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20 de abr. de 2011

NOME JOÃO E OUTROS NOMES



Além de corresponder a João-ninguém, isto é, homem sem importância social, a expressão João-Fernandes é também aplicada a uma dança sertaneja, o conhecido fandango.

VEGETAIS


João-Correia: denominação paulista de certa árvore tortuosa

João-da-Costa: (apocinácea, echis tes peltata) também chamada capa-homem e paina-de-penas.

João-Gomes: (portulacácea, talinum patens), também conhecida por maria-gomes e mariangomb.

João-mole: (nigtaginácea, pisonia tomentosa), árvore, e flor de São João.

ANIMAIS


João-barbudo: (buconídeo, malacoptila striata), ave

João-bobo: (buconídeo, nystalus chacuru), ave também conhecida por fevereiro, dormião, joão-tolo e sucurâ

João-caçador: himenóptero do gênero pépsis

João-congo ou jocongo: (icterídeo, cacicus haemorrhous), ave

João-ronguinho: (icterídeo, cacicus cela), ave conhecida por xexéu, em Goiás

João-corta-pau: (carrimulgídeo, caprimulgue rufus), ave

João-de-barro: (dendrocolaptídeo, furnarius rufus), ave também chamada forneiro

João-de-cristo: (tordus poliocephalus), vulgarmente conhecido em São Paulo por teque-teque

João-de-pau: (dendrocolaptídeo, phacelodomus rufifrons), ave

João-doido: (buconídeo, monasa morpheus), ave também conhecida por juiz-do-mato

João-do-mato: (buconídeo, notharcus Swainson), ave

João-grande: (ardeídeo, árdea sacoi), ave, cujo nome é aplicado às pessoas altas

João-guruçu: certo peixe marinho

João-magro: bicho-de-pau, inseto também conhecido por gafanhoto-de-jurema e gafanhoto-de-marmeleiro

João-paraná: certo passarinho assim vulgarmente chamado em São Paulo

João-pinto: (icterídeo, xhanthornus jacamai), ave também chamada corrupião e sofrê

João-teneném: (dendrocolaptídeo, synallaxis Spixi), ave também chamada bentererê, pixororê e joão-tiriri

João-torresmo: o mesmo que pão-de-galinha, denominação vulgar da larva de certos besouros

João-velho: (picídeo, celeus flavescen), ave

JOÃO-DEITADO

O mesmo que cobu, nome vulgar em Minas Gerais, de um biscoito de fubá, assado sobre pedaços de folhas de bananeira.
  

JOÃO-GALAMARTE

(também jangalamarte e jangalamaste), denominações pernambucanas de brinquedo infantil chamado burrica.

ANTROPÔNIMOS APLICADOS A ANIMAIS

Joaninha designa um besourinho da família dos coccinellídeos e um peixe da água doce da família dos cichlídeos, também chamado jacundá ou nhacundá, michola (no Rio Grande do Sul), e guensa ou maria-guensa (em Mato Grosso).

João-barbudo: ave da família dos bucconídeos (malacoptila torquata), que se encontra na Bahia e em Santa Catarina. É parenta do joão-bobo.

João-de-barro: ave da família dos dendrocolaptídeos (furnarius rufus). É também conhecida pelos nomes de forneiro, oleiro ou pedreiro. No Ceará é chamada de maria-de-barro; e em Mato Grosso, amassa-barro. Entrou no folclore, como se pode ver da lenda dos caxinauás (R. von Ihering, 443)

João-bobo: ave da família dos bucconídeos. É também chamada capitão-do-mato, xucuru e dormião; na Amazônia, macuru ou jucuru e rapazinho-dos-velhos. Do nome típico existem as variantes jacuru, sucuru e xacuru.

João-congo (ou jocongo): É o pássaro icterídeo (cassicus haemorrhus) vulgarmente conhecido por guache. Segundo, Cleomenes Campos, é joão-conguinho, em Sergipe.

João-cortapau: Ave da família dos caprimulgídeos (caprimulgus rufus). É parente do curiango ou noitibó.

João-grande: Grande garça da família dos ardeídeos (ardea sorcoi), mais conhecida por socó, ao qual, e por maguari no Amazonas. No Rio de Janeiro, também serve para designar o alcatraz, grande ave oceânica.

