Regina Coeli Vieira Machado Servidora da Fundação Joaquim Nabuco
Pio Giannotti, nasceu a 5 de novembro de 1898, em Bozzano, vilarejo da cidade de Massarosa, a 460 quilômetros de Roma. Filho de Félix Giannotti e Maria Giannotti, camponeses humildes e devotos
Desde cedo, Pio demonstrava inclinação para o sacerdócio. Iniciou seus estudos religiosos na Escola Seráfica de Camigliano em 1910. Aos 12 anos de idade seguiu a inclinação natural que o levaria quatro anos depois, já com 16 anos, ingressar na Ordem dos Capuchinhos, no Convento de Vila Basílica. E ao receber o hábito escolheu o nome de Damião. Em 1917, aos dezenove anos, Pio Giannotti foi convocado juntamente com seus irmãos capuchinhos, pela Força Militar do Exército, para servir na frente de batalha da Primeira Guerra Mundial. Após o término da guerra ele ainda permaneceu por 3 anos acampado na região de Zarra, fronteira da Itália disputada com a antiga Iugoslávia. Este foi um período da sua vida que lhe deixou profundas e amargas recordações, por ter presenciado enorme carnificina. Em 1923, quando retornou ao Seminário, foi ordenado sacerdote, na Igreja de São João Latrão em Roma. Neste período ingressou no Colégio Internacional, onde cursou Teologia, Filosofia e Direito Canônico. Concluídos estes estudos, matriculou-se na Universidade Gregoriana e doutourou-se em Teologia Dogmática. Voltou para o convento de Vila Basílica, para assumir o cargo de vice-mestre de noviços, onde passou a lecionar até 1931. Neste mesmo ano, foi convidado pelos seus superiores a fazer uma escolha entre duas opções: permanecer na profissão de professor ou ser missionário no Brasil. Frei Damião seguiu a voz do coração e decidiu pela missão de evangelizar. Dias depois embarcou no navio Cante Rosso, rumo ao Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro e no dia seguinte seguiu para o Recife, Pernambuco. Hospedou-se na Basílica de Nossa Senhora da Penha e adotou o nome de Frei Damião, com o designativo de sua terra natalBozzano.
Celebrou sua primeira missa no Brasil, em 05 de abril de 1931, na cidade de Gravatá, agreste pernambucano, no mesmo ano em que chegou ao País. No mês seguinte passou três dias consecutivos ouvindo os fiéis, em confissão. Esta atitude do Frei, deu-lhe grande prestígio, conquistando a admiração da população católica daquela região. Logo no início ele tinha dificuldades em se comunicar com os fiéis. Utilizava uma linguagem gestual, que logo se desfez, quando passou a conhecer melhor a língua portuguesa. De 1939-1945, período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial, Frei Damião, foi proibido de realizar missões, devido a sua origem italiana, permanecendo recluso em um convento em Maceió até 1945.
À medida que os anos foram passando Frei Damião tornou-se mais conhecido noNordeste. Em suas missões e romarias pelos lugarejos mais distantes da Região, reunia milhares de fiéis das localidades visitadas e romeiros das regiões vizinhas, que caminhavam quilômetros a pé ou viajavam em caminhões para assistir ao grande ato de fé. Durante as caminhadas ele fazia casamentos coletivos, batismos e sermões, dava comunhão, ouvia confissões. Iniciava seus trabalhos de peregrinação às quatro da madrugada. Saía em procissão por ruas e estradas, em busca das comunidades mais distantes e necessitadas, acordando todos com o badalar de um sino, cânticos e orações. Devido as suas intensas peregrinações pelo interior do Norte e Nordeste do Brasil, pregando o evangelho à grande número de pessoas, ficou conhecido como o andarilho de Deus. Foi o único pregador que visitou o Nordeste em missão Franciscana, recebeu centenas de medalhas e condecorações, inclusive títulos de cidadão honorário em 27 cidades.
