Velhice, Velhos: provérbios, ditos
Com relação aos idosos, a rivalidade ou gozação vem de muito longe. E tanto é assim que a sabedoria popular registra provérbios antiquíssimos, chegados até nós através da colonização portuguesa e, enquanto alguns perderam sua atualidade, outros continuam participando da linguagem popular brasileira ainda com a mesma força, constando também das legendas escritas nos pára-choques dos caminhões.
Assim, a velhice "é um mal desejado", "é uma segunda meninice", "faz o homem prudente". E "a vida passada faz a velhice pesada", enquanto a "mocidade ociosa não faz velhice contente". No que diz respeito aos velhos, os provérbios são os mais variados possíveis e se contradizem no todo ou em parte.
- Mais quero o velho que me ame do que o moço que me assombre.
- Moça com velho casada, como velha se trata.
- Ainda que seja prudente, o velho não despreza conselho.
- Guarda moço, acharás velho.
- O moço por não querer e o velho por não poder deixam as coisas perder.
- Perde-se o velho por não poder e o moço por não saber.
- Quem quiser ser muito tempo velho, comece-o a ser cedo.
- Quem em velho engorda, de boa mocidade se logra.
- 0 velho e o peixe no sol aparecem.
- 0 velho a estirar, o Diabo a enrugar
- Se queres viver são, faz-te velho antes do tempo.
- Homem velho, saco de azares.
- 0 amor no velho traz culpa, mas no mancebo fruto.
- De velho, o conselho.
- 0 velho muda o conselho.
- Em o velho e o menino o benefício é perdido.
- 0 velho torna a engatinhar.
- Se queres bom conselho, pede-o ao homem velho.
- Vinho velho, amigo velho.
- Velho gaiteiro velho menino.
- Não há melhor espelho do que amigo velho.
- A velha galinha faz gorda a cozinha.
- Se o moço soubesse e o velho pudesse nada haveria que não se fizesse.
- Queda de velho não levanta poeira.
- Velho que se cura cem anos dura.
- Pai velho e mangas rotas, não é desonra.
- Come, menino e criar-te-hás; come, velho e viverás.
- Mal vai a corte onde o boi velho não tosse.
- A mula velha cabeçadas novas.
- Quem tem velho não tem novo.
- Tomar atalhos novos e deixar caminhos velhos.
- Carne nova de vaca velha.
- Velhos amigos, contas novas.
- 0 moço dormindo, sara,- o velho, se acaba.
- 0 velho e o forno pela boca se aquentam
- Velho na sua terra e o moço na alheia sempre mentem de uma maneira.
- Velho que não anda, desanda.
- Velhos são os trapos.
- Carreira de velho é choto.
- Velho que não adivinha não vale uma sardinha
- 0 moço de bom juízo quando velho é adivinho.
- Arrenega ao velho que não adivinha.
- Não há moço doente nem velho são.
- Não diga ao velho que se deite nem ao menino que se levante.
- Velho não se senta sem "Ui!", nem se levanta sem "Ai!"
- Incha o menino para crescer e o velho para morrer.
- Não há sábado sem sol. Nem jardim sem flores. Nem velhos sem dores. Nem moças sem amores.
- Papagaio velho não aprende a falar.
- Saúde de velho é muito remendada.
- Se eu gostasse de velho ia trabalhar em museu.
- Velho? Só vinho, perfume, dinheiro e viúva rica.
- Pote velho é que esfria água.
- Burro velho não toma freio.
- Mais vale estrada velha do que vereda nova.
- Tatu velho não caí em mundeu.
- Nunca deixe o amigo velho pelo novo.
- Ao velho que muda de clima e costumes, é morte certa.
- Azeite, vinho e amigo, o mais antigo,
- Quem gosta de velho é reumatismo, cadeira de balanço, fila do INPS e rede.
- Velho é como panela, rede e balaio: só se acaba pelos fundos.
- Quem gosta de velho é vento encanado.
Diz-se do velho muito velho que ele é "velho como a Sé do Braga", que "já pendurou as chuteiras", que "está mijando nos pés", que é "bananeira que já deu cacho", "que já está de cachimbo apagado", "que é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça", "que é mais velho do que a posição do cagar de cócoras".
Há os velhos que não gostam de ser chamados de velhos, e dizem: "velho é o tempo", "velho é a estrada". Dizem que são, somente, usados.
E os velhos assanhados, - os que ainda não descobriram que ficaram velhos - quando vêem uma mulher bonita ficam gagos, trêmulos da cabeça aos pés, "mais contentes do que mosquito em pereba."
Em matéria de amor, os velhos não foram esquecidos: "Velho apaixonado com pouco tempo está casado, "Velho com amor, jardim com flor", ou "Velho com amor, morte em redor".
A sabedoria popular chega a ser cruel quando se refere à vida sexual dos velhos: "Ao velho recém-casado, rezar-lhe por finado", "Velho casado com moça de poucos anos corno. temos", "Não se deve acreditar em três coisas: lágrimas de viúva, arrufos de noivos e arranco de velho", e "Velho tem medo de vento pelas costas e de mulher pela frente".
Os velhos revidam os gracejos afirmando que "Coco velho é que dá azeite" e "A cavalo velho, capim novo", "Em panela velha é que se faz comida gostosa". E o que acontece com os velhos na língua do povo? Vejamos:
"Os cabelos embranquecem
A vista escurece
Os ouvidos emouquecem
Os dentes apodrecem
A barriga cresce
0 reumatismo aparece
A bunda amolece
Os ovos descem
As mulheres oferecem
E eles agradecem
E vão prá fila do INPS."
A vista escurece
Os ouvidos emouquecem
Os dentes apodrecem
A barriga cresce
0 reumatismo aparece
A bunda amolece
Os ovos descem
As mulheres oferecem
E eles agradecem
E vão prá fila do INPS."