É verdade matemática,
Que ninguém podi negá,
Que essa história de gramática,
Só serve pra atrapaiá!
Inda vem língua estrangera,
Ajudá a compricá!
Meió nóis cabá cum isso,
Pra todos podê falá!
Na Ingratera ouví dizê,
Que um pé de sapato é xu,
Desde logo já se vê,
Dois pé de sapato é xuxu!
Xuxu pra nóis é legume,
É verdade e não boato!
O ingrês que lá se arrume,
Mas nóis num come sapato!
Ná Itália ouví dizê,
Eu não sei por que razão,
Que manteiga lá é burro,
Se passa burro no pão!
Desse jeito pra mim chega!
Sarve o povo do sertão!
Onde manteiga é manteiga,
Nóis num come burro não!
Na Argentina aprendi,
Que lá saco é paletó!
Se o gringo toma chuva,
Tem que pô o saco no sór!
E se acaso o dito encóie,
A muié diz o pió:
Teu saco é muito pequeno,
Vê se arranja otro maió!
Na América corpo é bódi,
Veja que bódi vai dá!
Conheci uma americana,
Doida pro bódi entregá!
Fiquei meio atrapaiado,
E disse pra me escapá:
Óia moça eu não sou cabra,
Vai chegano pra lá!
No Chile cueca é dança,
Pra se dançá e bailá!
Lá se dança e baila cueca,
Até a noite acabá!
Mas se um dia um chileno,
Vié pro Basil dançá,
Tente mostrá a cueca,
Pra vê onde vai pará!
Uma gravata esquisita,
Um certo francês me deu!
Perguntei onde se bota,
Me danei com a resposta!
Isso é coisa eu que não faço,
Acho que num entendeu!
Seu francês mal-educado,
Mete a gravata no seu!