Na literatura de Cordel, Frei Damião foi motivo de inspiração para muitos poetas e escritores cordelistas, que escreveram centenas de folhetos relatando a sua vida missionária, seus milagres, testemunhos e sobre seu prestígio popular. Com o passar dos anos, a intensa vida missionária produziu-lhe uma progressiva deformação causada por problemas de cifose (corcunda) e escoliose, que lhe causou dificuldades na fala e na respiração.
Os últimos anos de vida do Frei Damião de Bozzano foram muito sofridos. Segundo os médicos que o assistiam, desde jovem ele sofria de insuficiência cardiovascular periférica e erisipela, doenças que se agravaram com o tempo, devido as longas peregrinações por cidades empoeiradas. Em virtude do cansaço e da idade avançada, seu estado de saúde foi se agravando a ponto de tornar-se irreversível. Após 19 dias de coma profundo, veio a falecer aos 98 anos de idade, no dia 31 de maio de 1997, às 19 horas, no Hospital Real Português, no Recife.
Fotos da casa onde nasceu Frei Damião, sua cidade natal, Bozzano, seu embarque para o Brasil na década de 30, suas pregações, confissões, entrevista, morte, em 31 de maio de 1997. Veja as fotos:
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Casa onde nasceu Frei Damião, em Bozzano, na Itália |
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Frei Damião, o primeiro da esquerda, sentado |
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Frei Damião à esquerda, sentado ao lado dos coronéis da época |
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Frei Damião pregando numa cidade de Pernambuco |
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Frei Damião, já na época admirado pelo povo |
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Nesta foto vê-se Frei Damião Celebrando uma Missa |
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A porta de uma igreja com os fiéis e seguidores |
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Era assim, sempre cercado de fiéis que ganhou fama com Santo Capuchinho |
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Em entrevista com repórteres |
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Caminhando como era de hábito |
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Em momento de meditação |
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No confessionário com uma fiel |
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Sorrindo, feliz! |
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Lendo artigos de jornais |
As seis igrejas em que atuou como sacerdote na Itália
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Bozanno, na Itália, sua cidade Natal |
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Estátua de Frei Damião, no Alto da Benção de Deus em Sousa |
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Frei Damião em vida ao lado de sua estátua |
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Com a Hóstia consagrada em mãos, foto que o
imortalizou |
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Frei Damião, sorrir |
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Estátua de frei Damião, em Guarabira |
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Frei Damião, no caixão em 31 de maio de 1997
O Nordeste parou!... E chorou!
Homenagem prestada a Frei Damião na literatura de Cordel
FREI DAMIÃO O SANTO DO NORDESTE
Morei quatro anos em Guarabira na Paraíba, onde tem uma grande estátua em homenagem a Frei Damião. Para lá acorrem milhares de romeiros a cada ano, e por isso, em 2003, escrevi esse cordel contando a história de Frei Damião e da estátua em sua homenagem, que é a terceira maior do mundo. No Brasil é menor apenas que o Cristo Redentor
Senhor, já sabe que eu
Quando quero escrever
Primeiro pergunto a ti
Se irás me conceder
Rima, métrica e poesia
Atrelada ao saber?
Deus bondoso me acompanhe
Me encha agora de dote
Pra descrever absorto
O jovem Pio Gianotte
O nosso Frei Damião
Um bondoso sacerdote.
Deve está junto de ti
Aí na santa mansão
Se aqui já era santo
Agora Frei Damião
Estando, mestre ao seu lado
Temos certa intercessão.
Quase um século de vida
Viveu te anunciando
E almas para seu filho
Chamado Jesus, levando
E nosso Senhor pra todos
Ele viveu apontando!
AQUI ESTÃO AS PRIMEIRAS ESTROFES DO CORDEL. SE QUISER LÊ-LO NA ÍNTEGRA ADQUIRA ATRAVÉS DO E-MAIL: varnecicordel@yahoo.com.br |
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