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24 de abr. de 2011

Notícias do Brasil e do mundo


Presidente do Iêmen aceita sair do poder em 30 dias

Agências internacionais
SANAA, Iêmen - O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, aceitou sair do governo em 30 dias, em acordo com países árabes vizinhos, em troca de imunidade para ele e seus parentes, informou ao "Wall Street Journal" Tariq Shami, assessor de Saleh. De acordo com a agência Associated Press, a notícia também foi veiculada na TV estatal do Iêmen.

O partido do governo do Iêmen disse que aceitava o plano político para que o presidente renuncie.

- O partido informou aos chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) que aceita todo o acordo - informou Shami à Reuters.

O plano do Conselho de Cooperação do Golfo determina que Saleh entregará o poder ao seu vice-presidente um mês depois que um acordo for assinado com as forças da oposição, e ele receber garantias de imunidade para ele, sua família e seus assessores.

Neste sábado, o presidente acusou a oposição de arrastar o país para uma guerra civil, num momento que os iemenitas se juntam em uma série de manifestações contrárias ao seu regime. Na sexta, iemenitas lotaram as ruas de Sanaa e Taiz em protestos pró e contra Saleh.

A coalização oposicionista aprovou neste sábado o plano de transição proposto pelo Golfo Árabe.

- A oposição recebe bem a iniciativa, com exceção da proposta de formação de uma unidade de governo nacional - disse o líder da oposição, Yassin Noman.

Protestos no Iêmen, inspirados pelas revoltas que derrubaram os lideres do Egito e da Tunísia, estão agora no seu terceiro mês e levam dezenas de milhares de pessoas às ruas quase todos os dias, exigindo o fim da corrupção e da pobreza endêmica. Dezenas de pessoas já morreram em protestos contra o governo.

Depois de anos de apoio a Saleh, como um baluarte contra a instabilidade regional e as atividades do braço iemenita da al Qaeda, a Arábia Saudita e os EUA começaram a pressioná-lo para negociar com a oposição para entregar-lhes o poder.


Desafio a Assad


Manifestantes realizam novos protestos em funerais de mortos em confrontos com forças da Síria

Agências internacionais

AMÃ - Movimentos de oposição na Síria transformaram em novos protestos os funerais das dezenas de mortos em confrontos com forças de segurança na sexta-feira, dia mais sangrento desde o início das manifestações contra o presidente Bashar al-Assad. Centenas de sírios gritavam neste sábado "derrubem o regime", segundo uma testemunha. Os funerais aconteciam em Damasco e na cidade de Izra'a, onde Assad era chamado de "traidor". Segundo a organização de direitos humanos Sawasiah, forças de segurança abriram fogo em um subúrbio da capital e em Izra'a, matando ao menos 12 civis.

O número de mortos na violência durante a chamada "Grande Sexta-Feira" ainda é incerto. O grupo de defesa de direitos humanos "The Syrian Revolution" informou nesta madrugada em sua página no Facebook que o total chegou a 112. Dois ativistas dizem que os mortos foram ao menos 100. Ainda no sábado, o grupo de manifestantes que coordena os comitês locais para a realização de protestos afirmou que ao menos 88 civis foram morreram após serem baleados por forças de Assad.

As áreas onde houve confrontos incluem Damasco, Latakia, Homs, Hama e Izra'a. A capital estava tensa nesta manhã, com moradores preferindo ficar dentro de casa, disse um sírio por telefone à agência de notícias Reuters. Jornalistas estrangeiros têm dificuldade de entrar no país e, portanto, os relatos muitas vezes não podem ser confirmados.

- Estamos preocupados que durante os funerais mais sangue seja derramado, o que vai provocar mais protestos e mais mortes - disse o morador de Damasco. - Isso está se tornando uma bola de neve e ficando cada vez maior a cada semana. A raiva está aumentando, as ruas estão fervendo.

O presidente dos EUA, Barack Obama, condenou a violência na sexta-feira e acusou Assad de buscar a ajuda do Irã para reprimir as manifestações. O ministério de Relações Exteriores da França disse estar "profundamente preocupado".

Um comunicado do grupo que reúne os opositores sírios criticou a ratificação, na quinta-feira, da revogação da lei de emergência que vigorava no país há 48 anos, afirmando que a medida foi inútil já que não foram libertados os milhares de presos políticos no país e os rigorosos aparatos de segurança não foram desmobilizados. Ativistas de direitos humanos afirmam que o número de mortos desde o início da violência contra os protestos na Síria, iniciados em Deraa, passa de 300.



