O início
Estudos x Rock n’ Roll
Cantinho da Música
Biografia Minilua – Raul Seixas
Como
vimos no post anterior, os anos 60 começariam de uma forma bastante
inusitada para Raul Seixas. Após ser matriculado no Colégio Marista, ele
passaria a nutrir um gosto um tanto quanto peculiar por livros. Tal
fato, aliás, seria proporcionado em parte, pela quantidade de títulos
que seu pai, Raul Varella possuía em sua biblioteca particular. As
estórias que Raulzito lia servia como base para o exercício de sua
imaginação. Tanto isto é verdade, que durante as aulas na escola, era
bastante comum encontrá-lo desenhando, criando enredos, ou ainda,
personagens misteriosos. Em relação aos personagens, um que merece
destaque, foi o chamado “Mêlo”. Ele, por sua vez, era descrito por Raul
como um cientista maluco, capaz de visitar diversos lugares imaginários
como o “Nada, o “Tudo”, “Vírgula Xis”, “Ao Cubo”, “Oceanos de Cores”,
etc. Plínio, seu irmão mais novo, não ficava alheio a tudo isso. Longe
disso, participava das histórias, e ouvia atentamente cada criação de
Raulzito. O gosto acentuado por literatura, aliás, já se fazia presente
na vida de Raul Seixas. Por outro lado, segundo o próprio, a escola
nunca lhe despertara interesse. "Eu era um fracasso na escola. A escola
não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos
livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do
ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la”, conta.
Os Panteras
passaria a se apresentar em algumas casas de Salvador. Em cada uma das apresentações, era bastante comum ver o nosso biografado imitando um dos principais nomes do Rock internacional da época, o cantor Little Richard. Com o sucesso conquistado, uma década depois, o quarteto passa a se chamar “The Panthers”, algo como“Os Panteras”, em português. Alguns anos mais tarde, após o contato com uma série de artistas da Jovem Guarda, o grupo é incentivado a tentar gravar um disco. Dentro desse contexto, o cantor Jerry Adriani teve papel fundamental. Foi justamente ele, o responsável por convidar a banda a tentar a sorte no Rio de Janeiro. Lá, após uma bem sucedida audição, os músicos seriam convidados pela EMI/Odeon, uma das principais gravadoras da época, para gravar o tão sonhado trabalho. Meses depois, nascia o primeiro e único trabalho dos Panteras.
Novos Rumos
No
Rio de Janeiro, Raul Seixas passaria por uma série de dificuldades.
Para que o leitor tenha uma ideia, na tentativa de divulgar o primeiro
álbum de sua banda, Raulzito, que morava em Ipanema, chegava a ir a pé
até o centro do Rio de Janeiro. Após uma série de tentativas, não
obtendo êxito, ele passa a se isolar em seu quarto. Nesse período, era
comum encontrá-lo lendo sobre um dos temas que mais gostava, a
filosofia. De volta a Salvador, quando tudo parecia fadado ao fracasso,
ele conheceria um diretor da gravadora CBS. Ele por sua vez, seria peça
chave no retorno de Raul Seixas ao Rio de Janeiro. No encontro, ele
seria convidado a ser um dos produtores da gravadora, cargo que
prontamente seria aceito por Raul. Apadrinhado por Jerry Adriani, Raul
Seixas, agora produtor da CBS, chegava enfim, a uma fase bem sucedida de
sua carreira. Suas composições, por exemplo, seriam gravadas por
diversos nomes da época, destaque para Odair José e Renato e seus Blue
Caps.
Krig-Ha, Bandolo
Lançado
em 1973, o álbum marcava a estreia do compositor em carreira solo. O
título do trabalho fazia referência a um grito de guerra do personagem
Tarzan, algo como “Cuidado, aí vem o inimigo”. Entre as músicas do
disco, destaque para algumas das mais consagradas composições do cantor,
entre elas: “Al Capone”, “Mosca na Sopa”, “Ouro de Tolo” e “Metamorfose
Ambulante”. O disco ainda marcava o início da parceira de Raul Seixas
com o escritor Paulo Coelho.
