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18 de abr. de 2011

Notícias pelo Brasil


Oposição

Sérgio Guerra reclama de ataque especulativo de setores governistas e descarta ida de Serra para o PSD

 
BRASÍLIA - Para o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), a oposição brasileira vive hoje uma espécie de ataque especulativo de setores governistas. Em sua opinião, o partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD, está sendo patrocinado pelo Palácio do Planalto. Ele reconhece que algumas correções de rumo do governo petista podem seduzir parte do eleitorado que não votou na presidente Dilma Rousseff e exigirão uma mudança de estratégia da oposição, como defendeu na última semana o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 2014, diz, o PSDB larga com pelo menos três nomes: José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin.

Repórter: A oposição enfrenta uma crise de identidade?

SÉRGIO GUERRA: Realmente a oposição perdeu a eleição presidencial, mas venceu a disputa em dez estados, o PSDB em oito e o DEM em dois. Acontece que agora estamos vivendo um ataque especulativo. Esse ataque ganhou dimensão com a criação do PSD, que acabou se transformando no caminho para que oposicionistas incomodados pudessem aderir ao governo. O PSD está superfaturado porque é uma janela exclusiva.

Repórter: Qual é a estratégia diante desse quadro?

GUERRA :  O fato é que a presidente eleita procurou responder, se não com atos, mas pelo menos com palavras, parte do discurso crítico da nossa campanha, como na área de direitos humanos, política externa e em defesa da liberdade de imprensa. A presidente adotou uma postura republicana, não fala todos os dias, como falava o presidente Lula. Por um bom tempo, Lula alimentava, com sua fala diária e observações nem sempre sensatas, o discurso da oposição. Não é fácil combater quem fala muito pouco como a Dilma. Eu diria que a oposição tem agora um grande desafio. O combate não pode ser o mesmo.

"Agora estamos vivendo um ataque especulativo. Esse ataque ganhou dimensão com a criação do PSD, que acabou se transformando no caminho para que oposicionistas incomodados pudessem aderir ao governo"
Repórter: Foi isso que levou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a sugerir que a oposição invista na nova classe média em vez de disputar o apoio do povão com o PT?

GUERRA: O que Fernando Henrique disse foi que teríamos muito mais facilidade em avançar sobre setores novos do que sobre setores dependentes. Gente, por exemplo, que depende do Bolsa Família será mais difícil de conquistarmos do que eleitores independentes dos favores oficiais.

Repórter: A disputa entre as suas principais estrelas do PSDB, o ex-governador José Serra o senador mineiro Aécio Neves, pelo comando do partido pode comprometer a ação da oposição?

GUERRA: Se tiver racha, ele acaba no dia 28 de maio, quando teremos a nossa convenção nacional. Tem de acabar, se somos verdadeiramente partidários.

Repórter: Tem gente que especula que Serra possa ir para o PSD, caso não vença essa disputa interna...

GUERRA: O governador Serra não tem nada a ver com o PSD, nunca teve e jamais iria para um partido desse. Não há PSDB sem o Serra e ninguém compreenderia o Serra fora do PSDB.

Repórter: E para 2014, o partido tem um candidato natural?

GUERRA: O PSDB vai eleger uma executiva para organizar o partido e democratizá-lo. Só daqui a dois anos é que vai tratar das eleições presidenciais. É claro que temos, como sempre, nomes para disputar a Presidência da República. Mas não é bom para ninguém tratar disso agora.

Repórter: Após o discurso de estreia no Senado, semana passada, o senador Aécio foi apontado como o novo líder da oposição. O senhor acha que ele sai na frente nessa disputa?

GUERRA: Efetivamente, Aécio tem liderança e ganhou mais ainda no Congresso com seu discurso. Mas isso não quer dizer que o partido não tenha, a exemplo de Serra e do governador Geraldo Alckmin, outros líderes de renome nacional. O que o partido quer é ganhar a eleição daqui a quatro anos.