Cerco

França quer fechar fronteiras ao bloco europeu

Agências internacionais
PARIS - A França vai apertar para valer o cerco nas fronteiras com o objetivo de impedir a entrada de milhares de imigrantes clandestinos da Líbia e da Tunísia. Fontes do governo, citadas pela imprensa francesa, revelaram que Paris pedirá a suspensão dos acordos de Schengen - que preveem a livre circulação de pessoas no bloco europeu.

A decisão de Paris acontece num momento em que o partido de direita no poder - o UMP, do presidente Nicolas Sarkozy - começa a perder espaço para a extrema-direita, que faz uso político do medo a estrangeiros, sobretudo dos que vêm de países árabes. A combinação de uma economia fragilizada por crise internacional, desemprego entre jovens e problemas na integração de árabes das ex-colônias francesas tornou este medo ainda mais latente. Sarkozy amarga índices baixíssimos de popularidade, e as três últimas pesquisas mostram que ele pode não ser reeleito nas eleições presidenciais de 2012.

O problema da imigração será o ponto sensível do encontro, na terça-feira, em Roma, entre Sarkozy e o premier italiano, Silvio Berlusconi. A Itália ficou furiosa quando a França bloqueou, no domingo passado, o tráfego ferroviário entre os dois países para impedir que tunisianos que chegaram à Itália fossem à França.

Confrontada com uma verdadeira invasão de imigrantes, a Itália pediu inicialmente ajuda a Paris e outros governos europeus. Segundo os italianos, muitos clandestinos da Tunísia queriam chegar à França para encontrar familiares já radicados no país. Mas Paris se recusou a ajudar. A Itália, então, decidiu fazer isso na marra: deu vistos de $de 6 meses para mais de 20 mil tunisianos. Pelos acordos de Schengen, isso dá direito à livre circulação nos 25 países que fazem parte do acordo.

A atitude da Itália enfureceu não apenas os franceses, como outros europeus. O secretário de política de imigração e asilo da Bélgica, Melchior Wathelet, reagiu sem diplomacia:


- A Itália nos enganou usando regras européias - acusou.

De janeiro a 5 de abril, 22 mil tunisianos desembarcaram na ilha de Lampedusa, na Itália. Pelos acordos de Schengen, os membros da UE têm o direito de emitir vistos temporários de estadia a pessoas de fora do bloco. Mas ninguém sabe agora o que fazer com o fluxo de árabes que fogem das revoltas em seus países. Para a Comissão Europeia, a Tunísia não é um país em guerra. Portanto, tunisianos não podem pedir asilo.


Para analistas, crise pode pôr fim a pilar da UE

A França preside no momento a União Europeia. E vai insistir nisso: que seja pensado um mecanismo nos acordos de Schengen que permitam a suspensão temporária quando houver um problema como o atual. Na briga com a Itália, a França também insiste que, segundo os acordos, é responsabilidade do primeiro país que recebe os imigrantes administrar o problema.

Para alguns analistas, a incapacidade dos europeus em administrar a crise atual pode significar o fim dos acordos de Schengen - isto é, um dos pilares da Europa unida, que faz com que hoje 400 milhões de habitantes de 25 países possam circular livremente. É o que sonha a extrema-direita francesa, e vários movimentos populistas e xenófobos no continente, como a Liga do Norte, na Itália.



 Controle remoto

Mesmo presos, chefes de milícias comandam quadrilhas na Zona Oeste do Rio, no estilo do tráfico
RIO - É de uma cela individual de sete metros quadrados, na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), a 1.445 quilômetros do estado, que o ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, dita ordens aos integrantes do maior grupo paramilitar em atuação na Zona Oeste do Rio. Da mesma forma que os traficantes, milicianos presos se correspondem com suas quadrilhas por meio de cartas e bilhetes entregues a emissários durante as visitas.

De acordo com reportagem de Sérgio Ramalho publicada na edição deste domingo do jornal O Globo (leia a íntegra na edição digital, só para assinantes) , as articulações de Batman com seu principal aliado em liberdade, o PM desertor Toni Ângelo de Souza Aguiar, vêm sendo monitoradas pela Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.
As investigações mostram que, há pelo menos três meses, Toni Ângelo recebe determinações por meio de cartas e bilhetes ditados da prisão de segurança máxima por Batman. Chefe de investigações da Draco, Jorge Gerhard ressalta que as ordens costumam ser transmitidas aos principais integrantes da milícia durante reuniões, nas quais a correspondência é lida em voz alta. Foi o que aconteceu em março, pouco depois do carnaval, quando os milicianos foram informados que o dinheiro arrecadado com a cobrança de "taxas de segurança" não deveria mais ser repassado integralmente a emissários dos irmãos Natalino e Jerônimo Guimarães.

