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8 de jun. de 2012

Você se lembra? – Raul Seixas




Eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar, eu sou as coisas da vida, eu sou o medo de amar”. Quem nunca ouviu uma música, um álbum, ou ainda, alguma história sobre Raul Seixas? Pois é, sabendo disso, preparamos nesta semana, um breve informativo contando um pouco de sua trajetória, seus principais sucessos, além é claro, de sua influência direta para diferentes gerações. Uma boa leitura!

O início

Raul Seixas nasceu em 28 de junho de 1945, na cidade de Salvador, Bahia. Filho de Raul Varella Seixas e de Maria Eugênia Santos Seixas, ele cresceria em um típica família de classe média da época. Seu nome, registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador, nada mais era do que uma homenagem ao pai e ao avó paterno. 03 anos mais tarde, nasceria o seu primeiro e único irmão, Plínio dos Santos Seixas. Foi com ele, aliás, que Raul passaria boa parte da infância, seja conversando, ou mesmo brincando.

Estudos x Rock n’ Roll

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Foi no ano de 1952, que a fase escolar de Raul Seixas teve início. Na época, ele seria matriculado em uma das principais escolas da cidade, onde concluiria o curso primário, em 1956. Alguns meses depois, com o suporte de alguns amigos, fundaria o chamado “clube dos cigarros”. A iniciativa, é bom que se diga, marcava um período de transição na vida de Raul Seixas, que culminaria 01 ano mais tarde, na criação do “Elvis Rock Club”. Diferente de um fã clube tradicional, este era composto por uma espécie de “gangue”, responsável por arruaças nas ruas de Salvador, e pela destruição das vidraças de diferentes casas da região. Mesmo não concordando com esse tipo de atitude, o “maluco beleza” enfatizava “Eu ia na onda, pois o Rock (pelo menos ao meu ver) tinha toda uma maneira de ser".

Cantinho da Música

 Foi na loja Cantinho da Música, que sua paixão por música cresceria. Tanto isto é verdade, que no final da década de 50, Raul Seixas já havia declinado em seus estudos. Para que o leitor possa ter uma ideia, ele seria reprovado três vezes consecutivas, na segunda série. Evidente que uma mudança de comportamento tão significativa preocupava a família de nosso biografado. Para tal, em busca de uma melhoria em seu comportamento, sua família iria matriculá-lo, certo tempo depois, no Colégio Interno Marista, entidade esta, fundada por padres católicos. Lá, Raul Seixas, alcançava enfim, a terceira série, repetindo o estágio um ano mais tarde, em 1961.

Biografia Minilua – Raul Seixas

Como vimos no post anterior, os anos 60 começariam de uma forma bastante inusitada para Raul Seixas. Após ser matriculado no Colégio Marista, ele passaria a nutrir um gosto um tanto quanto peculiar por livros. Tal fato, aliás, seria proporcionado em parte, pela quantidade de títulos que seu pai, Raul Varella possuía em sua biblioteca particular. As estórias que Raulzito lia servia como base para o exercício de sua imaginação. Tanto isto é verdade, que durante as aulas na escola, era bastante comum encontrá-lo desenhando, criando enredos, ou ainda, personagens misteriosos. Em relação aos personagens, um que merece destaque, foi o chamado “Mêlo”. Ele, por sua vez, era descrito por Raul como um cientista maluco, capaz de visitar diversos lugares imaginários como o “Nada, o “Tudo”, “Vírgula Xis”, “Ao Cubo”, “Oceanos de Cores”, etc. Plínio, seu irmão mais novo, não ficava alheio a tudo isso. Longe disso, participava das histórias, e ouvia atentamente cada criação de Raulzito. O gosto acentuado por literatura, aliás, já se fazia presente na vida de Raul Seixas. Por outro lado, segundo o próprio, a escola nunca lhe despertara interesse. "Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la”, conta.

Os Panteras


Ficheiro:Raulzito e os Panteras.jpg


Ao contrário do que muitos possam supor, o maior sonho de Raul Seixas era ser escritor. Para nossa sorte, ele não seguiria a carreira literária, e sim, uma bem sucedida carreira musical. Ainda nos anos 50, com o suporte de mais três amigos, Raul Seixas 
passaria a se apresentar em algumas casas de Salvador. Em cada uma das apresentações, era bastante comum ver o nosso biografado imitando um dos principais nomes do Rock internacional da época, o cantor Little Richard. Com o sucesso conquistado, uma década depois, o quarteto passa a se chamar “The Panthers”, algo como“Os Panteras”, em português. Alguns anos mais tarde, após o contato com uma série de artistas da Jovem Guarda, o grupo é incentivado a tentar gravar um disco. Dentro desse contexto, o cantor Jerry Adriani teve papel fundamental. Foi justamente ele, o responsável por convidar a banda a tentar a sorte no Rio de Janeiro. Lá, após uma bem sucedida audição, os músicos seriam convidados pela EMI/Odeon, uma das principais gravadoras da época, para gravar o tão sonhado trabalho. Meses depois, nascia o primeiro e único trabalho dos Panteras.