Reforma política
Lula vai comandar o bloco aliado

Agência de notícias
 
SÃO PAULO - Quatro meses depois de deixar o governo e se dedicar a viagens internacionais e palestras remuneradas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa nesta segunda-feira a colocar a "mão na massa" da política nacional. Ele se reúne à tarde em São Paulo com parlamentares e dirigentes do PT para definir sua participação na reforma política. Como mostra reportagem de Tatiana Farah, publicada na edição desta segunda-feira do GLOBO, o papel do ex-presidente seria articular partidos aliados em torno das propostas petistas e costurar a mobilização das centrais sindicais. Como Lula é respeitado não só na Central Única dos Trabalhadores como na Força Sindical, uma campanha pela reforma política poderia unir as centrais, hoje em rota de colisão.

Lula deverá participar ativamente das articulações políticas para as disputas pelas prefeituras em 2014. Em reunião neste fim de semana, o diretório municipal do PT de São Paulo reafirmou a posição de lançar candidato próprio nas eleições de 2012, mantendo a oposição ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Esse movimento acontece a despeito do esforço feito por Kassab de aproximar politicamente o seu PSD do governo federal e da presidente Dilma Rousseff.

O presidente do Diretório Municipal do partido, vereador Antonio Donato, afirmou que a decisão conta com a aprovação tanto da direção estadual como federal do PT. Segundo ele, o esforço agora é para tentar costurar a escolha de um nome até o final deste ano.

- Existe um sentimento de que seria importante começar o próximo ano já com uma candidatura, para que fosse possível amadurecer nossas propostas. É claro que isso é só uma indicação - disse ele.

A intenção é decidir até outubro quem concorrerá à Prefeitura. Na roda, nomes do primeiro escalão petista, como o do ministro da Educação, Fernando Haddad, e o da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy.

Na campanha da sucessão presidencial, Lula afirmou que, depois de deixar o cargo, se dedicaria à pauta da reforma política. Entre as bandeiras petistas, estão o financiamento público de campanhas junto com o voto em lista, o fim das coligações e a fidelidade partidária. Um outro ponto é a inclusão das mulheres na estrutura dos partidos.

Semana de feriadão

Plenário da Câmara deve votar somente medidas provisórias nesta semana
BRASÍLIA - Nesta semana, estão previstas na pauta do plenário apenas medidas provisórias. Na sessão ordinária de terça-feira, deve ser iniciada a discussão do relatório do deputado Wellington Fagundes (PR-MT) para a medida provisória que autoriza o Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) a assumir os direitos e obrigações do Seguro Habitacional do Sistema Financeiro da Habitação (SH/SFH).

As novas regras para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida constam na segunda MP a trancar os trabalhos. Nessa fase do programa, está prevista a construção ou reforma de dois milhões de moradias entre 2011 e 2014. A MP estabelece prioridade de atendimento às famílias chefiadas por mulheres e às desabrigadas que residam em áreas de risco e insalubres ou tenham sido desalojadas por isso.

O texto aumenta de R$ 14 bilhões para R$ 16,5 bilhões os recursos que a União poderá transferir ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), uma das fontes de financiamento do programa.

Confira as outras 12 MPs que trancam os trabalhos

- MP 515/10: concede crédito extraordinário de R$ 26,6 bilhões a órgãos do Executivo e a estatais, com destaque para a Petrobras;

- MP 516/10: fixa o salário mínimo em R$ 540 para os dois primeiros meses do ano;

- MP 517/10: reduz a zero o Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos de títulos privados se o comprador residir no exterior;

- MP 518/10: cria o cadastro positivo para a inclusão de dados sobre os pagamentos em dia de pessoas físicas e jurídicas;

- MP 519/10: autoriza a União a doar estoques públicos de alimentos a países e regiões afetados por eventos naturais e sociais de grandes proporções;

- MP 520/10: cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para apoiar os hospitais universitários federais;

- MP 521/10: amplia o valor da bolsa de médico residente e garante licença-maternidade e paternidade a esse profissional;

- MP 522/11: libera crédito extraordinário de R$ 780 milhões para atender estados e municípios atingidos pelas fortes chuvas de janeiro em municípios da Região Sudeste;

- MP 523/11: autoriza a União a conceder subvenção econômica ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar investimentos e capital de giro de empresas dos municípios atingidos pelas fortes chuvas no Rio de Janeiro;

- MP 524/11: autoriza a prorrogação, até 31 de dezembro de 2011, de contratos temporários de pessoal vinculados a projetos de cooperação técnica com organismos internacionais;

- MP 525/11: permite a contratação temporária, em caráter emergencial, de professores para atender a expansão das instituições federais de ensino.