Atentado planejado por meio de bilhetes

Também presos em Campo Grande (MS), o ex-deputado estadual Natalino e o ex-vereador Jerominho recorreram à troca de mensagens para tentar evitar o racha na estrutura da milícia e, por consequência, a perda de poder para Batman, como indicam as análises da Draco e do Gaeco. O método também teria sido adotado pelo ex-sargento Luiz Monteiro da Silva, o Doem, para orientar aliados em liberdade a planejarem um atentado contra um integrante do Ministério Público estadual. Chefe de uma milícia em Jacarepaguá, o ex-PM - condenado em fevereiro a 11 anos de prisão - também teria trocado mensagens com um antigo rival, o vereador Luiz André Ferreira da Silva, o Deco, que foi preso na Operação Blecaute, no último dia 13.

Para o deputado estadual Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das Milícias, o uso de cartas e bilhetes pelos chefes de grupos paramilitares presos não surpreende:

- É a típica relação de máfia. Não é porque os chefes foram presos que vão perder poder dentro de suas quadrilhas. É claro que pode haver rachas, como aconteceu com o grupo dos irmãos Natalino e Jerominho, mas os líderes vão continuar dando ordens por meio de cartas e recados repassados a emissários durante as visitas.

O deputado ressalta que os milicianos são muito mais organizados que os traficantes. Freixo argumenta que os grupos paramilitares contam com a participação de agentes da lei e, apesar das prisões dos principais chefes, não perderam o controle territorial nem, sobretudo, as fontes de recursos. Freixo acrescenta que nenhuma das medidas propostas pelo relatório da comissão foi adotada. O deputado ressalta que o controle do transporte alternativo e o aumento da fiscalização na distribuição de gás são pontos primordiais a serem adotados. Estes segmentos garantem parte significativa dos recursos obtidos pelas milícias através da cobrança de "taxas de segurança" e ágio.


Linha direta com o terror

Agenda do sargento que morreu no atentado no Riocentro revela, após 30 anos, rede de conspiradores do período

RIO - Deixar que a bomba explodisse em seu colo não foi o único erro do sargento Guilherme Pereira do Rosário na noite de 30 de abril de 1981, no Riocentro. O "agente Wagner" do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI I), principal centro de tortura do regime militar no Rio, também levava no bolso uma pequena agenda telefônica, contendo nomes reais, e não codinomes, e respectivos telefones, de militares e civis envolvidos com tortura e espionagem. Quatro deles eram ligados ao "Grupo Secreto", organização paramilitar de direita que desencadeou uma série de atos terroristas na tentativa de deter a abertura política.

Havia ainda nomes-chave da polícia fluminense, como o chefe de gabinete do secretário de Segurança e o chefe da unidade de elite policial da época, o Grupo de Operações Especiais, mais tarde Departamento Geral de Investigações Especiais, setor especializado em explosivos que tinha a responsabilidade de investigar justamente atentados a bomba como os patrocinados pelos bolsões radicais alojados na caserna.

Trinta anos depois do atentado que vitimou o próprio autor e feriu gravemente o então capitão Wilson Machado, O GLOBO localizou a agenda e identificou metade dos 107 nomes e telefones anotados pelo sargento. De oficiais graduados a soldados, de delegados a detetives, Rosário tinha contatos em setores estratégicos, como o Estado-Maior da PM e a chefia de gabinete da Secretaria de Segurança, além de amigos ligados a setores operacionais, como fábrica de armamento e cadastros de trânsito.

Terror de direita usou paraquedistas

A rede formada por esses contatos mostra onde se apoiavam as ações dos insatisfeitos com a abertura. Na segunda metade dos anos 70, o governo Geisel determinou a desmobilização da máquina de torturar e matar nos porões do regime, que mudou de direção, indo da brutalidade para ações de inteligência, com a reestruturação dos DOIs. Descontentes com as mudanças, sargentos como Rosário, sobretudo os paraquedistas arregimentados anos antes pela repressão, transformaram-se em braços operacionais de grupos terroristas de extrema direita. Rosário e sua turma foram buscar na ação clandestina, fora da cadeia de comando, o poder gradativamente perdido.

Recolhida pelo então tenente Divany Carvalho Barros, o "doutor Áureo", também do DOI, pouco depois da explosão, a agenda de Rosário só seria submetida à perícia 19 anos depois, em abril de 2000, no segundo IPM sobre o atentado. Porém, desde que o caso foi arquivado, naquele mesmo ano, o caderninho marrom, do tamanho da palma da uma mão e que trazia em seu cabeçalho a prece "Confio em Deus com todas as forças e peço a Deus que ilumine o meu caminho e toda a minha vida", permanecia esquecido em um envelope, num dos anexos do volumoso processo sobre o caso, no Superior Tribunal Militar (STM).

