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12 de abr. de 2011

Zero Hora ignora Fórum da Igualdade e faz publicidade de encontro da direita!...


Zero Hora ignora Fórum da Igualdade e faz 

publicidade de encontro da direita


Começaram ontem,  segunda-feira e se encerram hoje, em Porto Alegre, dois fóruns que se opõe em tudo: o Fórum da Liberdade e o Fórum da Igualdade. Enquanto o primeiro defende há 24 anos a livre competição, o mercado livre, o Estado mínimo e todos os preceitos do neoliberalismo, trazendo à capital gaúcha as principais estrelas do pensamento da direita internacional, o segundo acaba de nascer, exatamente como contraponto ao Fórum da Liberdade, e, na primeira edição, debate a democratização da comunicação.

Sem entrar diretamente no mérito dos dois encontros e no erro conceitual e estratégico que é, para a esquerda, colocar a igualdade em oposição à liberdade, uma rápida passagem pelo maior jornal do Rio Grande do Sul, a Zero Hora (do Grupo RBS), torna claros os lados dispostos nesse embate.

Depois de passar a semana inteira com grande carga de publicidade sobre o Fórum da Liberdade, Zero Hora veiculou no domingo um caderno especial, de oito páginas, sobre o evento. Publicidade pura, pouco ou nada de jornalismo, qualquer questionamento sério passa longe das páginas do caderno ou de toda a cobertura que ZH tem feito desse encontro.

Fora do caderno, na página 23, há ainda um grande espaço publicitário do próprio Grupo RBS, sobre sua abrangente cobertura do Fórum da Liberdade, nas diversas plataformas que o Grupo possui como afronta à democracia da mídia, tema do Fórum da Igualdade, que ocorre nas mesmas datas. Como, para Zero Hora, não existe esquerda e não existe debate sobre democratização da comunicação, também não existe o Fórum da Igualdade. Não há uma nota sequer, em qualquer edição anterior do jornal, sobre o assunto. Apenas nesta terça-feira, em um canto da cobertura de duas páginas sobre o Fórum da Liberdade, há uma pequena referência. No mesmo anúncio de página inteira, Zero Hora ignora também o Fórum Social Mundial, ao considerar o Fórum da Liberdade “o principal evento de debate político-social da América Latina”. Afirma isso com base em quê? Certamente não no número de participantes ou na repercussão internacional.

A super cobertura do Grupo RBS no Fórum da Liberdade não é de graça, é claro. Além da reprodução ali do ideário neoliberal defendido de forma envergonhada, camuflada pelo Grupo, vale lembrar também que o FL é organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais, e apoiado por grupos como Gerdau, Itaú, Souza Cruz, etc. Nos blogs e sites relacionados no site do Fórum estão Diego Casagrande, Paulo Otávio Motta, Instituto Millenium e outras estrelas individuais ou institucionais da direita. Espaços onde o Grupo RBS circula com naturalidade e forte afinidade, ao contrário do Fórum da Igualdade.

A diversidade e a pluralidade não são fatos jornalísticos para quem faz da prática jornalística pura publicidade e busca ávida por lucros. O Fórum da Igualdade pode ser acompanhado pelos blogs e pelas redes sociais. Ainda hegemônica, a velha mídia vai perdendo espaço, já não é mais a única voz, já existem espaços onde procurar por informações e análises pautadas por conceitos diferentes. E a cada não-cobertura morre um pouco mais a credibilidade de quem ignora a sociedade.

Postado por Alexandre Haubrich