Data alerta para a prevenção do glaucoma, a principal causa de cegueira irreversível no mundo
Prevenção é o melhor remédio para evitar a perda total da visão causada pelo glaucoma, doença que afeta aproximadamente 2% da população brasileira e uma das principais causas da cegueira. Por não manifestar sintomas, as pessoas percebem que estão com o problema quando é tarde demais. O alerta é da Dra. Letícia Trevisan Tecchio, que chama a atenção para a importância de visitas periódicas ao oftalmologista. O Dia Nacional de Prevenção e Combate ao Glaucoma é comemorado na última quinta-feira (26). A enfermidade se inicia de forma bastante lenta e tem como complicador o fato de, na maioria dos casos, não apresentar sinais. "A perda de visão ocasionada por um glaucoma é irreversível, por isso são fundamentais o diagnóstico e o tratamento da doença", ressalta a oftalmologista, informando que a falta de sintomas é, na verdade, uma espécie de alerta que todas as pessoas, após completar 40 anos de idade, devem ter. "Já que os sintomas normalmente não aparecem, é preciso então consultar um oftalmologista regularmente", recomenda. "O glaucoma é uma das doenças que mais causa cegueira, mas é possível diagnosticar e tratar", observa a médica, que atua na Clínica Schaefer.
"Mesmo não apresentando sintomas, o oftalmologista pode diagnosticar o glaucoma verificando com exames se há aumento da pressão do olho e alterações no nervo óptico, indícios que apontam a doença", explica Letícia Tecchio. Segundo ela, a pressão se eleva quando ocorre diminuição na filtração do liquido que circula dentro do olho. Com o tempo, o aumento da pressão intra-ocular pode causar danos irreversíveis ao nervo óptico, que é responsável pela transmissão da visão formada dentro do olho até o cérebro, onde é interpretada. Caso o glaucoma seja diagnosticado, pode ser controlado com o uso contínuo de medicamentos, com tratamento cirúrgico a laser ou cirurgia convencional. "Os tratamentos não revertem problemas de perda de visão (cegueira parcial ou total), o melhor mesmo é prevenir e procurar tratamento o mais cedo possível", ensina.
A oftalmologista alerta ainda que, além da idade, o glaucoma costuma se manifestar mais em pessoas afrodescendentes, com história familiar da doença, míopes, diabéticos e aqueles que utilizam medicamentos à base de cortisona. "Esses fatores reforçam a necessidade da prevenção e da visita regular ao oftalmologista", recomenda Letícia Trevisan.
A médica esclarece também que existem diversos tipos de glaucoma. O crônico simples é mais frequente em pessoas com mais de 40 anos; o congênito é quando se nasce com o problema; no agudo a pressão ocular sofre uma elevação rápida, causando uma dor tão intensa que o paciente pode ter náuseas e vômitos; e já o secundário pode aparecer em decorrência a enfermidades ou traumas.
Glaucoma: doença silenciosa que afeta um milhão de brasileiros
Uma doença ocular que não apresenta sintomas, mas que pode levar à cegueira. Atualmente, o Glaucoma afeta cerca de um milhão de brasileiros, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, e é uma das principais causas de cegueira irreversível. Para os profissionais do Instituto de Oftalmologia de Curitiba (IOC), o Dia Nacional do Combate ao Glaucoma, lembrado em 26 de maio, deve ser um lembrete da importância de manter consultas e exames oftalmológicos periódicos, já que esta é a única forma de diagnosticar a doença.
Segundo a oftalmologista do IOC Sheila Swerts, a visão do paciente é perdida progressivamente, por conta de uma lesão definitiva no nervo óptico, causada pelo aumento da pressão interna do olho. “Inicialmente, sem consultar o oftalmologista o paciente não sente nada e não tem como perceber o início da doença, porque a visão comprometida a princípio é a lateral, mantendo preservada a central”. De acordo com ela, o paciente apenas percebe quando a lesão do nervo óptico progride, em estágios mais avançados.
Exames complementares como a Tonometria são a melhor maneira de identificar a doença. “São fundamentais a medida da pressão intraocular e a avaliação do nervo óptico através do exame de fundo de olho. Exames complementares solicitados pelo médico em geral confirmam o diagnóstico e ajudam a avaliar a eficácia do tratamento”, explica a médica. Estéreo fotografias do nervo óptico e análise do ângulo camerular por gonioscopia são outros exames de controle também realizados pela equipe de médicos do IOC.
Formas de tratamento
A principal forma de tratar o Glaucoma é diminuir a pressão intraocular com o objetivo de impedir que a lesão do nervo óptico aconteça. Como explica o diretor clínico do IOC, diagnosticada a doença, o paciente deverá seguir as orientações médicas e realizar os exames o mais breve possível, para adiantar o tratamento. “Inicialmente, utilizamos colírios que diminuem a pressão intraocular e podem ser combinados com uso de laser nos casos de resistência à medicação. No IOC, realizamos várias modalidades de cirurgias, principalmente para os casos mais severos da doença”, pontua ele.
Entre os procedimentos cirúrgicos utilizados, o médico cita os implantes de drenagem, as cirurgias não-penetrantes e os procedimentos ciclo-destrutivos. A mais realizada é a Trabeculectomia, que consiste em criar uma passagem entre a câmara anterior do olho e o espaço subconjuntival, para que o líquido que circula no interior dos olhos, o humor aquoso, tenha por onde sair e com isso a pressão seja reduzida.
O glaucoma ainda não tem cura e, por se tratar de uma doença crônica, um dos grandes desafios que oferece é a aderência ao tratamento, que em muitos casos é abandonado pelo paciente.“Alguns efeitos colaterais dos colírios, como alteração na visão, vermelhidão ocular e sensação de areia nos olhos causam desconforto e incomodam o paciente. Mas, para estabilizar o glaucoma, é imprescindível que ele não abandone os cuidados”, orienta o diretor clínico.
Conheça alguns fatores de risco para o desenvolvimento do Glaucoma.
- Idade acima de 40 anos;
- Histórico familiar da doença;
- Pressão intraocular elevada;
- Raça negra;
- Diabetes;
- Miopia;
- Trauma ocular;
- Uso de corticóides.