Um
ano mais tarde, em 1975, é lançado seu terceiro trabalho solo, “Novo
Aeon”. O álbum encabeçado pela música “Tente Outra Vez”, venderia cerca
de 60 mil cópias, e não repetiria o êxito do trabalho anterior.
Há Dez Mil Anos Atrás
O
trabalho, lançado em 1976, marcava um ponto final na bem sucedida
parceria com Paulo Coelho. Permeado por composições de apelo místico, o
álbum traria outro clássico da carreira de Raul Seixas, a música “Eu
nasci há dez mil anos atrás”.
Biografia Minilua – Raul Seixas
E chegamos a última parte deste especial. Nela, você confere um pouco mais sobre a biografia do eterno maluco beleza. Uma boa leitura!
O Dia em que a Terra Parou
Lançado no final dos anos 70, o disco trazia diversas composições de sucesso, entre elas: “O Dia Em Que a Terra Parou”, “Maluco Beleza” e “Sapato 36”. O trabalho ainda contou com a participação de Gilberto Gil, na faixa “Que Luz é Essa”?Naquela época, o eterno Raulzito ainda lançaria mais dois álbuns “Mata Virgem”, em 1978, e “Por Quem os Sinos Dobram”, em 1979. Foi nesse período, aliás, que seria intensificada a parceria entre o compositor e o amigo Cláudio Roberto Andrade de Azevedo.
Saúde debilitada
Raul Seixas enfrentaria uma série de problemas no final da década de 70. Os principais estavam relacionados a sua sáude. Devido ao consumo excessivo de álcool, o compositor entraria em um contínuo processo de depressão, fato este, que o levaria a perder cerca de 1/3 do pâncreas. Certo tempo depois, é iniciado um tratamento rigoroso, buscando por fim ao problema.
Década de 80
No
começo dos anos 80, Raul Seixas assinava enfim, com a gravadora CBS,
dessa vez como cantor. Desta parceria, nasceria um dos principais álbuns
do cantor, “Abra-te Sésamo”. O trabalho contava com dois dos principais
hits de sua carreira, “Rock das Aranhas” e “Aluga-se”. Por seu teor
contestador, as faixas seriam censuradas, e o contrato com a gravadora
rescendido meses depois.
Após
03 anos sem gravadora, o cantor é convidado pela Estúdio Eldorado para
gravar um novo trabalho. Lançado em 1983, o álbum intitulado “Raul
Seixas”, daria o disco de ouro a Raulzito. O êxito, entre outros
fatores, se deve a canção “Carimbador Maluco”, tema do especial infantil
“Plunct, Plact, Zuum”, da Rede Globo.
Após
o lançamento do trabalho, o compositor enfrentaria novos problemas
relacionados ao alcoolismo. Nessa fase, aliás, ele chegaria a ser
internado por diversos vezes em clínicas de reabilitação. No ano de
1986, é lançado “Uah-Bap-Lu-Bap-La-Béin-Bum”. O disco, produzido pela
gravadora Copacabana, faria enorme sucesso entre os fãs. Entre as faixas
mais conhecidas, destaque para “Cowboy Fora da Lei”.
Com
o êxito do disco, uma nova parceria seria feita, dessa vez, com o
cantor Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus. Raul Seixas, aliás,
participaria de diversos shows da banda, totalizando mais de 50
apresentações pela Brasil. O projeto daria origem a um novo álbum,
“Panela do Diabo”, lançado 02 dias antes de sua morte. Entre as faixas
do álbum, destaque para “Pastor João e a Igreja Invisível”, um critica
voraz contra alguns religiosos da época.
Morte de Raul Seixas
21
de agosto de 1989, uma data que muitos gostariam de esquecer. Na manhã
daquele dia, Raul seria encontrado morto em sua cama, por volta das
08h00. Sua morte, causada por um ataque cardíaco, deixaria uma
verdadeira legião de fãs orfãos do talento de Raul Seixas. Em relação ao
álbum “Panela do Diabo”, ele venderia cerca de 150.000 cópias, rendendo
a Raulzito o disco de ouro.
Curiosidades
- Em vida, o compositor lançaria 21 discos, muitos deles, aliás, com enorme repercussão de público e crítica.
- Entre os assuntos de interesse de Raul Seixas, destaque para a filosofia, psicologia, história e literatura.
