Este documentário mostra o império da mídia brasileira começando na
segunda metade do século passado e seu poder político assustador. A TV
Globo domina e aliena a população brasileira junto com as outras quatro
grandes emissoras desde aquela época, lucrando e construindo suas bases
na mentalidade pobre e ignorante do povo brasileiro.
A maioria esmagadora da população brasileira vivia em situação miserável
e não tinha como comprar condições de vida melhores, por isso era (e
ainda é) grande consumidora dos programas de TV.
"Eu acho que o povo é que faz a
televisão. É a cabeça do povo que faz a televisão. A televisão no Brasil
é um reflexo do próprio povo, daquilo que o povo pensa e quer."
Dias Gomes
A frase de Dias Gomes foi dita há muitos anos atrás mas continua muito
atual. O povo teve sua capacidade de crítica atrofiada por um sistema de
ensino coercitivo que condiciona à preguiça de pensar, educando para a
reprodução do que lhe era passado na escola e, mais atualmente,
reproduzir também o pensamento e comportamento programados pela
televisão. Boa parte da população sequer teve acesso a alfabetização,
tornando a TV o maior meio de entretenimento (alienação) e (des) informação nacional.
A mídia brasileira, nas suas primeiras décadas servia aos interesses dos
ricos e poderosos daquela época. Enquanto a massa nada mais tinha a
fazer do que consumir imagens luxuosas e se contentar com a sua vida
simples de trabalhar, comprar, ter e cuidar dos filhos e por fim adoecer
e morrer. Muita gente embora tendo melhor qualidade de vida, reduz a
sua vida a essas simples tarefas até hoje.
"O presidente da república que
tinha a exclusividade dessa concessão, destinou esses canais de rádio e
TV aos seus amigos, aos seus correligionários, aos representantes dos
seus grupos políticos nos estados, nos municípios. E isso sem qualquer
tipo de critério. Não foi utilizado um critério social, nas instituições
educacionais, absolutamente. O critério foi um só: o favorecimento
político." Diz Armando Rollemberg a respeito do poder do presidente de conceder licença para abertura de canais de televisão.
A mídia nas suas várias formas não tem a menor pretensão de manter os
espectadores informados. Absolutamente nenhuma! A mídia existe para
ditar o comportamento do rebanho e assim orquestrar a sociedade para o aumento de poder de quem já tem poder.
A influência midiática é muito notável no nosso dia-a-dia. Preste
atenção em quantos lugares você vai em que os mesmos assuntos
televisivos são copiosamente repetidos. O casamento do artista, a
separação da dupla de cantores, a música-droga que não para de tocar em
todos os lugares onde quer que você vá. Os programas mobilizam na
população os sentimentos mais primitivos de soberba, competitividade e subjulgação
ora de si, ora do outro. Ah, e não se pode deixar de citar as roupas,
os estilos, gírias e comportamentos que vem direto da televisão,
transmitidas por artistas sedutores e excêntricos responsáveis por produzir a mente coletiva.
A ignorância e a humildade de uma significativa parcela do povo
brasileiro é largamente explorada e transformada em produto para o
próprio povo. Pessoas com condições de vida precária são “premiadas” em
programas de TV, criando nos espectadores da mesma classe social, uma
esperança duradoura no auxilio de pessoas da TV em suas vidas. Tal qual
fazem as religiões e espiritualismos deixando as pessoas dóceis e
esperançosas na vinda ou atuação de outros seres em seus paradigmas
existenciais.
O papel dessas instituições midiáticas e religiosas é justamente manter
as pessoas razoavelmente desconectadas da realidade, entorpecidas,
alienadas. Sem pensar no que realmente importa na sua existência, nem na
razão de estar aqui, sem ouvir a sua intuição e sentimentos. Vivendo, a
vida inteira, condicionada a estas ilusões e às necessidades básicas do
corpo e da mente. Agindo então, de forma meramente programada e
instintiva como as formigas.
"Beyond
Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane, no Brasil) é um documentário
televisivo britânico de Simon Hartog exibido em 1993 pelo Channel 4,
emissora pública do Reino Unido." Wikipédia
MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE - A VERDADEIRA HISTÓRIA DA REDE GLOBO
"Beyond Citizen Kane" (no Brasil,
"Muito Além do Cidadão Kane") é um documentário televisivo britânico de
Simon Hartog produzido em 1993 para o Canal 4 do Reino Unido. A obra
detalha a posição dominante da Rede Globo na sociedade brasileira,
debatendo a influência do grupo, poder e suas relações políticas. O
ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo
das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane,
personagem criada em 1941 por Orson Welles para Cidadão Kane, um drama
de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da
comunicação nos Estados Unidos. Segundo o documentário, a Globo emprega a
mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião
pública como o fez Kane.
O documentário acompanha o
envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar, sua parceria ilegal
com o grupo americano Time Warner (naquela época, Time-Life), a política
de manipulação de Marinho (que incluíam o auxílio dado à tentativa de
fraude nas eleições fluminenses de 1982 para impedir a vitória de Leonel
Brizola, a cobertura tendenciosa sobre o movimento das Diretas-Já, em
1984, quando a emissora noticiou um importante comício do movimento como
um evento do aniversário de São Paulo e a edição, para o Jornal
Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais
brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de
Mello frente a Luis Inácio Lula da Silva), além de uma controvérsia
negociação envolvendo ações da NEC Corporation e contratos
governamentais.
O documentário apresenta
entrevistas com destacadas personalidades brasileiras, como o cantor e
compositor Chico Buarque de Hollanda, os políticos Leonel Brizola e
Antônio Carlos Magalhães, o publicitário Washington Olivetto, os
jornalistas Walter Clark, Armando Nogueira, Gabriel Priolli e o atual
presidente Luis Inácio Lula da Silva.
O filme seria exibido pela
primeira vez no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro do Rio de
Janeiro, em março de 1994. Um dia antes da estréia, a polícia militar
recebeu uma ordem judicial para apreender cartazes e a cópia do filme,
ameaçando em caso de desobediência multar a administração do MAM-RJ e
também intimidando o secretário de cultura, que acabou sendo despedido
três dias depois.
Durante os anos noventa, o filme
foi mostrado ilegalmente em universidades e eventos sem anúncio público
de partidos políticos. Em 1995, a Globo tentou caçar as cópias
disponíveis nos arquivos da Universidade de São Paulo através da Justiça
Brasileira, mas o pedido lhe foi negado. O filme teve acesso restrito a
essas pessoas e só se tornou amplamente vistos a partir da década de
2000, graças à popularização da internet.
A Rede Globo tentou comprar os
direitos para o programa no Brasil, provavelmente para impedir sua
exibição. No entanto, antes de morrer, Hartog tinha acordado com várias
organizações brasileiras que os direitos de televisão não deveriam ser
dados à Globo, a fim de que o programa pudesse ser amplamente conhecido
tanto por organizações políticas e quanto culturais. A Globo perdeu o
interesse em comprar o programa quando os advogados da emissora
descobriram isso, mas o filme permanece proibido de ser transmitido no
Brasil.
Entretanto, muitas cópias em VHS
e DVD vem circulando no país desde então. O documentário está
disponível na Internet, por meio de redes P2P e de sítios de partilha de
vídeos como o YouTube e o Google Video (onde se assistiu quase 600 mil
vezes). Contrariando a crença popular, o filme está disponível no
Brasil, embora em sua maioria em bibliotecas e coleções particulares.
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