Para montar a rede do sargento, foi preciso cruzar nomes e números da agenda com catálogos telefônicos da época, e com telefones e endereços atuais, bem como outras fontes de informação. Para entender a rede, a lista de contatos foi dividida em cinco segmentos: integrantes do Grupo Secreto, do qual Rosário era provavelmente ativo protagonista; a comunidade de informações (incluindo militares até hoje envolvidos com arapongagem); agentes da Secretaria estadual de Segurança (polícias Civil e Militar, como integrantes do serviço de inteligência e de grupos de peritos em explosivos); representantes da sociedade civil, como empresas de construção civil e de equipamentos elétricos; além de um sub-reitor da Uerj que consta como tendo auxiliado quadros da repressão; e até meios de comunicação, cujos telefones seriam usados pelos terroristas para a comunicação de atentados.

O atentado do Riocentro foi alvo de dois inquéritos policial-militares do Exército. O primeiro, em 1981, foi considerado farsa ao concluir que o sargento e o capitão foram vítimas, e não autores da ação. Já o segundo IPM, provocado pela reabertura do caso em 1999, mudou a versão oficial, comprovando o envolvimento da dupla do DOI, além de um oficial (Freddie Perdigão) e um civil (Hilário Corrales), mas ninguém foi levado a julgamento: o STM entendeu que os autores estavam cobertos pela anistia.

A agenda, porém, nunca foi considerada como pista para o esclarecimento do atentado e da ação dos terroristas do período. Se os investigadores se detivessem nos nomes anotados, teriam descoberto, por exemplo, que o aviador Leuzinger Marques Lima (para Rosário, Léo Asa) , um dos nomes do Grupo Secreto, participara da Revolta de Aragarças, contra o governo JK, ainda nos anos 50. No episódio, Léo Asa envolveu-se no sequestro de um avião da Panair e planejou com outros revoltosos jogar bombas nos palácios das Laranjeiras e do Catete.

Outro do Grupo Secreto no caderno de Rosário era o general Camilo Borges de Castro, cujo telefone pessoal reforça a tese de que o terror agia fora da cadeia de comando, sem respeitar a hierarquia. Castro era amigo do marceneiro Hilário Corrales, civil que integrava o grupo e que teria montado a bomba que colocaria Rosário na História política do país. O irmão de Hilário, Gilberto Corrales, também teve o nome anotado na agenda.

O coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira foi o quarto nome do Grupo Secreto encontrado no caderno de Rosário. Apontado pelo projeto Brasil Nunca Mais como notório torturador, era o "dr. Nagib" do DOI I e da "Casa da Morte", em Petrópolis. Na época do Riocentro, estava na Agência Rio do SNI. O general Newton Cruz, chefe da Agência Central do órgão, chegou a admitir que Perdigão lhe falou do atentado antes de ele ocorrer.

Da Secretaria de Segurança, havia integrantes das polícias Militar e Civil com algum tipo de relação com o atentado. Um dos PMs na agenda, o segundo-tenente José Armindo Nazário, trabalhava no Estado-Maior da PM - justamente a unidade que deu ordem para suspender o patrulhamento no Riocentro na noite do atentado. Nazário também era ligado à inteligência da PM, a P-2. Em 69, foi designado pelo general Emílio Médici, então chefe do SNI, para servir em Brasília; em 73, foi para a divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça.

Outro nome do caderninho é o do coronel da PM Hamilton Dorta, ex-sargento do Exército e chefe da P-2 de vários batalhões da PM nos anos 1970. De 1978 a 1981, ele foi subdiretor de segurança externa da Secretaria de Justiça, cargo ligado ao Desipe, no qual cuidava da inteligência de movimentações de presos comuns e políticos, e também da segurança de presídios, para evitar, por exemplo, ações de resgate. O telefone associado a Dorta na agenda pertencia ao Departamento Penitenciário da época.

Da Polícia Civil, um dos nomes identificados é o do delegado Sérgio Farjalla. Ex-instrutor de tiro da Academia de Polícia, ele também foi ligado à Delegacia de Polícia Política e Social (DPPS), órgão que investigava atentados a bomba na época. Mais tarde, Farjalla se tornaria um dos primeiros especialistas em efeitos especiais do país e abriria uma empresa especializada.

A agenda registra ainda o telefone de "Solange Tavares - esposa dr. Ilo". A advogada Solange era mulher do delegado Ilo Salgado Bastos, chefe de gabinete do secretário de Segurança nos anos 80 - na época, o secretário era Olavo de Lima Rangel, ex-Dops. Nessa função, Ilo, ex-Dops, ex-DPPS e próximo de alguns dos "Doze Homens de Ouro" da polícia, coordenava todas as delegacias distritais do Rio. Na secretaria, era um dos poucos a ter uma espécie de "telefone vermelho", um aparelho sem discador, só para receber ligações diretas do secretário.

