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11 de jan. de 2011

Meninos e meninas!...


Casal de jovens
 Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Tem mulher que é Imperfeita, e a tudo aceita com muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer como boa profissional, mãe, filha e mulher que também faz: trabalho todos os dias, ganha minha grana, vai ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefona sempre para a mãe, procura amigas, namoro, viaja, vai ao cinema, paga as contas, responde a toneladas de emails, faz revisões no dentista, mamografia, caminha meia hora diariamente, compra flores para casa, providencia os consertos domésticos e ainda faz as unhas e depilação!

                  E, entre uma coisa e outra, ler livros.

                  Portanto, está sempre ocupada, mas não uma workholic.

                  Por mais disciplinada e responsável que seja, aprendie duas coisinhas que operam milagres.

                  Primeiro: a dizer NÃO.

                  Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

                  Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

                  Quando você nasceu nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..

                  Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

                  Você não é Nossa Senhora.

                  Você é, humildemente, uma mulher.

                  E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si à falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo, também pra si, (e não se deixar ser explorada).
                  Tempo para fazer nada.

                  Tempo para fazer tudo.

                  Tempo para dançar sozinha na sala.

                  Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

                  Tempo para sumir dois dias com seu amor.

                  Três dias...

                  Cinco dias!

                  Tempo para uma massagem.

                  Tempo para ver a novela.

                  Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

                  Tempo para fazer um trabalho voluntário.

                  Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto...

                  Tempo para conhecer outras pessoas.

                  Voltar a estudar.

                  Para engravidar.

                  Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

                  Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

                  Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

                  Existir, a que será que se destina?

                  Destina-se há ter o tempo a favor, e não contra.

                  A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

                  Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

                  Se o trabalho é um pedaço de sua vida, ótimo!

                  Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
                  Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

                  Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
                  Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

                  E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

                Artigo escrito por  Martha Medeiros - Jornalista e escritora
            
            obs:
            Não esqueça de ter tempo pra Deus, que pode disponibilizar tempo pra você, mas não invade sua vida.