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13 de abr. de 2011

Manifesto pelas florestas do Brasil



Manifesto pelas florestas do Brasil

Desmatamento zero e tratamento diferenciado da agricultura familiar são parte de uma lei florestal realmente justa.

Manter as florestas faz bem para o país ©Greenpeace
Um manifesto lançado hoje em Brasília pede que uma reforma do Código Florestal se baseie no desmatamento zero e no tratamento diferenciado dos agricultores familiares.

O texto, assinado por uma série de organizações, inclusive o Greenpeace, também deixa claro que o projeto de lei escrito pelo deputado Aldo rebelo (PCdoB-SP) não representa o interesse de quem produz os alimentos no Brasil.

Leia a seguir o manifesto:

POR UMA LEI FLORESTAL JUSTA E EFETIVA: NÃO À APROVAÇÃO DO RELATÓRIO ALDO REBELO

Alegando que a lei atrapalha o agronegócio brasileiro, os ruralistas encomendaram ao deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP) uma proposta de alteração que está prestes a ser votada e que, dentre outras coisas, pretende:
Floresta amazônica
a) anistiar os desmatamentos ilegais realizados em APPs até 2008: não será mais necessário recuperar os desmatamentos ilegais realizados em encostas, beiras de rio e áreas úmidas, beneficiando quem desrespeitou a lei, mas prejudicando a sociedade, que terá que conviver para sempre com rios assoreados, deslizamentos de encostas, águas envenenadas, casas e plantações levadas por enchentes, dentre outros.

b) diminuir a proteção aos rios e topos de morro: prevê que os rios menores, justamente os mais abundantes e frágeis, terão uma proteção menor, que pode chegar a ¼ da atual. Da mesma forma, retira toda e qualquer proteção aos topos de morro, áreas frágeis e sujeitas a deslizamentos e erosão em caso de uso inadequado. Somada à anistia, significará uma perda muito significativa de proteção  a essas áreas.

c) diminuir a reserva legal em todo o país: isenta os imóveis de até 4 módulos fiscais de recuperar a reserva legal, e para todos os demais diminui a base de cálculo, o que significa diminuir ainda mais uma área que já é considerada por todos como pequena para proteger a biodiversidade. Isso sem contar a possibilidade de fraude, com fazendas maiores se dividindo artificialmente para não ter que recuperar as áreas desmatadas.

d) permitir a compensação da reserva legal em áreas remotas, sem nenhum critério ambiental, levando em consideração apenas o valor da terra, e não a importância ambiental ou a necessidade de recuperação ambiental da região onde ela deveria estar, muitas vezes já. Essa proposta terá repercussões na estrutura agrária em todo o país, expulsando agricultores familiares e camponeses, povos indígenas e quilombolas.

e) Possibilitar que municípios possam autorizar desmatamento, o que significa criar o total descontrole na gestão florestal no país, já que são muitos os casos de prefeitos que têm interesse pessoal no assunto, configurando um inadmissível conflito de interesses.

Para quem defende essa proposta o que interessa é manter  monoculturas envenenadas com agrotóxicos, movidas a trabalho escravo e uma destruição ambiental constante. Não é isso que interessa ao país.

Nós, organizações ambientalistas, movimentos sociais do campo e sindicalistas de todo o Brasil, defendemos valores e práticas bem diferentes. Por isso defendemos uma proposta diferente para o Código Florestal, que deve prever, dentre outros:

•Tratamento diferenciado para a agricultura familiar, que tem no equilíbrio ambiental um dos pilares da sua sobrevivência na terra, com apoio técnico público para recuperar suas áreas e gratuidade de registros;

•Desmatamento Zero em todos os biomas brasileiros, com exceção dos casos de interesse social e utilidade pública, consolidando a atual tendência na Amazônia e bloqueando a destruição que avança a passos largos no Cerrado e na Caatinga;

•Manutenção dos atuais índices de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, mas permitindo e apoiando o uso agroflorestal dessas áreas pelo agricultor familiar

•Obrigação da recuperação de todo o passivo ambiental presente nas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, não aceitando a anistia aos desmatadores, mas apoiando economicamente aqueles que adquiriram áreas com passivos para que recuperem essas áreas;
•Criação de políticas públicas consistentes que garantam a recuperação produtiva das áreas protegidas pelo Código Florestal, com a garantia de assistência técnica qualificada, fomento e crédito para implantação de sistemas agroflorestais, garantia de preços para produtos florestais e pagamentos de serviços ambientais

A sociedade brasileira exige do Congresso Nacional e da Presidenta eleita que este relatório nefasto não seja aprovado, e que em seu lugar seja colocado um texto que interesse a todos os brasileiros, ou seja, que não diminua a proteção de áreas ambientalmente importantes, mas que crie condições para que elas sejam efetivamente protegidas.

Por isso milhares de pessoas estão organizadas hoje para gritar:

NÃO AO RELATÓRIO DA BANCADA RURALISTA!

POR UM CÓDIGO FLORESTAL QUE DE FATO GARANTA PRODUÇÃO E PROTEJA AS FLORESTAS!

Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF

Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – APREMAVI

Associação dos Servidores da Reforma Agrária em Brasília - ASSERA

Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Ibama 

- ASIBAMA

Comissão Pastoral da Terra – CPT

Confederação Nacional dos Servidores do Incra - CNASI

Conselho Indigenista Missionário – CIMI

Conselho Pastoral de Pescadores

Conservação Internacional – Brasil

Crescente Fértil

Federação dos Estudantes de Engenharia Agronômica do Brasil – FEAB

Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – 

FETRAF

Fundação SOS Mata Atlântica

Greenpeace

Grupo Ambientalista da Bahia – GAMBA

Grupo de Trabalho Amazônico – GTA

Instituto Centro de Vida - ICV

Instituto de Estudos Socioeconomicos - INESC

Instituto Socioambiental – ISA

Mira Serra

Movimento das Mulheres Camponesas – MMC

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA

Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

Pastoral da Juventude Rural – PJR

Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário - 

SINPAF

Sociedade Chauá

Via Campesina

Vitae Civilis