo (com esse codinome dado ao Osama, o Obama pode perder o voto de muitos apaches), uma vez que na versão Black Ops do Call of Duty, o protagonista executa um atentado contra Fidel Castro em uma impressionante semelhança de roteiro. #FiKDiK (Fica a dica, em twitês).
O presidente americano estaria se equilibrando entre todas essas leituras da operação e ainda tentando angariar dividendos políticos que o reconduzam a outro mandato na Casa Branca, apesar dos problemas econômicos domésticos.
Será que os SEALs invadiriam a Europa para eliminar o Assange (do Wikileaks)? Muito dificilmente. Mas por Assange eu faria um minuto de silêncio. Quanto ao membro da câmara de vereadores de Anápolis (cidade ótima, no auge de seu florescimento econômico e com um trânsito cada vez pior), acho que ele deu só um minuto de bobeira.
[Via BBA]