Assim falaria o crucificado:
Não te desejo este mal....
Não desejo........
Que grandes multidões te ouçam emocionadas......
Que causes disceptações na pátria a que pertences...
Fazendo o que podes.. dizendo o que penses...
Que te algemem as mãos que nunca foram armadas...
Por teres tuas falas mal interpretadas....
Que à noite te interroguem e sejas torturado...
E a vários magistrados sejas enviado....
Que te bata um aprendiz de agente de policia,
Que outro mais cruel, usando de malícia
Teça-te uma coroa de espinhos de juremas
Que a ajuste a coronhadas, e que de dores gemas....
Vistam-te com uma toga, e altas madrugadas
Alcem-te ao pau de arara pelas mãos atadas,
Que um ser mais bestial, armado de peixeira
A crave em tuas costelas, e corra qual biqueira,
tingindo todo piso, sujo e poeirento,
Não um sangue vermelho, viscoso, gosmento,
Porem uma mistura de sangue e de água,
E que soubesses tu, para abrandar-te a mágoa
Que ao terceiro dia haverias de voltar......
Não posso desejar-te este mal insano..
Eu conheço o caminho, e ele é desumano...
ruim para ti, pior para a posteridade...
onde homens cruéis por pura impiedade
Usando-te como exemplo explorarão os incautos,
pregarão a miséria, e em banquetes lautos
satisfarão criminosamente o ego destorcido.....
...antes amigo meu, nem tivesses nascido,
por que nasceste tu, amigo meu????
Não posso desejar-te aquilo que antevejo...
Não posso desejar-te... nem desejo..
.........................Ou tu serias EU!