 

Novos Rumos

No Rio de Janeiro, Raul Seixas passaria por uma série de dificuldades. Para que o leitor tenha uma ideia, na tentativa de divulgar o primeiro álbum de sua banda, Raulzito, que morava em Ipanema, chegava a ir a pé até o centro do Rio de Janeiro. Após uma série de tentativas, não obtendo êxito, ele passa a se isolar em seu quarto. Nesse período, era comum encontrá-lo lendo sobre um dos temas que mais gostava, a filosofia. De volta a Salvador, quando tudo parecia fadado ao fracasso, ele conheceria um diretor da gravadora CBS. Ele por sua vez, seria peça chave no retorno de Raul Seixas ao Rio de Janeiro. No encontro, ele seria convidado a ser um dos produtores da gravadora, cargo que prontamente seria aceito por Raul. Apadrinhado por Jerry Adriani, Raul Seixas, agora produtor da CBS, chegava enfim, a uma fase bem sucedida de sua carreira. Suas composições, por exemplo, seriam gravadas por diversos nomes da época, destaque para Odair José e Renato e seus Blue Caps.

Krig-Ha, Bandolo


Lançado em 1973, o álbum marcava a estreia do compositor em carreira solo. O título do trabalho fazia referência a um grito de guerra do personagem Tarzan, algo como “Cuidado, aí vem o inimigo”. Entre as músicas do disco, destaque para algumas das mais consagradas composições do cantor, entre elas: “Al Capone”, “Mosca na Sopa”, “Ouro de Tolo” e “Metamorfose Ambulante”. O disco ainda marcava o início da parceira de Raul Seixas com o escritor Paulo Coelho.


  


Um ano mais tarde, em 1975, é lançado seu terceiro trabalho solo, “Novo Aeon”. O álbum encabeçado pela música “Tente Outra Vez”, venderia cerca de 60 mil cópias, e não repetiria o êxito do trabalho anterior.


  
Há Dez Mil Anos Atrás

O trabalho, lançado em 1976, marcava um ponto final na bem sucedida parceria com Paulo Coelho. Permeado por composições de apelo místico, o álbum traria outro clássico da carreira de Raul Seixas, a música “Eu nasci há dez mil anos atrás”.



 

Biografia Minilua – Raul Seixas



E chegamos a última parte deste especial. Nela, você confere um pouco mais sobre a biografia do eterno maluco beleza. Uma boa leitura!

O Dia em que a Terra Parou
Lançado no final dos anos 70, o disco trazia diversas composições de sucesso, entre elas: “O Dia Em Que a Terra Parou”, “Maluco Beleza” e “Sapato 36”. O trabalho ainda contou com a participação de Gilberto Gil, na faixa “Que Luz é Essa”?


 

Naquela época, o eterno Raulzito ainda lançaria mais dois álbuns “Mata Virgem”, em 1978, e “Por Quem os Sinos Dobram”, em 1979. Foi nesse período, aliás, que seria intensificada a parceria entre o compositor e o amigo Cláudio Roberto Andrade de Azevedo.

Saúde debilitada


Raul Seixas enfrentaria uma série de problemas no final da década de 70. Os principais estavam relacionados a sua sáude. Devido ao consumo excessivo de álcool, o compositor entraria em um contínuo processo de depressão, fato este, que o levaria a perder cerca de 1/3 do pâncreas. Certo tempo depois, é iniciado um tratamento rigoroso, buscando por fim ao problema.

Década de 80


No começo dos anos 80, Raul Seixas assinava enfim, com a gravadora CBS, dessa vez como cantor. Desta parceria, nasceria um dos principais álbuns do cantor, “Abra-te Sésamo”. O trabalho contava com dois dos principais hits de sua carreira, “Rock das Aranhas” e “Aluga-se”. Por seu teor contestador, as faixas seriam censuradas, e o contrato com a gravadora rescendido meses depois.


 

Após 03 anos sem gravadora, o cantor é convidado pela Estúdio Eldorado para gravar um novo trabalho. Lançado em 1983, o álbum intitulado “Raul Seixas”, daria o disco de ouro a Raulzito. O êxito, entre outros fatores, se deve a canção “Carimbador Maluco”, tema do especial infantil “Plunct, Plact, Zuum”, da Rede Globo.


  

Após o lançamento do trabalho, o compositor enfrentaria novos problemas relacionados ao alcoolismo. Nessa fase, aliás, ele chegaria a ser internado por diversos vezes em clínicas de reabilitação. No ano de 1986, é lançado “Uah-Bap-Lu-Bap-La-Béin-Bum”. O disco, produzido pela gravadora Copacabana, faria enorme sucesso entre os fãs. Entre as faixas mais conhecidas, destaque para “Cowboy Fora da Lei”.