  

Turismo

Dilma visita 'oitava maravilha do mundo' antes de deixar a China
 
XIAN, CHINA - A presidente Dilma Rousseff aproveitou a escala em Xian, capital da província de Shaanxi, na China, e em seu último dia de viagem ao país decidiu fazer turismo. A presidente passou a manhã deste sábado em visita ao sítio arqueológico dos guerreiros de terracota, localizado a cerca de 20 km do centro da cidade, em companhia da filha, Paula Rousseff, dos ministros Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, e Edison Lobão, das Minas e Energia, além do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e do especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

O Exército de Terracota do imperador Qin Shihuang foi construído por cerca de 700 mil trabalhadores por ordem do primeiro imperador da China unificada durante seu reinado, entre 259-210 a.C. O imperador foi enterrado em um mausoléu junto com cerca de oito mil estátuas de guerreiros - arqueiros, infantaria e cavalaria, além de charretes e cavalos -, mas o tesouro passou toda a história contemporânea da China desconhecido Em 1974, foi descoberto por acaso quando camponeses furavam a região para construir um poço.

A presidente Dilma chegou acompanhada de políticos locais do Partido Comunista da China e conferiu os três pavilhões onde estão sendo desenterradas até hoje as estátuas, sempre fazendo perguntas aos guias do lugar. O passeio terminou no Museu dos Guerreiros e Cavalos de Terracota de Xian, onde estão expostas as estátuas mais preservadas e a impressionante dupla de charretes de bronze que também foram descobertas próximas à tumba do imperador. Na saída, a presidente assinou no livro de visitas:

"Agradeço ao governo e ao povo chinês essa magnífica descoberta e a preservação desse patrimônio da humanidade. Esta fantástica criação do Exército de Terracota, guerreiros, generais, demonstra imensa capacidade do povo chinês ao longo dos séculos. O povo e o governo brasileiros dão o seu apreço e homenagem a essa grande realização da humanidade".

Dilma Rousseff seguiu logo depois para o aeroporto de Xian onde embarcou no avião presidencial para o Brasil num vôo com escala técnica em Praga, na República Tcheca.

Repercussão negativa

Edmar Moreira, o 'deputado do Castelo', deixa cargo no governo de Minas
 
BELO HORIZONTE - Apenas onze dias depois de ser nomeado para a vice-diretoria da Minas Gerais Participações (MGI), o ex-deputado federal Edmar Moreira (PR-MG), que ficou conhecido como o "deputado do Castelo", deixou o cargo no governo de Minas. Por causa da repercussão negativa da divulgação da escolha de seu nome para ocupar o cargo com salário de R$ 11 mil , Moreira entregou uma carta de renúncia ao cargo no fim da tarde de quinta-feira, de acordo com o governo de Minas.

Segundo a assessoria da Secretaria de Estado de Fazenda, órgão da administração direta ao qual a MGI é vinculada, o pedido de Edmar foi imediatamente aceito em reunião extraordinária do Conselho de Administração da MGI, que teria sido realizada nesta sexta-feira. Entretanto, três dos sete conselheiros procurados por O GLOBO negaram ter sido convocados para o encontro. O conselho é presidido pelo secretário de fazenda de Minas, Leonardo Colombini, que não quis dar entrevistas sobre o tema.

No fim de março, o conselho havia aceitado a indicação de Moreira para o cargo, apresentada como parte da cota oferecida ao Partido da República (PR) dentro do governo estadual. O PR foi um dos 12 partidos sustentadores da reeleição de Antonio Anastasia (PSDB) ao governo de Minas. O ex-parlamentar havia tentado se reeleger à Câmara dos Deputados em 2010, mas não conseguiu um cargo eletivo e ficou com a quarta suplência.