João-pinto: pássaro da família dos icterídeos (xanthornus jamacai). É também conhecido por concriz, corrupião e sofrê (nome vulgar, que José de Alencar alterou para sofrer)

João-pobre: é um passarinho que se encontra desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Pertence à família dos tyrannídeos e assemelha-se ao vulgarmente conhecido por alegrinho. Em Pernambuco (Vocabulário de P. da Costa), é uma espécie de garça, habitante dos mangues e paludes.

João-tem-neném (ou joão-teneném): conhecido também pelos nomes de bentererê, curutiês, piocororé e turucuê, é um pássaro da família dos dendrocolaptideos. Distingüe-se pela feitura do ninho, que é comprido e todo assegurado externamente por gravetos, donde o haver sido chamado castelo de ramos secos.

João-torresmo: ou mais simplesmente torresmo, denominações encontradas em Minas Gerais, bicho-gordo, coró e forreca, em outros estados, eis como são conhecidas as larvas de besouros, nocivas à cana-de-açúcar, e que são coleópteros da família dos scarabeídeos.

João-velho: também conhecido por pica-pau-de-cabeça-amarela, é o celeus flavescens, que se encontra desde a Bahia até o Rio Grande do Sul.

Manuel-de-abreu: "espécie vulgar de abelhas" (Voc. Pern. Pereira da Costa)

Maria-de-barro: Correspondente ao joão-de-barro, encontra-se aquela expressão no Ceará, conforme Francisco Dias da Rocha, em seu Boletim do Museu Rocha (1908).

Maria-branca: Passarinho pertencente à família dos tyrannídeos, quando é a taenioptera nengeta, também lhe chamam pombinha-da-almas; e, quando é a taenioptera velata, conhecem-na no nordeste pelo nome vulgar de lavandeira.

Maria-cavaleira: Tal é o nome que se dá no Amazonas ao guaravaca ou irrê, existente também no sul do Brasil (assim como em toda a América meridional), e que é o passarinho cientificamente conhecido por myarchus ferox, da família dos tyrannídeos.

Maria-conga: segundo Cleómenes Campos, assim é denominada em Sergipe "uma formiga enorme, negra e luzidia".

Maria-farinha: Hesitava-se em saber se essa expressão designava em Pernambuco um pequeno caranguejo semelhante ao chamado chama-maré ou espia-maré ou talvez o ocypode albicans (E. Ávila e Rodolfo Garcia). Mas R. von Ihering inclinou-se, com razão, para o parecer de J. Gonçalves, segundo o qual Maria-farinha é apenas a fêmea do guaiamu e cuja ova branca, como que pulverulenta, muito de assemelha à farinha. Fêmea do caranguejo ucá-una. Pereira da Costa. Voc. Pernambucano.

Maria-guenza: Nome dado em Mato Grosso ao peixe de escama, geralmente chamado jacundá ou nhacundá.

Maria-já-é-dia: Simplificada, na Bahia, para maria-é-dia, é a denominação onomatopaica da guaracava cientificamente conhecida por eaenea flavogastra, da família dos tyrannídeos. Notabiliza-se pela construção do ninho, tão bem disfarçado com musgos e liquens, que se torna difícil descobri-lo.

Maria-judia: denominação dada ao norte do Brasil ao tico-tico, se não houver engano na informação de O. Monte, inserta no Almanaque Agríciola Brasileiro, de 1926.

Maria-mole: é o peixe do mar, nebris micrope, da família dos sciaenídeos, parente, portanto, da pescada e da corvina. Designa também, no litoral do norte, socozinho ou socó-estudante do sul, isto é, a butorides striata, ave pernalta da família dos ardeídeos. E ainda "árvore de grande porte, que fornece boa madeira", segundo P. da Costa. Voc. Pernambucano.

Maria-nagô: assim é denominado na Bahia o peixe do mar cientificamente conhecido por equetus lanceolatus. Provém o nome de parecer-se o desenho do dito peixe com a tatuagem usada pelos africanos do grupo nagô.

Maria-preta: denominação dada tanto ao pássaro preto (vira-bosta ou chopim), quanto ao knipolegus da família do tyrannídeos, existe no Brasil meridional, um dos quais é o knipolegus comatus e o outro é o knipolegus nigerrimus.