A maioria das pessoas que constavam da agenda e que foram contactadas pela reportagem disse não se lembrar do sargento, mas não soube explicar por que seu nome estava na agenda.


Temporal

Chuva deixa mortos e rastro de destruição no Rio Grande do Sul

SÃO PAULO - O temporal que atingiu cidades do Rio Grande do Sul nesta sexta-feira deixou pelo menos 12 mortos, segundo a Defesa Civil do estado. Entre os mortos, estão três crianças que foram soterradas na cidade de Novo Hamburgo. Em Igrejinha, outras duas crianças morreram num deslizamento de terra sobre casas. Houve mortes também nas cidades de Fazenda Vila Nova e Sapucaia do Sul. Uma mulher morreu soterrada em Igrejinha, no Vale dos Sinos.

Os municípios de Taquari, Teutônia, São Leopoldo, Porto Alegre e Venâncio Aires também foram atingidos pelo temporal. Um galpão onde estavam 700 porcos desabou e o prejuízo é de R$ 80 mil. Segundo a Defesa Civil, foram registradas quedas de árvores e alagamentos causados pelo transbordamento de rios. Em algumas dessas localidades, as rajadas de vento chegaram a 80 quilômetros por hora.

Em Fazenda Vilanova, um galpão caiu e atingiu um agricultor que tentava salvar objetos de sua propriedade. Ele foi identificado como Ademar Hagueman, de 67 anos. Outro homem morreu eletrocutado, em Sapucaia do Sul. Edson Miguel Trindade tentou socorrer uma pessoa que havia levado um choque num cabo de alta tensão e acabou sendo atingido também. Em Novo Hamburgo, três crianças - que eram irmãos - morreram soterradas após o desabamento de uma casa, segundo a Defesa Civil. Eles foram identificados como Evandro, Tauane e Gustavo dos Santos Alves.

Um deslizamento de terra sobre pelo menos seis casas em Igrejinha, no Vale dos Sinos, neste sábado, provocou a morte de seis pessoas. Uma delas foi identificada como Marli Terezinha Jardim de 42 anos. Um homem e uma mulher, que seriam casados, também morreram. Os corpos de três filhos do casal foram encontrados. Perto das 21h30 deste sábado, o Corpo de Bombeiros afirmou ter encontrado mais um corpo, o sétimo, de um jovem. Os pais e dois irmãos do rapaz estão entre as vítimas, e os corpos já foram retirados dos escombros.

Segundo informações da Defesa Civil, as famílias dormiam no momento do deslizamento. Ainda há uma pessoa desaparecida. Os bombeiros contam com a ajuda de um cão farejador do Grupamento de Busca e Salvamento de Porto nas buscas às vítimas.

Pelo menos duas pessoas ficaram feridas após a queda do telhado de um supermercado em Venâncio Aires.

Segundo o Corpo de Bombeiros da região, a operação de resgate foi encerrada.

 A chuva deixou sem energia pelo menos 100 mil pessoas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Não há informações sobre desabrigados.


Um Rio de favelas

Google Maps faz do Rio um aglomerado de favelas
RIO - Há bairros cariocas, mesmo os de classe média alta, que não estão no mapa. Já as favelas, mesmo as minúsculas e mais desconhecidas, estão todas lá, com destaque. A geografia distorcida, no caso, é a aplicada pelos mapas do Google, a mais famosa ferramenta de localização do planeta. Quem não conhece o Rio e quer tentar descobrir um pouco mais sobre a cidade por esse mapeamento terá a falsa impressão de que a área urbana nada mais é do que um imenso aglomerado de favelas. O mapa da Zona Sul serve de exemplo: o bairro do Humaitá não aparece num primeiro momento, como ocorre com Ipanema, Leblon e Jardim Botânico. Nesse ponto do mapa é indicado como "Favela Humaitá". Aliás, o tradicional bairro do Cosme Velho, que abriga um dos principais pontos turísticos da cidade - o bondinho do Corcovado - também não está no mapa, que privilegia a desconhecida favela Vila Imaculada Conceição.