- Foi com o suporte do amigo Waldir Serrão, que o cantor, ainda na
década de 60, criaria o fã clube em homenagem ao ídolo Elvis Presley.
- Em Salvador, durante sua adolescência, era comum encontrar os
moradores ouvindo as composições de outro ícone da música brasileira,
Luiz Gonzaga.
- Além do nome Raulzito e Os Panteras, a primeira
e única banda de Raul Seixas receberia outros nomes, entre os quais
“Relâmpagos do Rock”.
- Foi através de um artigo sobre extraterrestres, publicado na revista
“A Pomba”, que aconteceria o primeiro contato entre o músico e o
escritor Paulo Coelho.
-Raul Seixas foi casado 05 vezes, entre
suas esposas estavam: Edith Weisner, americana, filha de um pastor
protestante, Tânia Menna Barreto e Kika Seixas.
- Durante a
divulgação de seu último trabalho, o cantor participaria de diversos
programas, seja se apresentando com sua banda, ou ainda, concedendo
entrevistas.
- Após sua morte, uma série de álbuns póstumos seriam lançados no mercado. Entre os principais: O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 – Eldorado), Se o Rádio não Toca… (1994 – Eldorado) e Documento (1998).
- A canção “Aluga-se”, regravada pelos Titãs, foi na verdade,
censurada na época da ditadura brasileira. Aliás, é bom que se diga,
Raul Seixas, durante um bom período, foi obrigado a se exilar nos
Estados Unidos. Lá, segundo a lenda, teria conhecido alguns de seus
ídolos.
- Em 2004, o canal Multishow, da Globosat, prestaria uma homenagem ao
eterno maluco beleza. O evento, intitulado “O Baú do Raul: Uma Homenagem
a Raul Seixas”, reuniria diversos nomes da música brasileira como
Marcelo D2, Gabriel, o Pensador, Nasi, Caetano Veloso, CPM 22 e Marcelo
Nova.
- Atualmente, o compositor possui uma série de fã-clubes pelo país, e é
homenageado em diversos espaços temáticos, como por exemplo, a Galeria
do Rock de São Paulo.
Discografia
1968 - Raulzito e Os Panteras
1971 - Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10
1973 - Krig Ha, Bandolo
1973 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock
1971 - Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10
1973 - Krig Ha, Bandolo
1973 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock
1974 - Gita
1974 - O Rebu (trilha sonora da novela de mesmo nome)
1975 - 20 Anos de Rock
1975 - Novo Aeon
1974 - O Rebu (trilha sonora da novela de mesmo nome)
1975 - 20 Anos de Rock
1975 - Novo Aeon
1976 - Há Dez Mil Anos Atrás
1977 - O Dia Em Que a Terra Parou
1977 - Raul Rock Seixas
1978 - Mata Virgem
1977 - O Dia Em Que a Terra Parou
1977 - Raul Rock Seixas
1978 - Mata Virgem
1979 - Por Quem os Sinos Dobram
1980 - Abra-te Sésamo
1983 - Raul Seixas
1984 - Metrô Linha 743
1980 - Abra-te Sésamo
1983 - Raul Seixas
1984 - Metrô Linha 743
1985 - 30 anos de Rock
1985 - Let Me Sing My Rock n’ Roll
1986 - Raul Rock Seixas - Volume II
1987 - Caroço de Manga
1985 - Let Me Sing My Rock n’ Roll
1986 - Raul Rock Seixas - Volume II
1987 - Caroço de Manga
1987 - Uah-Bap-Lu-Bap-Láh-Béin-Bum
1988 - A Pedra do Gênesis
1989 - A Panela do Diabo
1992 - O Baú do Raul (o primeiro de quatro álbuns póstumos)
1988 - A Pedra do Gênesis
1989 - A Panela do Diabo
1992 - O Baú do Raul (o primeiro de quatro álbuns póstumos)
Trajetória da vida de Raul Seixas
Raul Seixas - Por Toda a Minha Vida - Parte 2
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Raul Seixas - Por Toda a Minha Vida - Parte 3
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RAUL SEIXAS, POR TODA MINHA VIDA - parte 5
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