Maria-rendeira: é a expressão substantiva usada em Sergipe, simplificada em rendeira e substituída por bilreira no Brasil setentrional. Aplica-se a um passarinho da família dos piprídeos e do qual são parentes, em nosso rio-mar o uirapuru e ao sul o barbudinho e o tangará. Cleômenes Campos deu a seguinte explicação, oriunda do que ele pessoalmente observou: "Junto a um tanque, na abóbada do arvoredo, reune-se um bando de dez a quinze marias-rendeiras, e, enquanto umas sobem, outras descem, e todas elas acompanham estes saltos com estalidos, que correspondem perfeitamente às pancadas dos bilros".

Maria-da-serra: é o mesmo pequeno peixe conhecido por sarro, da família dos callichthyídeos. M. D. Ellis, em monografia consagrada às espécies dessa família, menciona dois outros nomes vulgares do sarro: cascadira e sopra-serra.

Maria-da-toca: assim é também chamado certo peixinho do mar e da água doce, mais geralmente conhecido por muçurungo e pertencente à família dos gorbiídeos. Aquela denominação provém de viverem comumente em pequenas tocas de pedras onde houver água. Mas possuem muitos outros nomes vulgares, como aimoré, amboré, amoré, amoréia, emboré, maiuíra, tajacica e cudunda, ao norte, babosa, e peixe-flor ou florete, ao sul.

Marianinha: na opinião de Goeldi, é o mesmo periquito-d’anta da Amazônia. R. von Ilhering acha tal nome impróprio, por se tratar de um psittacídeo da sub-família dos pioníneos, "cujo corpo de compara melhor a um papagaio menor e não a um periquito".

Mariquinha ou mariquina: corruptela de muriquina, a seu turno aportuguesamento de buriqui ou mburiqui, nomes típicos do símio cientificamente conhecido por eriodes arachnoides, vulgarmente chamado mono. O apelativo mariquinha ainda é aplicado a um sagui do Brasil meridional, como ao macaco-da-noite de Mato Grosso.

Mariquita: é dado tal nome a um peixe da família dos serranídeos (dules auriga ou callidulus flaviventris). Aplica-se também a um passarinho, ainda conhecido por cambacica e caga-sebo, existente em todo o Brasil e afim aos sais, o qual é o coereba chloropyga, da família dos coerebídeos.

Martim-cachá ou martim-cachaça e martim-grande: nomes dados à espécie maior do martim-pescador.

Martim-pescador: conhecido por ariranha na Amazônia e também por pica-peixe na linguagem vulgar de outros pontos do Brasil, é uma bela ave da família dos alcedinídeos. Faz o ninho no barranco dos rios e dispõe de grande bico. O. Monte, pelo Almanaque Agrícola Brasileiro, de 1926, deu a público a seguinte curiosa observação, confirmada depois pelo sábio R. von Ihering: "Interessante é o ardil empregado por esta ave, com o fim de atrair o peixe. Um dia, estive por muito tempo apreciando o seu sistema engenhosíssimo. Pousada em um fio telegráfico, que passava sobre uma lagoa, a ave de vez em quando dava um mergulho e trazia no bico um peixinho. Para atrair o pescado, o martim-pescador fazia certa necessidade, que, caindo na água, era logo motivo de ajuntamento, o qual então era aproveitado para a pescaria. E isto por várias vezes".

Martim-taperê: esta expressão, assim como martim-saperê e martim-pererê, é a mesma que produziu a do Amazonas, matinta-perera, todas elas correspondentes ao saci do Brasil mericional. Todas elas são tidas na conta de vozes onomatopaicas. Paulo cafôfo (José Vieira, 264)

Salta-martim: Designa um coleóptero da família dos elaterídeos. A denominação provém da ciscunstância de que, estando o besouro deitado de costas e não podendo facilmente virar o corpo, emprega o seguinte processo, referido pelo doutor R. von Ihering: "dobra a cabeça para trás, a fim de formar um ângulo obtuso com o resto do corpo, e, por um movimento brusco, comparável ao efeito de uma mola, entesa o corpo, do que resulta saltar o besouro a uma altura por vezes considerável. Auxilia além disso a manobra a ponta acuminada do protórax, que se encaixa no mesotórax".

Sofia: É uma pescada ou corvina, conhecida por aquele antropônimo do rio São Francisco. É um dos melhores e maiores peixes da água-doce, notadamente o pachyurus francisci, que facilmente se multiplica em viveiros e açudes. Acha-se destinado a uma das futuras riquezas da nossa piscicultura, quando esta receber o necessário desenvolvimento.

Mãe-joana: é um dos vários nomes do celenterado marinho, também chamado água-viva, alforreca, cansanção, chora-vinagre, caravela, medusa e ponôn.