O fato é que o Google Maps dá às favelas status de bairros e elas se tornam mais importantes que alguns deles. Para localizar o Humaitá e o Cosme Velho é preciso usar o recurso do zoom, por meio do PEG Man (escala de aproximação à esquerda do mapa). O tamanho das letras usadas para escrever os nomes dos bairros e das favelas é exatamente o mesmo. Outra área do Rio que apresenta um mapeamento distorcido é a Barra da Tijuca: o Jardim Oceânico, um sub-bairro localizado à beira-mar, não é indicado pelo Google. Porém, dois minúsculos aglomerados de barracos - denominados de Favela Rua São Tillon e Favela do Canal do Cortado - têm tanto destaque quanto o nome do bairro.

Favelas representam 3,8% da área da cidade

Já em direção à Zona Norte, basta levar o cursor até a Tijuca para achar outra distorção: os sub-bairros Muda e Usina não aparecem. Na contramão de importância, têm destaque as pequenas favelas Dr. Catrambi (próxima ao Largo da Usina) e Indiana (conjunto de barracos em frente ao Morro do Borel).

Até julho de 2010, dados estatísticos do Instituto Pereira Passos (IPP) indicavam que o Rio abrigava 1.020 favelas, entre pequenas, médias e grandes. Mas um novo programa urbanístico da prefeitura criou outra metodologia para a contagem de favelas. Assim, o Rio passou a contar com 625 favelas - aquelas semelhantes e próximas entre si passaram a ser consideradas apenas uma. Pela nova contagem, são 481 favelas isoladas e 144 complexos, ocupando 1.224,5 quilômetros quadrados - 3,8% do território da cidade.

- Os mapas fazem do Rio um favelão. Quem não conhece a cidade e decide fazer um passeio pelo mapa vai levar um susto. Pelo menos, os nomes das favelas podiam vir em tamanho menor para o internauta perceber a diferença de importância - sugere a secretária Valéria Sampaio, moradora do Humaitá.

E agora que a cidade se prepara para os Jogos Olímpicos de 2016, o Google Maps também não favorece Jacarepaguá, no trecho onde ocorrerão algumas competições. Há pelo menos nove favelas com destaque idêntico ao dado ao Autódromo de Jacarepaguá.

O economista Sérgio Besserman encontra uma explicação simples para a distorção que ocorre nos mapas do gigante Google: o site deve usar as informações contidas nos mapeamentos feitos pelo IPP - na sua opinião, o melhor do país. E um dos mapeamentos do instituto indica exclusivamente a localização das favelas.

- Ao contrário dos outros estados, que não têm estatísticas semelhantes, o IPP se dedica a estudar e mapear de forma precisa as favelas do Rio, das menores às maiores, um trabalho de excelência. O site de buscas usa essas informações e, por isso, seus mapas localizam todas as favelas. A falha do Google está na forma como ele destaca essas informações no mapa - explica o economista.

Google diz que usa mapas adquiridos de outra empresa

Para Besserman, o mapeamento de ponta do IPP mostra como é importante que o país defina nacionalmente uma metodologia única para classificar, por exemplo, as favelas existentes nas cidades. Ele usa como exemplo o município de São Gonçalo, que, pelo censo de 2000 do IBGE, aparece com apenas 1% da população vivendo em favelas:

- E todo mundo sabe que a população vivendo em favelas desse município é muito maior, mas não há um trabalho estatístico sobre isso.

Por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil, o Google informou ontem que não elabora os mapas, comprados da empresa MapLink. O site os utiliza como banco de dados, com as informações que eles contêm. Já o Map Link, por nota, informou que apenas fornece os mapas com os dados. A decisão de como destacá-las e o layout são responsabilidade do Google.

O presidente do IPP, Ricardo Henriques, diz que a instituição tem, de fato, um mapa que assinala todas as favelas da cidade, disponível para uso público, por meio do Portal Geo do Armazém de Dados, mas, acrescentou, não ter conhecimento se são usados pelo Google.


Paulo Senise, superintendente do Rio Convention & Visitors Bureau, faz uma crítica ao Google, por e-mail ao GLOBO: "Temos a certeza que o Pão de Açúcar, o Corcovado e a Praia de Copacabana, entre outras tantas atrações, são marcas do Brasil reconhecidas em todo o mundo. Assim como os nossos morros, que também fazem parte deste cenário. O critério de seleção é adotado pela preferência de cada um. Depende do interesse e do foco. O site que estiver informando errado cairá em desuso".

Setor aéreo

TAM tem interesse em participar da construção de terminais no Brasil
SÃO PAULO - A união entre a TAM e a chilena LAN é coisa antiga, diz Marco Antonio Bologna, presidente da holding brasileira, que tem como principal missão concluir o negócio até o fim do ano. O namoro entre as duas empresas começou nos anos 90 sob a batuta do comandante Rolim Amaro, fundador da TAM. Rolim sempre acreditou na consolidação do setor aéreo e é sob esta inspiração que Bologna antecipou ao GLOBO o interesse na privatização da TAP, a compra, em dois meses, de um terço da regional Trip e a disposição de entrar na concessão de aeroportos (Leia a íntegra da reportagem na edição digital, somente para assinantes) . Para o Executivo, "a participação do setor privado na melhora dos aeroportos é 'inexorável'. Sobre o processo de fusão com a LAN, Bologna disse que ainda não há efeito prático.