Moreira é réu em processo por suspeita de apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica em processo que corria no Supremo Tribunal Federal (STF) e que na última semana foi remetido à Justiça Federal em São Paulo. O mineiro é acusado de descontar tributos de seus empregados em uma empresa de segurança e vigilância e não repassá-los aos órgãos federais, na última década. A dívida trabalhista do ex-deputado chegou a alcançar R$ 10 milhões.

Moreira também é dono de um castelo em São João do Nepomuceno, na Zona da Mata mineira, avaliado em R$ 32 milhões. Acusado de não ter declarado o imóvel à Receita, alegou que o havia doado aos filhos. Com 36 suítes, dois elevadores, sauna, piscinas e acessos em mármore, a propriedade ainda está à venda. O GLOBO tentou falar com o ex-deputado nesta sexta-feira, mas ele desligou o telefone na cara do repórter.


Viagem ao abismo

Crianças pequenas e até de colo usam oxi e crack oferecidos por pais e traficantes

RIO BRANCO, RIO E TERESINA - Aos dois anos, o bebê X., que vivia com os pais em Rio Branco, no Acre, era inquieto e chorava sem parar. Uma denúncia levou o Conselho Tutelar da capital acreana até a casa da família e a constatação foi: a mamadeira de X. não tinha só leite. Os pais misturavam cocaína na hora de alimentá-lo. Essa foi a história que mais chocou a conselheira Linagina Silva, responsável pela unidade em Rio Branco, como mostra reportagem de Carolina Benevides, Efrém Ribeiro e Marcelo Remígio, publicada nesta segunda-feira pela imprensa.


FOTOGALERIA: O drama dos usuários de drogas no Acre e em São Paulo

DEGRADAÇÃO: Derivado de cocaína e mais letal que o crack, oxi destrói jovens e crianças no Acre

EXPANSÃO: Droga já chegou à cracolândia de São Paulo
 
- Em toda Região Norte é comum que as crianças se droguem. Por aqui, elas usam cocaína, oxi e merla. As pequenas, de 5, 6, 8 anos, começam em casa. Recebo há um ano e meio cinco meninos que usam cocaína e oxi. Eles têm entre 6 e 11 anos, a polícia traz, eles quebram tudo, ficam agitadíssimos. Um outro de 10 anos é pequeno, raquítico até, mas drogado tem uma força enorme - conta Linagina. - Em Rio Branco, geralmente, os adultos partem para o oxi depois de terem experimentado outras drogas. As crianças não. Elas já começam com a pedra e muitas nem vão atingir a maioridade.

Nas ruas de Rio Branco não é difícil encontrar crianças de 8, 10, 11 anos viciadas em oxi. Elas perambulam pela cidade, reúnem-se perto da antiga rodoviária ou no Preventório, no Centro, para fumar a pedra. Quando não têm dinheiro, praticam pequenos delitos.

- O vício está diretamente ligado à violência. Para usar, as que têm casa começam a roubar da família. As que já estão nas ruas, quebram vidro de carro para furtar o que está dentro, roubam celulares e pequenos objetos. Elas compram oxi por R$ 5 e R$ 7 - diz Linagina. - É muito difícil conseguir internar crianças antes dos 12 anos e algumas até passam a traficar para manter o vício.

Em Teresina, no Piauí, crianças consomem drogas com mel. No bairro São João, perto das escolas públicas, traficantes vendem uma mistura de crack com mel, semelhante a balas de goma.

- Inicialmente, o traficante não vende. Eles dão balas para que as crianças fiquem na mão deles. Elas não têm dinheiro, mas a estratégia é que fiquem viciadas para que tirem dos pais, roubem objetos, bens e dinheiro de suas casas. Pessoas ficam sem usar crack três dias, no máximo - conta Miranda Neto, fundador e coordenador do Grupo de Amigos da Vida (GAV), entidade que mantém uma comunidade terapêutica para tratamento de dependentes na zona rural do município de Piracuruca.

Também em São Luís, no Maranhão, crianças são alvo fácil de traficantes. Depois que ficam dependentes de crack e oxi, são recrutadas para trabalhar como "aviões". Parte do "salário" sustenta o consumo da droga e o restante, em geral, vai para a família.