 

Com o êxito do disco, uma nova parceria seria feita, dessa vez, com o cantor Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus. Raul Seixas, aliás, participaria de diversos shows da banda, totalizando mais de 50 apresentações pela Brasil. O projeto daria origem a um novo álbum, “Panela do Diabo”, lançado 02 dias antes de sua morte. Entre as faixas do álbum, destaque para “Pastor João e a Igreja Invisível”, um critica voraz contra alguns religiosos da época.


 


Morte de Raul Seixas


 

21 de agosto de 1989, uma data que muitos gostariam de esquecer. Na manhã daquele dia, Raul seria encontrado morto em sua cama, por volta das 08h00. Sua morte, causada por um ataque cardíaco, deixaria uma verdadeira legião de fãs orfãos do talento de Raul Seixas. Em relação ao álbum “Panela do Diabo”, ele venderia cerca de 150.000 cópias, rendendo a Raulzito o disco de ouro.

Curiosidades


- Em vida, o compositor lançaria 21 discos, muitos deles, aliás, com enorme repercussão de público e crítica.
- Entre os assuntos de interesse de Raul Seixas, destaque para a filosofia, psicologia, história e literatura.
- Foi com o suporte do amigo Waldir Serrão, que o cantor, ainda na década de 60, criaria o fã clube em homenagem ao ídolo Elvis Presley.
- Em Salvador, durante sua adolescência, era comum encontrar os moradores ouvindo as composições de outro ícone da música brasileira, Luiz Gonzaga.
- Além do nome Raulzito e Os Panteras, a primeira e única banda de Raul Seixas receberia outros nomes, entre os quais “Relâmpagos do Rock”.
- Foi através de um artigo sobre extraterrestres, publicado na revista “A Pomba”, que aconteceria o primeiro contato entre o músico e o escritor Paulo Coelho.
-Raul Seixas foi casado 05 vezes, entre suas esposas estavam: Edith Weisner, americana, filha de um pastor protestante, Tânia Menna Barreto e Kika Seixas.
- Durante a divulgação de seu último trabalho, o cantor participaria de diversos programas, seja se apresentando com sua banda, ou ainda, concedendo entrevistas.


- Após sua morte, uma série de álbuns póstumos seriam lançados no mercado. Entre os principais: O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 – Eldorado), Se o Rádio não Toca… (1994 – Eldorado) e Documento (1998).
- A canção “Aluga-se”, regravada pelos Titãs, foi na verdade, censurada na época da ditadura brasileira. Aliás, é bom que se diga, Raul Seixas, durante um bom período, foi obrigado a se exilar nos Estados Unidos. Lá, segundo a lenda, teria conhecido alguns de seus ídolos.


- Em 2004, o canal Multishow, da Globosat, prestaria uma homenagem ao eterno maluco beleza. O evento, intitulado “O Baú do Raul: Uma Homenagem a Raul Seixas”, reuniria diversos nomes da música brasileira como Marcelo D2, Gabriel, o Pensador, Nasi, Caetano Veloso, CPM 22 e Marcelo Nova.
- Atualmente, o compositor possui uma série de fã-clubes pelo país, e é homenageado em diversos espaços temáticos, como por exemplo, a Galeria do Rock de São Paulo.

Discografia


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1968 - Raulzito e Os Panteras
1971 - Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10
1973 - Krig Ha, Bandolo
1973 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock
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1974 - Gita
1974 - O Rebu (trilha sonora da novela de mesmo nome)
1975 - 20 Anos de Rock
1975 - Novo Aeon
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1976 - Há Dez Mil Anos Atrás
1977 - O Dia Em Que a Terra Parou
1977 - Raul Rock Seixas
1978 - Mata Virgem
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1979 - Por Quem os Sinos Dobram
1980 - Abra-te Sésamo
1983 - Raul Seixas
1984 - Metrô Linha 743
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1985 - 30 anos de Rock
1985 - Let Me Sing My Rock n’ Roll
1986 - Raul Rock Seixas - Volume II
1987 - Caroço de Manga
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1987 - Uah-Bap-Lu-Bap-Láh-Béin-Bum
1988 - A Pedra do Gênesis
1989 - A Panela do Diabo
1992 - O Baú do Raul (o primeiro de quatro álbuns póstumos)

Trajetória da vida de Raul Seixas

Raul Seixas - Por Toda a Minha Vida - Parte 1



     Raul Seixas - Por Toda a Minha Vida - Parte 2


     Raul Seixas - Por Toda a Minha Vida - Parte 3


     2009 - Por Toda A Minha Vida - Raul Seixas - Parte 4


     RAUL SEIXAS, POR TODA MINHA VIDA - parte 5


     2009 - Por Toda A Minha Vida - Raul Seixas - Parte 6