- O Tribunal de Defesa do Chile proibiu os atos de fusão enquanto não terminar sua análise e, a pedido de uma associação de consumidores, realizará audiências até o fim do mês para discutir os reflexos da operação, principalmente na linha Santiago-SP. No Brasil, deverá coincidir com a aprovação do Cade. Depois disso, temos outro caminho crítico, que é a aprovação dos acionistas não-controladores das duas companhias. No caso da TAM, vamos fazer uma oferta pública na Bolsa para que os minoritários possam trocar as ações da TAM pelas da Latam, numa relação de troca favorável, terá um prêmio. A gente vai solicitar a adesão de 95% desses acionistas, que têm 54% do capital (46% são da família Amaro). Se eles não quiserem, o negócio não sai - disse o executivo.


Alta rotatividade

Mais da metade dos 31 parlamentares que entraram no PSD passou por, no mínimo, três partidos
SÃO PAULO - O histórico político de adeptos do mais novo partido a ser criado no país, o PSD, explica por que o líder da legenda, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, saiu em defesa, no debate da reforma política, de uma regra mais branda para a fidelidade partidária. Mais da metade dos 31 parlamentares que assinaram a ata de fundação do PSD tem em seu currículo passagem por, no mínimo, três partidos. Há casos de políticos que já vão para a 7 mudança de legenda.

PSD: Partido novo, propostas e políticos antigos

A peregrinação de seus fundadores reforça a imagem de partido oportunista, marca que o PSD carrega desde a sua gestação. A sigla nasceu já sendo alvo de chacota, principalmente por parte dos partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS, ao ser chamada de Partido da Boquinha, quando se cogitava adotar a legenda PDB. Com o novo nome, o líder do DEM, deputado ACM Neto, disse que a sigla significava "Partido Sem Decência". A crítica deve-se, em parte, ao fato de o PSD ter arregimentado políticos antes de oposição e agora dispostos a engrossar as fileiras da base do governo.

Dos 31 deputados que assinaram a ata de fundação do PSD, apresentada pelo partido neste mês, dois se destacam por ser os campeões em peregrinação partidária: Junji Abe, eleito pelo DEM em São Paulo, e Silas Câmara, do PSC do Amazonas. Biografia deles divulgada no site da Câmara dos Deputados contabiliza a filiação a seis partidos, sem considerar a mais recente mudança, para o PSD.

No caso de Junji, isso dá uma média de cinco anos de permanência em cada sigla. Ele foi do extinto PDS entre 1982 e 1991, mudou-se para o PFL, onde ficou alguns meses, no mesmo ano, filiou-se ao PL, quatro anos depois voltou ao PFL, depois de mais quatro anos seguiu para o PSDB e, em 2009, ingressou no DEM. Agora, está entre os fundadores do PSD.

A passagem de Silas pelos partidos foi ainda mais breve. Ele trocou de legenda a cada três anos, em média. Passou pelo PL (1997-1999), PFL (1999), PTB (1999-2007), PAN e PSC (ambos em 2007). O site da Câmara informa ainda uma filiação ao PMDB entre 1989 e 1997, mas o deputado contesta e diz que nunca esteve no partido.





Aguardando adversário

Vasco vence o Olaria e está na final da Taça Rio
RIO - Após ter um fraco desempenho na Taça Guanabara, o Vasco deu a volta por cima e garantiu neste sábado a vaga na final da Taça Rio. A classificação veio com uma vitória de 1 a 0 sobre o Olaria, no Engenhão, em partida disputada e nervosa. Éder Luís marcou o gol da vitória, e Bernardo ainda desperdiçou um pênalti no segundo tempo. A final será disputada no domingo, dia 1º de maio, contra o vencedor do Fla-Flu deste domingo .

A partida começou acelerada e muito equilibrada, mas com poucas chances de gol e muita marcação. O Vasco chegou a abrir o placar aos 18, com Diego Souza aproveitando chute de Ramon, mas o meia estava impedindo e o lance foi corretamente anulado.

Após um momento de domínio vascaíno, o Olaria começou a crescer e, com o lateral Allan muito vaiado e perseguido pela torcida, assustou aos 35, com Felipe soltando uma bomba no travessão de Fernando Prass.

Quando estava em seu pior momento no jogo, o Vasco abriu o placar. Aos 37, Thiago Eleutério saiu jogando mal e Fellipe Bastos deu um passe longo, precioso, de primeira, para Éder Luís. O atacante disparou em velocidade, entrou na área, driblou o goleiro Henrique e tocou para o gol para fazer 1 a 0.

O Vasco voltou melhor do intervalo. Com menos de dez minutos o time conseguiu três chances - duas com Alecsandro e uma com Dedé. O Olaria, recuado, só se defendia como podia. Mas, aos poucos, o time da Bariri voltou a crescer e Fernando Prass foi obrigado a fazer boa defesa em chute de Felipe.

A torcida vascaína no Engenhão pediu Bernardo e foi atendida. Mas Ricardo Gomes resolveu tirar Éder Luís, autor do gol e de boa atuação. Resultado: vaias e gritos de "burro". Pouco depois, Bernardo tabelou com Alecsandro, driblou o goleiro Henrique e foi derrubado. Pênalti marcado, mas o próprio Bernardo bateu mal, no travessão, desperdiçando a chance de matar a partida.

O Olaria, porém, não teve forças nos minutos finais para buscar o empate. Ricardo Gomes ainda colocou Eduardo Costa e Élton em campo e o time gastou o tempo para garantir a vitória e a vaga na final.

VASCO 1 X 0 OLARIA

Local: Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Patrice Maia (RJ)

Público/renda: 22.867 pagantes / 28.675 presentes / R$ 647.600,00

Cartões amarelos: Fellipe Bastos (VAS); Amarildo, Thiago Eleutério (OLA)

Gol: Eder Luis, 37'/1ºT (1-0)

VASCO: Fernando Prass, Allan (Eduardo Costa - 36'/2ºT), Dedé, Anderson Martins e Ramon; Rômulo, Fellipe Bastos, Felipe e Diego Souza; Eder Luis (Bernardo - 24'/2ºT) e Alecsandro (Elton - 40'/2ºT). Técnico: Ricardo Gomes.

OLARIA: Henrique, Ivan, Thiago Eleutério, Rafael e Amarildo; David (Renatinho - 31'/2ºT), Danilo (Nicolas - 42'/2ºT), Victor e Renan Silva (Renato Valpaços - 31'/2ºT); Felipe e Waldir. Técnico: Cleimar Rocha


Clássico decisivo

Fla-Flu no Engenhão vale vaga na final da Taça Rio
RIO - A última chance do Fluminense no Carioca contra um Flamengo que busca seu quinto título invicto na história da competição. Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves, Fred, Conca, uma torcida supermotivada pela épica classificação na Libertadores contra outra que deu sinais de desconfiança sobre seu time, apesar da invencibilidade.

O primeiro Fla-Flu decisivo da história do Engenhão, neste domingo, às 16h, está recheado de ingredientes. Em caso de empate no tempo normal, a vaga na final da Taça Rio será decidida em cobranças de pênaltis.

Ainda sem uma solução definitiva para o caso do atacante Emerson, ex-ídolo rubro-negro, autor do gol do título brasileiro tricolor e que foi afastado na última quarta-feira, o Fluminense joga a cartada derradeira no campeonato que alimenta a rivalidade com seus principais rivais. Se o Flamengo sofre com problemas no comando do ataque, o tricolor avançará com dois centroavantes, Fred e Rafael Moura. A escalação será a mesma do jogo contra o Argentinos Juniors, atuação tida como referência para a sequência da temporada.

No lado rubro-negro, há a preocupação de que as más atuações recentes culminem na primeira derrota do ano. Contra o Horizonte-CE, Ronaldinho Gaúcho chegou a ser vaiado em alguns momentos. O técnico Vanderlei Luxemburgo fez novamente mudanças na equipe titular, promovendo o retorno de Rodrigo Alvim à lateral esquerda e dando a Fernando a vaga do lesionado Maldonado no meio-campo.

Entre uma equipe que esteve quase à beira do abismo na Libertadores e outra que não perde há 22 partidas, o Fla-Flu vive um novo capítulo com o mesmo pano de fundo: não há favoritos.


Fluminense x Flamengo

Local: Engenhão

Árbitro: Péricles Bassols

Fluminense: Ricardo Berna, Mariano, Gum, Edinho e Júlio César; Valencia, Diguinho, Marquinho e Conca; Rafael Moura e Fred. Técnico: Enderson Moreira

Flamengo: Felipe, Léo Moura, Welinton, David Braz e Rodrigo Alvim; Fernando, Willians, Renato e Thiago Neves; Ronaldinho Gaúcho e Wanderley. Técnico: Vanderlei Luxemburgo